"Saudade é basicamente não saber. Não saber o que fazer com os nossos dias que ficaram mais compridos. Não saber como frear as lágrimas diante dum quadro, foto ou uma música. Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche."
(Frases soltas sobre o tema, de autoria do actor Miguel Falabela)
Saudade é nunca sabermos de quem amamos, e muitas vezes, até, não sabermos porque as temos. Mas saudade da mãe que se perdeu, do homem que se amou, do filho que partiu, é um sentimento sem tradução, é a mais dolorosa das nossas nostalgias.
Inexplicavelmente, hoje, só hoje, tenho saudades não daquilo que perdi, mas sim de mim, na época em que não sabia o que eram perdas.
H.S.C
11 comentários:
Raúl Bradão, numa das suas excelentes prosas, escreveu um dia que aquilo de que gostaria (ele já velho) era estar ali sentado com seu pai, ambos da mesma idade, a conversar. E poder dizer-lhe, uma vez mais, o quanto o amava. É um pedaço de texto muito comovente.
P.Rufino
Depois do amor, a saudade é 'o' tema.
...e não estará tudo ligado?
como eu a compreendo e entendo o seu texto levou-me ás lagrimas .
Bem-Haja
Carlota Joaquina
Quantas vezes só depois da perda é que nos damos conta do quanto amamos! Tarde demais! Por isso, não percamos tempo e façamos tudo para que as pessoas em causa saibam a tempo o quando gostamos delas.
Meu caro anónimo, esse não é o problema. Julgo que até hoje não deixei palavras por dizer nem gestos por fazer. A minha mãe e a minha avó ensinaram-me, cedo, esse preceito.
A saudade que tenho é de mim própria, nesse tempo, tão caloroso de afectos, e que fizeram muito do que sou hoje.
E nesta manhã- sabe-se lá bem porquê -, pela primeira vez, senti algumas saudades daquela Helena, que nunca havia experimentado a dor da perda.
Se morresse agora, não me parece que tivesse ficado nada suspenso na minha vida.
Mas sabe? Gostei de sentir saudades de mim...
Margarida é bem capaz de estar tudo ligado. Mae esta saudade de mim só hoje é que a senti.
Estranho. Continua na minha vida a hver sempre "primeiras vezes"!
O pior é que às vezes começamos a perder tão cedo, que já não nos lembramos como era antes...
Essa saudade 'de nós' é tremenda...
Bom senti-la sendo tão preenchida e feliz. E agora, de mansinho, entre um café e uma pausa, sorrateira, só a cocegar.
Em mim é um grito, um soco, um terramoto constante.
Daí tantas 'ondas'.
Tanto lado obscuro da lua fantasiado de solar.
E 'fantasiado' é uma boa palavra.
Inexplicavelmente uma das piores saudades.
...Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida...
Pablo Neruda
Querida Helena,
Como eu a compreendo. As suas palavras, as do Falabela também.
Como também sei o que é essa saudade e, viver com ela todos os dias. Viver com as perdas, aprender a lidar com as mesmas, com a maior de todas que algum dia tivemos e, outras que ainda poderemos ter e não queremos nunca.
Saudades daquele tempo em que ainda não sabiamos o que eram essas perdas em nós, também o sei e sinto-o. Olho em redor e há coisas que me levam até lá..., um objecto, uma boneca, um livro, um disco, uma peça de roupa, uma estante..., tanto de mim e daquele tempo com aquela pessoa, que saudades de mim naquele tempo com o meu pai...
E, as lágrimas já correm pelo rosto...
Obrigada amiga Helena
Abraço apertado
Enviar um comentário