terça-feira, 28 de abril de 2020

O que esquecemos facilmente

Depois desta pandemia algumas certezas que eu tinha tornaram-se mais fortes. Já não falo de ideologias ou crenças religiosas. Falo do ser humano em geral.
Hoje saí para ir ao cabeleireiro, porque a imagem que o espelho refletia, já nem o telemovel reconhecia. 
Dias houve em que o que mais me apetecia era sair do duche e vestir um pijama acabadinho de lavar,  e continuar assim o dia inteiro.
Porquê? Porque não ia sair de casa e portanto ficava mais cómoda. Porém, à terceira vez que cedi a esta moleza, aconteceu o meu filho vir almoçar e ficar perplexo a olhar para mim.
- Mãe, estás doente? 
- Não. Porquê?
- Porque estás de pijama à hora do almoço
- Mas se só vens tu qual é o mal?
- Essa agora, mãe... então eu não mereço almoçar com a minha mãe arranjada?
- Ó filho. tu és familia
- Não é isso que está em causa. O que está em causa é o respeito por si. E não é o confinamento que decerto a vai pôr a andar de pijama. Sempre me deu o exemplo do que gostava de si. O que é que se passa? Em 3 meses deixou de gostar? Que decisão mais estapafúrdia. Sabe que mais? não me desiluda nesta idade. E mais não digo!
Quando ele saíu, eu fiquei a pensar na nossa conversa. Tinha carradas de razão. Se não me prevenisse, era muito natural que os lindos pijamas que tenho, passassem a ser traje diurno... 
Fiquei muito envergonhada, mas cortei o mal pela raiz. Gostar de mim é uma obrigação . Por-me bonita é uma opção. É nestas duas escolhas que assentei uma boa parte da minha vida. Não vai haver Covidus que as altere, nem pijama que volte a sair do quarto!

HSC 

19 comentários:

Virginia disse...



Nunca fui capaz de ficar de pijama mais do que a meia hora necessária para arranjar o pequeno almoço dos miudos e preparar algo para a escola. Nem quando estava com gripe o fazia, pois sentia-me melhor vestida como gente. Tenho 3 robes , um trazido do Japão pelo meu filho e outro felpudo que adoro, mas é raro vesti-los, prefiro um casaco ou um xaile bonito para andar em casa. Nunca fui de peneiras, pintava-me q.b. e usava make-up para ficar mais bonita, mas detesto unhas pintadas ( para mim ), depilações de sobrancelhas ou pestanas postiças. Quando usava rimmel, esborratava-me toda! Agora só ponho creme. Nesta quarentena mudo de roupa todos os dias, mas uso sempre a mesma roupa que é lavada e volto a usar. Calças praticas, blusa que não preciso de ferro, camisola de bico. E chinelos, pois em casa nunca ando de sapatos. Para ir ao pátio, ponho umas croques da praia. Tenho a minha filha comigo e vejo os filhos e netos todos os dias, de modo que me sinto tb na obrigação de estar apresentável. Mas desta vez resolvi pintar o cabelo em casa. Já estava com brancas a ver-se nas raízes e era horrivel. Encomendei a tinta da L'Oreal, veio numa semana com todos os acessórios. Ficou baratíssimo, cinco vezes menos que no cabeleireiro. E está lindo já depois de lavado várias vezes. Jurei para nunca mais ir pintar no cabeleireiro. Vou cortar de dois em dois meses e o resto faço em casa. Brushing é comigo. :)
Desculpe esta arengada, mas o confinamento dá-me para tagarelar. E o tema era giro. :)

Anónimo disse...

Sempre gostei de andar em casa com aquilo a que chamam homewear, confortável e cuidada. Não ando com os pijamas, só para dormir, mas com a tal homewear, não gosto de andar em casa com a roupa de sair, muito menos com sapatos, ténis, ou sandálias, de andar na rua. É um hábito há anos, na família, descalçar os sapatos à entrada. Quando vinha a família, amigos ou convidados, vestia-me sempre para os receber, a não ser que aparecessem sem avisar (coisa que não gosto muito), mas sentia-me sempre «arranjada» na tal roupa de casa, o que não aconteceria se estivesse de pijama. Falo no passado, porque desde o confinamento, só vejo os meus da janela, ou em vídeos e fotos que me enviam dia sim, dia não, porque pertenço ao grupo de risco. Comecei a sair para caminhadas perto de casa, de máscara, passam por mim pessoas também com máscaras, às vezes conversamos mantendo a distância e rimos, porque se nos virmos sem a máscara não nos vamos reconhecer.
Comecei a ter cabelos brancos bastante cedo, fazia madeixas, cheguei a pintar, mas a certa altura resolvi deixar o cabelo natural. E foi o melhor que eu fiz porque agora está mais comprido, ponho rolos e fica giro. Sinto-me bem, até emagreci, porque é mais fácil fazer uma boa alimentação quando estamos só nós, mas ainda tenho muito receio de ir a lojas, etc.
Sei que vou sabendo como fazer, a pouco e pouco. Obrigada.


Pedro Coimbra disse...

Sabe melhor que ninguém que ele não é de meias tintas.
Diz o que lhe vai na alma, doa a quem doer.
Gostar de nós próprios, mimar-nos, é essencial.
Tenha um excelente fim-de-semana

Fatyly disse...

Era o que me faltava um filho dar-me esse raspanete porque ainda sou livre de andar como entender. Respeito a posição do seu filho mas sinceramente não é de todo a minha praia.
Anseio que o meu cabeleireiro abra porque já não me sinto bem com estas gadelhas.

Um abraço e fez muito bem em pôr-se bonita embora diga que por natureza sempre foi e é bonita, por dentro e por fora.

Abraços e um bom dia

Maria Santana disse...

Foi ao cabeleireiro? Mas não estão encerrados?

Anónimo disse...

agradeço o seu post,estimula-me porque sendo mais nova sinto-me desfeada e chata,como se fosse o destino e não problema meu.Mas não tenho coragem para ir ao cabeleireiro e nunca tiv muito jeito para arranjar em casa.Fez-se clic para começar a resolver isto.Os meus filhos vivem fora de Portugal, falamos por skipe e dizem-me sempre que estou bonita, mas não estou.

Anónimo disse...

Cara senhora,

Foi ao cabeleireiro? Agradeço que me indique nome e morada, porque estou a precisar imenso, e todos aqueles que conheço estão fechados e impedidos de exercer, mesmo com marcação prévia, " no estrito cumprimento das regras impostas a todos pela saúde pública."
Cumprimentos,
Margarida de Sousa

Anónimo disse...

🌷

Helena Sacadura Cabral disse...


Cara Margarida
Fui a casa da minha cabeleireira que fez o favor de me cortar o cabelo, uma vez que levava a cabeça já lavada. Vantagens de se ter amigos em certas profissões. E como ela mora na mesma rua ainda lhe pude levar as compras do supermercado. Amor com amor se paga, é um provérbio universal!

Helena Sacadura Cabral disse...


Cara Fatyly
Pois ao contrário do que pensa o Paulo fez muito bem em lembra que a quarentena não é desculpa para eu me cuidar menos física e espiritualmente. Fiquei-lhe muito grata. Foi o seu amor por mim que o levou a espevitar-me. Como eu faria se ele se lembrasse de fazer o mesmo.
A unica diferença é que os meus pijamas não são de dormir. São bem bonitos para andar em casa, quando se não espera ninguém para almoço!
Adorei que ele tivesse "reparado em mim" e me quisesse mais bonita.

Helena Sacadura Cabral disse...


Maria Santana

Leia a resposta que dei à Margarida.
Ah! Ah1 Parece que ficaram cheias de inveja de mim. Pois fazem bem porque estou linda!

:-)))

Anónimo disse...

Pois eu já cortei o meu próprio cabelo por duas vezes; uso-o muito curto e dou-lhe uma tesourada aqui, outra ali e disfarça bastante bem. Nesta segunda vez foi mais do que umas tesouradas, foi mesmo uma carecada; também não o pinto, tenho muitas brancas mas com quase 60 anos ia esperar o quê? Não me pinto, nem uso cremes (exceto nívea, ocasionalmente), nada, só água; no meu caso sempre achei uma perda de tempo e não acho que melhorasse nada. Adoro andar de pijama em casa e, dependendo dos dias, às vezes ando de pijama até bastante tarde, mas nunca o dia todo. Tenho roupa mais usada, larga e confortável para andar em casa e não largo as pantufas. Ah! e sou noctívaga, adoro ficar acordada até bem tarde a ver filmes ou a navegar na net; claro que de manhã durmo até bem tarde...
Helena, desculpe o relambório mas realmente este confinamento leva-nos a escrever mais...

Anónimo disse...

Eu fiz uma grande asneira (uma «coronada» como diz a minha avó, quer ela dizer, uma maluquice por causa do confinamento) cortei o meu próprio cabelo, tenho jeitinho para os outros, mas ficou horrível. Isto agora não tem outra hipótese senão crescer. Ainda por cima de máscara e barrete, fico mesmo embiocada, uma autêntica «cuca do cuquedo» (como diz a D Isabelinha, mais uma vez). A minha família está espalhada por vários países, na Europa, EUA, Brasil. Eu estou com a minha avó (mas temos todos os cuidados) porque eu e o meu namorado terminamos em Novembro.
Um A L O H A para si, talvez despolete paisagens havaianas paradisíacas.
(A D Isabelinha tem ciúmes seus).

Anónimo disse...

Estou a imaginar o filho, que prima por ser o mais impecavelmente vestido de qualquer canal de tv. habituado a vê-la sempre impecável, mesmo em dias difíceis, quando deu com a Mãe menos arranjada…
Saúde para os dois

Anónimo disse...

Pois. . Mas isso também não era suposto fazer! A cabeleireira fechou o estabelecimento mas continuou a trabalhar em casa. Foi com estas atitudes que a Itália chegou aquilo que temos visto. Já pensou o que aconteceria se todas as pessoas fizessem o mesmo que fez a Helena.

Helena Sacadura Cabral disse...


Ó Anónimo das 22.08
Ela não continuou a trabalhar como cabeleireira em casa. Eu é que gosto muito de conciliações. Dizem que sou boa nisso.
O meu cabelo precisava de ser cortado porque isso eu não conseguia fazer, O que esteve na base do fecho dos cabeleireiros foi o amontoado de gente à espera de vez e a respiração durante as lavagens .
Então como sou amiga da minha cabeleireira, telefonei-lhe e disse-lhe: eu lavo e seco o meu cabelo e tu na tua casa de banho dás-lhe uma aparada. Foi o que aconteceu. Não fui ao cabeleireiro, nao lavei a cabeça no cabeleireiro. Fíz uma visita de 15minutos a uma amiga que me fez um favor, Outra vez serei eu a ajuda-la. Até podia ter sido a minha empregada a cortar-mo, mas teve medo...
Onde é que eu furei a lei? Só lá estávamos as duas. Logo, o problema é social, porque sou amiga de uma cabeleireira.
O comenentador / a esqueceu-se que eu não fui ao cabeleireiro. Fui a casa de uma amiga cabeleireira. Onde está o crime?
Apenas conciliei vantagens... E segunda feira, sim, hei-de ir arranjar bem o cabelinho com hora marcada!

João disse...

Cara Helena que saibamos estavam recomendadas o corte com todas as relações, se nos tivesse sido aconselhado o contacto social nem que fosse por 15 minutos não estaria a ser tão difícil. Veja bem, o contágio faz se em menos de 15 minutos e sim furou aquilo que nos foi pedido. Eu não estou com os meus pais desde o Natal, preparava me para ir visita los na Páscoa se soubesse que por 15 min não fazia mal e não é considerado furar a quarentena, então, também o teria feito. Na Itália aconteceu isto, os cabeleireiros, esteticistas, manicures fecharam os estabelecimentos e continuaram atender nas próprias casas e o resultado está á vista. Acha mesmo que a sua cabeleireira só esteve consigo. Na próxima segunda-feira vai toda a gente a correr para o cabeleireiro como se fosses algo imprescindível esquecendo-se que o vírus continua entre nós. Mas o que interessa? Nada! Os profissionais de saúde estão lá para trabalhar horas infindáveis sem pagamento para nós tratarem.
Fazem bem. Parabéns!

Pedro disse...

'Fui a casa de uma amiga cabeleireira"?!!! Mas estes contactos não estavam desaconcelhados? Eu não percebo. Não fui a casa de ninguém neste período! Depois ainda o assumem com orgulho!!

Helena Sacadura Cabral disse...

Caros comentadores

O meu apreço enorme pelo vosso escrupuloso cumprimento das ordens dadas. Mantive 3 longos meses esse cumprimento por ter no meio tido uma pneumonia.
Mas quando vejo a AR a desrespeitar o que para nós determinou e as camionetas do 1º de Maio disfarçadas junto da Alameda onde grupos de pessoas falavam sem guardar distâncias, acho que o exemplo que foi dado, me permitiria ouros tipos de direitos. E nem sequer o escondi como muitos terão feito. Tenho nem casa uma empregada que não expulsei para no layoff, para me aliviar as contas...
O exemplo vem sempre de cima e eu sou uma mera cidadã que tem direitos, que devem ser respeitados por todos. Ainda bem que os meus comentadores são gente de bem que dá o seu próprio exemplo, para criticar o meu e vão continuar paladinos do cumprimento da lei!