domingo, 8 de março de 2020

No dia da Mulher

"Existem situações na vida que não se esperam. E e o pior, diante delas, é sentirmo-nos impotentes . 
Moro em Como, na zona onde o Coronavírus chegou sem ninguém esperar... Corrijo, sem ninguém acreditar, pois esperar, com tantos chineses que passam pelo norte da Itália, esperávamos sim! 
Escolas fechadas, academias fechadas, bares fechados depois das 18:00, e tantos, saindo de casa somente para o estritamente necessário. 
É uma situação estranha que nos leva a reavaliar algumas coisas. Nessa hora, ter um carro lindo, uma bolsa cara, roupas maravilhosas, serve para quê? Não teríamos nem como usar nem a quem mostrar. A ÚNICA coisa que passa a importar e que se pede a DEUS é a SAÚDE. Para si mesmo e para os nossos entes queridos. 
Na verdade, como gastamos tempo a correr atrás de nada ou a pedir a DEUS coisas que , tantas vezes, não nos servem para nada. Como somo fúteis na maior parte do tempo! Como não valorizamos o que é mesmo verdadeiramente valioso!
Estamos em casa. Inventamos jogos, os almoços e jantares tornam-se mais longos e cheios de conversa familiar, rimos e choramos juntos dos problemas e cuidamos uns dos outros. Ninguém tem para onde ir, ou coisas para fazer. A falta de tempo ACABOU!
Fechados em casa e " presos" por causa do tal Sr. Coronavirus, por mau caminho parece que, apesar de tudo, está a fazer-nos um grande favor. Livra-nos da arrogância, porque vemos que não somos nada e nem temos controle de nada. Livra-nos da cobiça, pois entendemos que não serve para coisa nenhuma. Mostra a nossa vulnerabilidade e então, a alguns mostra o caminho de volta à espiritualidade.
E por fim, faz-nos perceber a nossa "prisão" individual do dia a dia, pela tal falta de tempo e por temos que conter nossos sentimentos. E nos liberta. Nos deixa livres para termos medo, para nos sentirmos impotentes, para não corrermos atrás de nada... 
Afinal, o único trabalho que temos ou a única lição doméstica é a de tentar não adoecermos... 
E, por último, e talvez o mais importante, faz-nos REENCONTRAR os que amamos, a nossa familia, aqueles com quem vivemos na mesma casa, mas com quem, muitas vezes, nem sequer ouvimos ou falamos direito. 
E por fim, faz alguns de nós voltar a DEUS. Afinal, diante dessa nossa vulnerabilidade, é ELE e somente ELE que pode nos proteger... No balanço geral, o Sr. Coronavírus pode até nos matar, mas no fim de tudo, da forma mais dolorosa, acaba por nos ensinar a VIVER ! "

Um amigo, que me estima, mandou-me este texto no Dia da Mulher. Eu percebi a intenção. Perante a desgraça  todos somos o mesmo, ou seja, seres humanos sem qualquer distinção. 

HSC

8 comentários:

João Menéres disse...

Magnífica chamada de atenção para a realidade : não passamos de formigas sujeitas ao esmagamento de um simples dedo.
Mas dispomos da net mas formigas ( que eu saiba, NÃO ).

Melhores cumprimentos

Anónimo disse...

Excelente texto e oportuníssima a altura de o dar a conhecer.
Ele é o cenário do que verdadeiramente é importante na vida de todos nós. E é um belo texto para ser publicado no Dia da Mulher. Parabéns
Helena, por ter uma cabeça que funciona tão bem. Isso, o seu filho Paulo, herdou de si. Têm sempre, mesmo no humor, algo de didático para nos oferecer!

Alexandre

Dalma disse...

HSC, excelente e didático o texto que o seu amigo lhe enviou! Esse Deus em que muitos acreditam, parece que está a “escrever certo por linhas tortas” como se costuma dizer dele!☹️

Ana maria disse...

Obg mais uma vez pela sua sempre atenta atenção. Fique bem e bem longe do sr. Corona

Anónimo disse...

É um texto que faz pensar. Tem-se uma vida linda, invejável e de repente tudo rui por causa de um vírus...

Pedro Coimbra disse...

Estive esta semana em Portugal.
Com passagens pela Alemanha e por Inglaterra.
E fiquei com a sensação que se está a encarar a epidemia do Covid-19 com alguma leveza de espírito.
Espero estar enganado.
Macau já não tem casos há mais de um mês, os que havia (10) já estão todos curados.
Mas as medidas de prevenção ainda estão em vigor.
Porque temos que proteger a nossa saúde e a dos outros.
Boa semana

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro Pedro Coimbra tocou no nó górdio da questão. Aqui as pessoas ainda se não deram conta das consequências, sanitárias e económicas que esta epidemia vai causar...

Anónimo disse...

Gostei imenso de ler este belo texto. Muito comovente e inspirador. Obrigada por isso. É nas alturas de perigo e de maior vulnerabilidade que questionamos as nossas prioridades e relativizamos o que é, afinal, essencial à Vida.
É bom soltarmo-nos das amarras que nos subjugam ao tempo e das correrias que nos cegam para o que é importante: O retorno às coisas simples, aos gestos perdidos, tão libertadores!
Como aprecia tanto Tolentino de Mendonça, certamente já terá lido o seu texto desta semana no Expresso, que vai no mesmo sentido. Conta-nos como em Codogno, em Itália, esta pequena comunidade em isolamento foi contagiada por um outro "vírus". O do altruísmo, o da partilha, enfim... o dar de novo as mãos aos outros A pouco e pouco as pessoas saem já sem máscaras, passeiam pelas alamedas, pelas ciclovias, cumprimentam e conversam com desconhecidos, prestam atenção e repartem os bens mais necessários do supermercado uns pelos outros.
Cuide de si, Helena.
Gl