segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Natais...

O Natal da minha infância pouco ou nada tem que ver com o de hoje. A alegria com que faziamos os presentes para a família é o oposto do consumismo frenético, quase indecoroso, com que  os "despachamos" agora, dando à época uma versão, que de bíblica, tem muito pouco.
O carinho com que as nossas mãos preparavam as prendas tinha um valor precioso, porque com cada uma delas ia uma boa parte daqueles que as tinham feito. 
Lembro-me bem da alegria que tive quando entreguei à minha avó Joana uma pregadeira para alfinetes e agulhas, em forma de coração, que conseguira fazer às escondidas da familia. Ou do presente da minha mãe ser um cachecol tricotado por ela e que, ainda hoje, conservo e uso.
Não sei a razão pela qual se deu esta profunda transformação, mas acredito que ela tenha a ver com a forma como hoje encaramos a vida. O "tempo" dedicado aos outros é cada vez mais reduzido. As novas tecnologias substituíram o beijo, o abraço, a ternura do olhar por "emogis" e uma grafia abreviada. É a vida, dirão. É uma certa forma de vida, direi eu.
De facto, não se trata de saudade de um passado que não volta mais. Trata-se, sim, de não perder valores para ganhar competências. Porque estas só têm sentido, quando enquadradas no enriquecimento social e humano de cada um de nós. E esse não se compra, por atacado, no Natal.

HSC

13 comentários:

Conceição Pereira disse...

Boa noite Dra Helena. Como soube traduzir por palavras o que nos vai na alma e que sentimos. Sou filha de pessoas muito humildes, mas sempre havia uma "prendinha" pequenina insignificante, mas que tinha tanto valor...para quem recebia e para quem dava. Por tudo isto é que hoje digo muitas vezes que não "gosto" do Natal. Já agora desejo à senhora um Santo e Feliz Natal.

Anónimo disse...

Há histórias de vida assim ...

"Um conto de Natal ?

-Durmo num comboio, tapo.me com o vento - lavo.me com a chuva e vejo as estrelas da noite."



Mas, com gratidão pela reflexão

Feliz Natal

Anónimo disse...

Partilho inteiramente e desejo-lhe, para si e para os seus, ums Festas com Saúde e Paz, apesar as saudades dos ausentes
São Jordão

Maria Isabel disse...

Feliz Natal, doutora Helena
Abraços bem sentidos da
Maria Isabel

Virginia disse...


Nunca vivi um Natal sem fabricar as prendas que oferecia aos filhos, aos irmãos, aos amigos e até aos Pais. Como adorava fazer tricot - e ainda gosto - fiz camisolas para a família toda. Ainda há dois anos tricotei casaquinhos para uma sobrinha minha, cujo bébé faleceu há dois meses de leucemia em Lisboa. Recordo o prazer com que os fiz. As vésperas de Natal eram sempre um corropio a acabar prendas manufacturadas. Hoje ofereço quadros que vou pintando durante o ano, caixinhas de madeira, fotografias com molduras pintadas por mim, cachecois, gorros, pulovers. Os meus netos andavam sempre os três com pulovers iguais no Natal e tenho fotos deles a dançar na sala. Esses itens passaram para os primos mais novos que ainda hoje os usam.
Parece que me estou a gabar demais...mas era só para explicar à Helena que nem todos se perdem no consumismo cego. Mesmo assim, hoje fiz a ceia toda e fui mandando fotos aos netos para virem cá provar as coisas. Os whatsupps são maravilhosos. O meu Natal é sempre especial, pois todos os meus familiares tocam instrumentose e a Música é central, masi do que a gastronomia, embora essa seja também tradicional. Espero nunca perder este gosto pela dádiva. Desejo-lhe um Natal em paz e com saúde.

Isabel disse...

A vida vai mudando...

Continuação de Boas Festas:))

Cristina Moura disse...

Que bem que me soube ler tão belo texto, querida Helena!
Graças a Deus, também eu vivi o Natal,em casa dos meus pais, no mesmo espírito,que tão bem descreve.
A surpresa dos presentes, escolhidos com todo o cuidado, que ficavam "escondidos" em sítios impensável durante semanas, o carinho que punhamos na decoração da casa, na ceia de Natal até aos cânticos que ecoavam alegremente...
Tento perpetuar esses valores, embora com alguma dificuldade.

Um beijinho com os meus votos de um Santo Natal, para a Senhora e sua família

Anónimo disse...

Subscrevo inteiramente as suas palavras, Drª Helena. Outros Natais e outras formas de vida que se têm vindo a perder...
E que saudades do encanto dos postais de Natal que se recebiam e enviavam, tão feéricos, tão mágicos!
Um Santo Natal e um Ano Novo cheio de Alegria, Paz, Amor e Saúde.

Gl

Anónimo disse...

Comprendo muito bem este seu (desabafo) Post. E concordo inteiramente com ele. Como as coisa foram mudando! Enfim, "tempos modernos"...
Um Ano com saúde!
P.Rufino

Pedro Coimbra disse...

A tradição do convívio familiar ainda é mantida aqui em Macau.
Na Noite de Natal e no Dia de Natal.
Reunião familiar (e a minha família é quase toda de origem oriental), convívio, refeições, troca de prendas e de vivências.
Faz bem à alma.
Votos de Festas Felizes

Ana disse...

Cara Dra. Helena
Como me revejo neste seu maravilhoso texto...
Pena que muitos não apreciem nem valorizem o que é feito com tanto amor e carinho pelas nossas mãos. Há muitos anos que deixei de comprar prendas nesta época, por diversos motivos. E porque sou também totalmente contra este consumismo louco. Tenho a certeza que acabo por dedicar muito mais tempo e amor a cada miminho que faço e embrulho para oferecer, do que aqueles que se "enfiam" em Centros Comerciais e "despachar" prendas.
Um abraço e que o novo ano lhe conserve esse maravilhoso sorriso a que nos habituou.

Anónimo disse...

Senhora,o seu presente de Natal

https://youtu.be/cpI4-jvCjik

Ambrósio

Anónimo disse...

🌹