segunda-feira, 3 de junho de 2019

Morreu Agustina

Há três mulheres que tenho, há anos, na minha cabeceira. São Agustina Bessa Luis, Clarisse Lispector e Marguerite Yourcenar. Amo todas elas de forma diferente e, muito possivelmente, não seria quem sou se as não tivesse encontrado.
Felizmente conheci, entrevistei e convivi com a primeira. Faltam-me palavras e sobejam-me lágrimas ao pensar que Agustina desapareceu. E eu não sou de chorar, mas sim de ficar com um nó atravessado na garganta quando perco alguém de quem gosto muito.
Estas mulheres marcaram tanto a minha vida, que as sinto como se fizessem parte de mim. Foi com elas que venci medos, atravessei crises, enfrentei barreiras e aprendi que a sociedade se constrói, quando temos a coragem de dizer o que pensamos, pese embora as criticas que possamos suscitar.
Houve uma altura em que o politicamente correcto considerava Agustina uma mulher de direita e, com isso, não lhe dava a importância devida. Muitos desses nomes, deram-lhe hoje as leias que á época lhe negaram. Esquecendo que ninguém se poderia apoderar de um espírito livre como o dela, que olhava a sociedade sem qualquer submissão a ideologias, fossem elas de que teor fossem.
Estou muitíssimo triste com o seu desaparecimento, apesar de já esperado. Mas enquanto a sabia viva, sentia que se mantinha a brisa suave das suas palavras. Estas vão continuar a alimentar-me, mas eu sei que a sua voz não se fará mais ouvir...

HSC

5 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Partiu a criadora fica para sempre a obra.

Anónimo disse...

Muito bem . Ontem chorei por Agustina, e também não sou de chorar. Amei aquela escrita desde o primeiro livro que li dela, a Sibila, na minha juventude, é muito jovem ainda.
T B M

Silenciosamente ouvindo... disse...

Eu só conheci a escritora de que tenho
alguns livros. E ouvi algumas entrevistas
com ela.

Sabia-se do seu estado de saúde e agora
finalmente descansou. Que esteja em paz.


Os meus sentidos pêsames à sua Família.

Os meus cumprimentos.

Irene Alves

Anónimo disse...

Querida Helena Sacadura Cabral


Às vezes há vozes escutáveis

Que permanecem nesta vida como diamantes afáveis.


Um beijinho

Helena Sacadura Cabral disse...

Há de facto, vozes e silêncios escutáveis. Agustina ouve-se em ambos!