Já aqui contei como o apelido Sacadura Cabral infernizou uma parte da minha juventude, até ter percebido que a "culpa" do incómodo era só minha. Com efeito, quando me perguntavam se era neta do aviador, lá tinha eu que contar uma parte da história familiar para dizer que era sua sobrinha directa já que ele era o irmão mais velho do meu pai.
Veio-me esta história à lembrança a propósito da morte de João Bigote Chorão, um homem encantador e pai de Pedro Mexia.
Porquê? Porque só muito tarde soube desta relação familiar que me surpreendeu porque o apelido não era o mesmo. O que só prova que a ignorante era eu, que também já tinha ficado admirada pelo parentesco de Daniel Oliveira e de Herberto Helder.
E, como as palavras são como as cerejas, recordei uma história antiga em que alguém perguntava a Nuno Portas que ligação tinha ele com Paulo Portas e a mim me apresentavam sempre, como sendo isto e aquilo e, claro, a mãe dos Portas...
É a vida, diria um amigo meu. Mas é um vida estranha, enclausurada num ambiente familiar por via masculina, que até determinada altura me irritava bastante, porque pensava na minha mãe e nas minhas avós, criaturas fora de série, mas irradiadas por possuirem o apelido apenas por via do casamento e de que ninguém falava a não ser eu.
É a vida, de facto, porque parece que a notoriedade se transmite por via sanguínea, o que eu gostaria que não acontecesse. Mas é um facto que quando alguém nasce num determinado meio familiar e cultural, acaba por receber um património do qual nem sempre se dá conta e que, não pagando direitos, existe mesmo.
Hoje, já com muita vida vivida, entre ser a sobrinha do aviador e a mãe dos políticos, existo eu, a filha da mãe Ivone e a neta das avós Joana e Augusta!
HSC
E, como as palavras são como as cerejas, recordei uma história antiga em que alguém perguntava a Nuno Portas que ligação tinha ele com Paulo Portas e a mim me apresentavam sempre, como sendo isto e aquilo e, claro, a mãe dos Portas...
É a vida, diria um amigo meu. Mas é um vida estranha, enclausurada num ambiente familiar por via masculina, que até determinada altura me irritava bastante, porque pensava na minha mãe e nas minhas avós, criaturas fora de série, mas irradiadas por possuirem o apelido apenas por via do casamento e de que ninguém falava a não ser eu.
É a vida, de facto, porque parece que a notoriedade se transmite por via sanguínea, o que eu gostaria que não acontecesse. Mas é um facto que quando alguém nasce num determinado meio familiar e cultural, acaba por receber um património do qual nem sempre se dá conta e que, não pagando direitos, existe mesmo.
Hoje, já com muita vida vivida, entre ser a sobrinha do aviador e a mãe dos políticos, existo eu, a filha da mãe Ivone e a neta das avós Joana e Augusta!
HSC
8 comentários:
Uma Senhora extraordinária, acrescentaria eu.
Não é para lhe dar graxa, é a pura verdade.
Boa semana
HSC, tudo bem sem dúvida, (e quem sou eu para contrariar o que dizr? ) é uma mulher de cheia de mérito, mas não pode negar que ambos os apelidos também lhe deram alguma notoriedade! Talvez intrinsecamente fosse a mesma se se chamasse Helena Silva, Helena Pires, Oliveira... mas certamente as portas que se lhe abririam ou até entreabririam não tivessem sido as mesmas!
Que Deus a abençoe. Sempre. Eternamente.
:)
Um abraço apertadíssimo e do tamanho do mundo.
CA
Cara Dalma
Acredito que sim. Mas então o nome terá de funcionar para os dois lados. Se tens um nome e se te abro a porta mais facilmente, então tens que trabalhar muito para provar que me não enganei...
Hoje tenho grande orgulho no nome que uso, sobretudo porque o soube honrar e porque percebi que, em Portugal, os heróis valem pouco e cada um de nós é que vai ter de fazer o seu nome. Eu tentei.
Independentemente dos apelidos que carrega, o mérito, esse, é todo seu,
Helena! Gosto muitíssimo de ler o que escreve...da sua linha de pensamento. Gosto da sua essência.
Um beijinho e um feliz mês de Março.
Quando me casei, deixei de ser "filha# do meu Pai, irmã dos meus irmãos, sobrinha dum padre conhecido. Adoptei o nome do meu marido que era do Porto e um perfeito desconhecido em Lisboa. Quando comecei a escrever manuais escolares para a Porto Editora, usei o meu nome e o apelido do meu marido, ignorei por completo o nome de família que era muito conhecido por sermos uma família enorme e com algum relevo. O meu Pai ficou triste, mas eu disse-lhe que queria que me apreciassem pela minha competência e personalidade , não por ser filha de que era. Há uns anos o meu irmão mais novo começou a escrever livros para a PE e eu fui ao lançamento dos livros. Qual não foi o espanto da gerente da PE quando soube que eu, que trabalhava há 30 anos para eles, nunca lhe dissera donde vinha. Separei.me do meu marido, divorciei-me, mas continuei a usar o seu apelido. Eu era Barros. E serei sempre. Os meus filhos têm muito orgulho nesse nome.
Boa tarde
Tenho grande vontade de ver esse filme.
Cumprimentos
Sandra Rosário
🌷
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