domingo, 4 de setembro de 2016

Nada acontece por acaso...


Por uma qualquer razão menos clara, este verão insuportável de calor tem-me trazido memórias inesperadas de pessoas que passaram na minha vida mas, infelizmente, já não estão entre nós.
No meu escritório vivo rodeada delas para todos os dias lhes poder dizer um olá, mas não se impõem ao meu quotidiano. Ao contrário, nestes ultimos três meses, algumas têm feito parte dele, quase saltando para o que eu chamo de vida real. Não descortino razão suficiente para tal acontecer, mas o que é certo é que sinto saudades delas. Foram tão importantes na minha vida no passado, que se têm vindo a apossar do meu presente mais recente.
Lembranças do meu filho Miguel tenho-as, todos os dias, desde que ele exalou o último suspiro. Digamos que continua vivo, não na minha memória, mas sim na meu dia a dia. Com ele tenho longas conversas sobre o que se vai passando na nossa família.
Agora o António Bandeira de Guimarães ou o Afonso Howell, pese embora tenham feito parte importante da minha existência, tenho a consciência de que já não são recordações tão comuns. 
Além deles, vivo rodeada de fotos dos netos e dos filhos nas suas diversas etapas, dos meus avós maternos e de mais uns tantos amigos. Embora possa parecer estranho, não me via a trabalhar sem a presença de todos eles, que, sinto, me protegem do mundo exterior. 
A que é que se deverá a eleição daqueles dois amigos para virem ter comigo diariamente, não sei. Sei, sim, que o facto deles aparecerem na minha mente, me serena. E que, sejam quais forem as razões para tal suceder, elas vieram numa altura muito propícia da minha vida. Nada acontece por acaso, de facto!

HSC

3 comentários:

Portuguesinha disse...

Não há coincidências - disseram-me.
Deixando-me em espanto e em pânico.

Acho que essa fase é mais um privilégio da maior experiência de vida. na fase em que me encontro, as lembranças ainda doem, os porquês ainda assolam e ainda não desaparecem as más para ficarem somente as boas.

O cérebro é fantástico. Ele sabe porquê. Ainda que ainda não o queira revelar para a consciência.

Virginia disse...


As fotos de que nos rodeamos têm a sua razão de ser. Dum lado da sala tenho uma prateleira dos que já não estão por cá, desde os meus familiares da India até aos mais chegados. Do outro lado fotos vivas dos meus netos e filhos em diferentes etpas das suas vidas. Na mesa de cabeceira, a minha Mãe para quem sorrio todas as noites. Não acreditam que eles me vejam, mas penso neles constantemente.

carla disse...

Helena
Também sou daquelas em que acredita que nada acontece por acaso.
A nossa mente, quando treinada tem a capacidade de selecionar o que nos deixa feliz. As lembrarmo-nos das coisas boas dos que já partiram , conseguir falar deles sem chorar. Viver no "agora", saber o que é benefico para conseguirmos seguir a nossa estrada.
Existem muitas catarses que ao longo da vida vamos adquerindo, talvez seja uma defesa , o certo que que nos move. Hoje tenho uma visão completamente diferente da vida, não a tinha se não tivesse passado por uma perda significativa. Tudo é um ensinamento.

A estrada é melhor que a estalagem.
Cervantes

Carla