quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A dura realidade

Se outras razões não houvesse, a Comissão de Inquérito ao BES, já teria valido a pena só pelo que nos mostrou das fragilidades do sistema financeiro nacional. E ainda não ouvimos tudo. Na verdade, quando se assiste aquilo a que temos assistido, podemos perguntar-nos que outras fragilidades não existirão e que nós desconhecemos.
Alguém me dizia, há tempos, que a prova de força de uma família se faz por ocasião das partilhas. Quando se acompanha o desenvolvimento de toda esta saga familiar de interesses patrimoniais, perguntamo-nos o que é que fica dos afectos, do respeito, do orgulho por um nome comum. Por muitos anos, aqueles que o usarem irão ser lembrados pelas piores razões.
Não tenho grande património e vivo, ainda, do meu trabalho. Mas já fiz testamento, para que o que cá possa ficar, seja distribuído como eu quero e não como a lei me imporia, no caso de eu não manifestar a minha vontade própria.
Assistir ao desenrolar  destes acontecimentos, se nunca me fez duvidar dos meus, tem-me feito pensar que ter muito dinheiro é meio caminho andado para o inferno. Ou, dito de outra maneira, é meio caminho andado para perceber a dura realidade!


 HSC

13 comentários:

João Menéres disse...

Imagino que os andores ainda estão na nave central !...


Melhores cumprimentos.

Anónimo disse...

Já Salazar dizia que por ocasião das partilhas de uma herança é que se via a união da uma família.

Sérgio disse...

Uma vez no Porto assisti a um momento do tipo faroeste de uma familia, já com cadeiras levantadas para começarem à porrada. Ânimos muito exaltados e muita gritaria à mistura. Estando eu a beber o meu café lá ouvi umas frases soltas. Tinha a ver com o ouro... Vinham de um funeral e estavam a discutir a divisão do ouro... Mais não sei porque entretanto retirei-me. Dir-se-á que são cenas do povo bruto e ignorante, mas não concordo inteiramente. É mais a natureza humana, e no final acredito que muitas dessas familias chiques e de bem, em situações semelhantes tem reacções igualmente semelhantes... O ouro... O ouro...

Fatyly disse...

Ó Dª. Helena há tanta coisa que desconhecemos e fico imensamente incomodada com o que tenho assistido em termos dos inquéritos parlamentares. Algo de novo? Pouco ou quase nada, mas pior do que isso é que a culpa é sempre dos outros. Enfim!

Durante os meus quase 40 anos de trabalho assisti a "cenas rocambolescas" em termos de partilhas e sempre pensei que pobre de quem juntou, amealhou, comprou e depois os herdeiros andam todos à bulha, raro era aquele que se contentava com o que lhe cabia, numa ganancia e falta de respeito para quem lhes deixou dinheiro e ou património.

Por isso e mais outras coisas digo a imensas pessoas mais velhas: gozem o que têm, deixem escrito o que pretendem e quem cá ficar que se amanhe, tal como a Srª o fez, porque essa é mesmo a "dura realidade" que refere.

Um abraço


Anónimo disse...

Pois, e o novelo que ainda está para desenrolar...
Um país entregue a um grupo de bandidos é o que é.
E, sinceramente, de todo o 'desfile', Ricardo Salgado afigura-se, para mim, como uma pessoa que deixa muito a desejar.
Siga a Marinha, cá estaremos para ver o que vem a seguir. tendo em conta o que fizeram a Sócrates, Só estranho que esta comandita do GES/ BES não esteja toda presa. Pedro Mo

Anónimo disse...


Bom dia Helena!
Existem, partilhas que destruiram familias, conheço um tio que matou o sobrinho, por causa de umas terras.
Infelizmente, o dinheiro, o poder de o ter destroi o melhor, os laços de familia ,os afectos que os unem.
Hoje, os afectos ficaram para 2º plano, prevalece a ganância de ter cada vez mais, custe o que custar!!

Quando tiver tempo, passe por este restaurante vai gostar, comida deliciosa, ambiente calmo, decoração bonita. É aqui que vou domingo almoçar, com amigos e os nossos infantes ( como diz a Helena)


http://www.tripadvisor.com.br/ShowUserReviews-g227946-d2275317-r117883953-Portofino_Restaurante_e_Bar-Sesimbra_Setubal_District_Alentejo.html

Bom fim de semana
Carla

Virginia disse...


Agora imagine o que é oito filhos a reclamar herança da Mãe, que nada deixou escrito....

:)

Anónimo disse...

"Não tenho grande património e vivo, ainda, do meu trabalho. Mas já fiz testamento, para que o que cá possa ficar, seja distribuído como eu quero e não como a lei me imporia, no caso de eu não manifestar a minha vontade própria."

Como quer, não é bem assim, porque só pode fazer isso com a cota disponível. Não é assim ou estarei enganada?
Carla S.

Helena Sacadura Cabral disse...

Carla S
No que respeita a bens imóveis, sim. No resto cada um faz o que entender ao seu dinheiro. Havia de ter graça eu não poder dispor dele!

Anónimo disse...

Obrigado, Helena.
Um bom fim de semana.
Carla S.

Anónimo disse...

Em Portugal esta cultura das famílias poderosas está muito enraízada (mesmo, talvez sobretudo, culturalmente), 'as sete famílias' têm ditado e continuam a ditar quase tudo, nesta sua quinta, neste jardim 'à beira mar plantado'.

Quais as origens das sete famílias?
A pilhagem, a prepotência, o favorecimento, o tráfego de influências.

Há pouco tempo ouvi uma comentadora (não vou dizer quem) referir um antigo provérbio português:
'Foge cão que fazem barão. Pra onde, que me fazem conde!'.

Vejamos quem são os actores da telenovelas, muitos deles são filhos de famílias (alguns penso que nem fizeram nunca nenhum curso de teatro).

Nicolau Breyner (lamento, mas não gosto. Nunca entendi, faz papéis de galã e tem uma figura...brrr...); Pedro Granger (o verdadeiro canastrão!); Paula Lobo Antunes; Rita Salema e Ana Brito e Cunha (fazem sempre os mesmos papéis, tipo tiás);
Sofia Monteiro Grillo (simpatizo com ela); Bárbara Norton de Matos; Madalena Brandão (prima de Rodrigo Menezes, cuja morte lamento), e por aí fora.
Há muitos actores desempregados, não esqueçamos!

Então, temos nas novelas 'os benzocos' e na casa dos segredos os desfavorecidos que são autenticamente torturados e humilhados, para umas horas de 'fama'.

Oh yeahh!

Anónimo disse...

O ditado é 'Foge ladrão, que te fazem barão. Para onde, que me fazem conde'

Anónimo disse...

Se Nicolau Breyner se chamasse Simplício Bolota, com aquela figura (fêo que doi!) só interpretaria polícias, padres e taberneiros (e todos da mesma maneira).
Em qualquer outra parte do mundo, que não em Portugal, faria o bandido da novela mexicana.