Sempre tive muitas dúvidas sobre se me interessaria ser perfeita. Claro que a pergunta é de fácil resposta, quando o objectivo é inalcançável. Mas não é esse o meu caso.
Sempre tive melhores relações com o pecado do que com a virtude, se é que a questão se pode reduzir a estas duas palavras, cujo sentido religioso não é o que aqui me interessa.
Existe um lado estimulante no pecado que, confesso, muitas vezes, me atrai. E um lado melancólico na virtude que, muitas vezes, me enfada. No entanto, tenho passado a vida a tentar sair de um para atingir o outro.
Como conciliar? Há já algum tempo que que aprendi que o pecado pode ser, pela prática repetida, muito pouco aliciante e que a virtude, porque raramente praticada, pode conter em si ingredientes muito provocadores.
No meu caso tenho vindo a conseguir resolver esta ambiguidade com algum sucesso. Com efeito, este baseia-se na distinção que importa fazer entre os bons pecados e as más virtudes. A partir daí trata-se apenas de escolher os que comportam "melhor" custo/benefício. Prática a que todos os economistas - eu incluída - estão muito habituados!
HSC
10 comentários:
Todos temos "esqueletos no armário", Helena, e ser mau faz parte do ser humano.
Ninguém é sempre virtuoso ou santo e mesmo os "santos" a sério têm os seus defeitos e nem sempre agem bem.
Não nos cabe a nós considerarmo-nos virtuosos ou pecadores...os que nos rodeiam sabem-no.
São como o sal, a pimenta e as ervas frescas: dão mais sabor. Contrariando a velha máxima em que tudo o que é bom, engorda, é ilegal ou faz mal.
(E eu a pensar que o meu blogue estava a ficar demasiado condimentado :-))
Boa tarde Helena!
Nesta vida cheia de incógnitas, já não sabemos que caminho seguir, será que temos que estar sempre basiados no custo/benefício?
Também sigo essa regra, não fosse a minha vida os números, tudo é calculado ao mm.
Penso, que a vida devia ser menos progmática, ir ao sabor do vento...
Padecer, pelos pecados dos homens podia ser bom para o tal pregador dos humildes.
Eu, porém rejubilo com o grande pecado como minha maior consolação.
NIETZSCHE
Bom fim de semana
Carla
Este post deu-me que pensar e cheguei a uma única solução: ainda bem que não sou perfeita, sinal de que estou viva...porque depois de morrer quase todos viram santos.
Um bom fim de semana
Fatyly
Nem mais. É exactamente isso. Eu costumo dizer algo parecido: " se fosse perfeita, perdia a graça". Isto, claro, admitindo que a tenho!
E é exatamente esse não sei quê de apimentada, que lhe confere graça :-) ... ainda uma lufada de ar fresco.
Luis
Falta saber o que é pecado e virtude.
Desconfio das pessoas muito perfeitas. Lembro-me da anedota da D.Aninhas.
"D.Aninhas era uma pessoa muito virtuosa,nunca tinha feito mal a ninguém nem tinha dito uma palavra menos apropriada.Um dia morreu.A sua alma começou a subir ao céu,a subir,a subir e diz o São Pedro:D.Aninhas diga merda,já está a entrar em órbita.
Não quero que me aconteça o mesmo.
O pecado e a virtude andam lado a lado, nas duas faixas... só não devem calcar o risco contínuo
Bom fim de semana e boa disposição
Gosto disso de "os bons pecados e as más virtudes". Nada como ir equilibrando uns e outros.
Muito interessante (como sempre...) ;)
Beijinho
Isabel
A ideia de perfeição acho que nunca me passou pela cabeça. Nem vejo que pudesse. É verdade que tento não fazer mal aos outros e que, de forma premeditada, creio não ter acontecido. Não penso muito em pecado e virtude, a minha consciência reprova como a de toda a gente, mas parece ter criado as suas próprias fronteiras que nem sempre coincidem com as da religião ou do uso e costume. Deve vir a dar no mesmo que pecados bons e virtudes más:), princípio assaz pertinente.
Conheço bons pecados e más virtudes. De facto, os primeiros são interessantes e as segundas podem mesmo ser dispensáveis...
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