domingo, 21 de julho de 2013

No alvo

Os encontros do desacordo não terão sido inúteis. O diálogo esquecido foi retomado e os dois grandes partidos ficaram com a difícil tarefa de mostrar que as conversas havidas talvez possam te-los tornado mais realistas.
Na busca de um compromisso, nenhum partido provou ter Portugal como a sua primeira preocupação. Provaram, sim, que os interesses pessoais superaram os interesses partidários. Esta geração de políticos precisa de “virar muitos frangos” para estar à altura da situação de emergência que o país atravessa.
Esta será, creio, em muitas décadas, a primeira geração, que deixará os seus filhos em pior situação do que aquela que recebeu dos seus pais. Lamentável.
Neste jogo o PS quis que o PSD tomasse como seu o programa de governo e o PSD quis o mesmo do PS. O CDS foi apanhado nas curvas porque o PS se apoderou de alguns dos seus cavalos de batalha, retirando-lhe, assim, valor negocial.
Estranhamente, ninguém foi capaz de perceber o espaço de diálogo que a ocasião podia ter proporcionado, mesmo sem acordo assinado.
Passos estava convencido das suas razões próprias. Seguro estava espartilhado e submetido às razões dos históricos socialistas, que não se coibiram de lhe apertar os cordões e de o deixar sem oxigénio. A inflexibilidade de um lado e o medo do outro, deram o resultado que está à vista.
Teria sido muito melhor para o país se Seguro acreditasse mais nas suas ideias próprias e se Passos acreditasse mais nas ideias dos outros. Já não será mau se, ao menos, tiverem aprendido alguma coisa sobre as vantagens do diálogo.
Todavia convém lembrar que, se Seguro não vier a ter maioria absoluta em próximas eleições – antecipadas ou não –, irá pagar muito caro o “não” que agora deu.
A solução está, assim, de novo, nas mãos do Presidente que, me parece, não terá sido muito bem aconselhado e, por isso, não possui, agora, grande espaço de manobra.
Qualquer que seja o coelho que Cavaco Silva tirar da cartola, o governo que dela sair ficará submetido a duas tutelas. A da Troika e a do próprio Presidente…

HSC

15 comentários:

rmg disse...


Cara Drª Helena

Outro "coelho" , agora da cartola ?

Não me diga ...

RuiMG

Anónimo disse...

Será que a fisga fez ricochete?

Como diria o meu avô "Parecem a canalha a brincar!"

Isabel BP

P.S. "Canalha" nas Beiras é no sentido de crianças, miúdos...

Fatyly disse...

Provaram, sim, que os interesses pessoais superaram os interesses partidários. Esta geração de políticos precisa de “virar muitos frangos” para estar à altura da situação de emergência que o país atravessa.
...................
A minha modesta opinião está tudo dito nestas suas palavras e o Sr. da foto (com gafes atrás de gafes) acho que não conseguiu acertar no alvo, porque já não está em condições para andar a brincar. Mais, S.Exª. foi apanhar ar fresco às Ilhas Selvagens numa altura de diálogo imposto por ele???? e que custou a todos nós + 160.000€?
Enfim!

Teresa Peralta disse...


Nota máxima para a lucidez deste post. Subscrevo em absoluto todas as suas considerações.
Se não descerem do “pedestal” não vão conseguir retirar ensinamentos de toda esta situação... Agora, só falta saber os resultados finais e as condições :)


Anónimo disse...

Boa tarde,

não sei que "coelho" o PR há-de tirar da cartola, mas estou certa de que ele já contava com este desfecho.

Quando o partido socialista está no poder nunca, mas nunca, nada se produz e nada se cria. Apenas se consome.

É um partido feudal, não pela sua antiguidade, mas pela forma com se estrutura e pela forma como governa.

Cumprimentos,
Cláudia








zia disse...

Os partidos desentendem-se como o próprio nome de "partido" indica...
O Presidente diz e repisa no que diz, mas pouco diz... "fica tudo como antes" e agora Paulo Portas assume a sua posição de querer demitir-se?
Há algo que vai muito mal, mas o povo é que vai pagar toda este desnorte!
O Eça de Queirós fica cada vez mais actual.
E o melhor era ficar-se com governo de gestão até....
Muitos beijinhos,
lb/zia

Anónimo disse...

Seria no mínimo estranho que Seguro aceitasse este acordo pois ninguém lhe perdoaria que se unisse a dois partidos que desde há dois anos a esta parte iriam resolver todos os problemas do País. Está-se a ver no que deu.Vendem tudo o que podem e os portugueses estão cada vez mais pobre!

João Menéres disse...

Quem não é firme como lider de um partido, não pode esperar grande futuro para si.

Cumprimento-a, HSC, pela sua lucidez.

Fatyly disse...

E falou, falou, mas falou? O certo é que todos sairam chamuscados desta churrascada...e o povo? Ai aguenta, aguenta!

Maria disse...

Pois é, minha querida, o que o Ps quer é poder, como todos os outros; ou seja, em 1º lugar não está o País, mas sim os egos de políticos medíocres, que não sabem o que é a vida real, diária...
Tirem-lhe já todas as mordomias, tirem já todas as mordomias dos "senhores" deputados, que são uns príncipes, neste país, completamente depauperado... Eles deviam ser os primeiros a dar o exemplo, para assim terem legitimidade para fazer os comentários completamente irreais que fazem. É simplesmente vergonhoso! Não há muitas mais palavras que possam adjetivar esta vergonhosa negociação.
E os "ditos" históricos (qual históricos?) já caquéticos, deviam remeter-se à "calmia" dos seus diversos lares, distribuídos socialistacamente por várias áreas residenciais deste país, para o qual também contribuiram para estar como está...
Simplesmente vergonhoso!
Como eu gosto do Eça de Queiroz! Nunca deixou de estar atual, e agora, cada vez mais.
Recomendo aos senhores políticos que leiam BEM o Eça!
Um abraço e muita tristeza e desilusão, de alguém que com 17 anos vivenciou o 25 de Abril com muita esperança e alegria! Em vão!
Maria (seg. int.)

Anónimo disse...


A impressão que me fica é de que “alguém” não esteve, desde o início, de boa fé. Atirou-se com a hipótese de o governo estar a prazo e de eventuais eleições para 2014 com o fito de querer amarrar o PS a este governo, para lhe servir de muleta. Depois, se o PS caísse nessa ratoeira, manteria o governo PSD/CDS até ao final da legislatura - e o PS já não poderia recuar. Terá sido essa a ideia (quem sabe se articulada com Passos). Maquiavélico. Acontece que o PS não mordeu o isco. E, deste modo, ontem, o discurso foi o que, nas circunstâncias (após o desenlace) tinha de ser feito. Com o apoio de alguma imprensa (até de algumas almas ingénuas na Blogosfera), o PS, que não foi o responsável por esta crise, passou a ser o mau da história, como se as demissões de Gaspar e de Portas (embora neste caso tenha sido uma coisa teatral), etc, não tivessem existido. O governo tem agora um bode expiatório no PS de Seguro. E, ao ir apresentar uma moção de confiança, vai tentar apagar o desastroso passado recente. O que interessa, doravante, é culpabilizar o PS por não ter querido pactuar com o tal projecto de salvação nacional. Uma coisa “cheia de boas intenções”. O PS seria uma espécie de pulmão artificial para salvar o governo que se desmorona, aos poucos. Enfim, para cena de teatro, tudo isto foi muito mau. E de uma enorme falta de respeito para com os portugueses em geral. E para com a Democracia. O que vale é que, quer 2015 e 2016, havendo paciência, estão a aproximar-se. Para nos livrarmo-nos deles todos, de uma vez por todas.
P.Rufino

Anónimo disse...

Boa tarde,
Sr. P. Rufino,

com todo o respeito, mas discordo totalmente de si.

Compreendo que o Sr. defenda o ponto de vista de um socialista convicto, todavia, a verdade dos factos está muito para além de uma questão de fidelidade partidária.

Ninguém quis "amarrar" ninguém. Houve sim uma tentativa de unir os responsáveis políticos deste país a um bem maior: Portugal e os portugueses.

A crise económica e financeira que vivemos precede o actual governo. Este aperta do lado que a Oposição deixa. Esta finge assim uns inflamados espasmos de indignação que até parece que estão do nosso lado e a coisa vai indo assim com bastante animação na Assembleia da República. Para apertar o tal lado despesista, era necessário que a Oposição e deputados (em geral) na AR também o quisessem, mas isso seria mexer com os futuros tachos dos mesmos, por isso, aí ninguém mexe. Até porque reduzir o lado despesista da máquina do estado começaria logo por eles abdicarem, nem que fosse pontualmente, de muitos dos seus privilégios. Lembra-se do outro que se inflamou todo com a questão do carro? “Só faltava que fosse trabalhar de clio!”

Bem ou mal, a realidade é uma: este país não tem fundo de maneio para viver. Precisamos de ajuda externa e é bom, para o futuro das novas gerações, que sejamos capazes de honrar os n/ compromissos. Eu sou uma pessoa de palavra, se assumo um compromisso, esforço-me por o cumprir, é o mínimo que espero do meu país também!

A mim não me interessa quezílias políticas. Até podem se morder todos nos bastidores, o que importa é que cá para fora mostrem união e determinação. Só assim podemos enfrentar os n/ credores externos. A minha vida e a dos meus é muito mais importante que chiliques de gente de bem com a vida e com alma de artista! Se estão lá para governar, Governo e Oposição, então que governem! E que façam o favor de se entender e de lutar pelo que interessa: os portugueses.

Não há crise política. Era bom que todos parassem de alimentar esta ideia como se a quisessem servir de bandeja a quem quer desistir. Não há tempo e espaço para crises políticas e é bom que todos entendam isso. Não somos uns “coitadinhos”! O infortúnio que diariamente vivemos exige esforços e empenhos reais e decisivos. E só com trabalho é que lá se vai, não com lamechices, promessas e discursos inflamados.

Eu preciso de si e o n/ país precisa de nós, por isso, não perca tempo a medir forças, tentando demonstrar que o seu partido é um “pulmão de ar” ou não é culpado do que vivemos. O seu partido é culpado sim senhora, tanto como todos os que se sentam na AR. Em vez de lhes passar a “mão pelo pelinho”, exija-lhes responsabilidade política e acções concretas para resolver a crise.

Cumprimentos,
Cláudia




Anónimo disse...

Maria (publicamente anónima)
Boa tarde Drª Helena! Agradeço os bons comentários que aqui coloca.
Concordo com alguns comentários e com este post. Sinto vergonha do que se passou em Portugal nos últimos dias, foi mesmo mau, simplesmente, vergonhoso. Todos quiseram ficar bem na fotografia, na minha modesta opinião, não conseguiram. Não acredito nestes políticos, deve ser a pior geração de políticos desde que temos democracia, mas percebo que são um mal menor, sem partidos não existe democracia. Cada partido só olha para o seu umbigo. E o País onde fica? Agora até às próximas eleições não vão fazer nada senão campanha e gastar recursos. O primeiro-ministro já começou hoje com uma deslocação a Vila de Reis e outras localidade, com discurso em directo nas televisões. Só não sei que “chapéu” PM tinha ali. Se era o do governo ou o do partido para dar uma ajuda às eleições autárquicas. Se era o do partido…quem pagou a viagem e a segurança? Será que pagamos todos os trabalhadores e reformados que já têm tantos cortes nos salários e pensões?
Agora pergunto eu que não percebo nada nem de economia, nem de politica e muito menos de politiquice! Então o país só está pobre para cortar nos salários, reformas e pensões? E os gastos excessivos dos governantes e dos deputados? Eles não são portugueses? Não têm que contribuir com sacrifícios para recompor as finanças públicas? Porque continuam os gastos excessivos e as mordomias? Isto é um País a duas velocidades.
Todos os dias o DR está cheio de nomeações para os gabinetes ministeriais e outras instituições públicas pagas com o dinheiro dos contribuintes. Assim, percebe-se que a despesa pública e a divida continuem a aumentar e que as finanças públicas estejam longe de estar consolidadas. Já para não falar de BPN e outros disparates que nunca mais acabam. É preciso acabar com o desperdício, e a corrupção.
Agora vamos ter um Governo remodelado? Como vai ser? Mais Ministros, mais Ministérios e todo o staff que vem a traz? Ainda agora está a ser acabada a fusão das secretarias-gerais dos ministérios que foram fundidos no início da legislatura e já falam em separá-los outra vez? Francamente, entendam-se. Há dezenas de anos que andamos a falar em reformas do Estado e das Administrações Públicas e nenhuma chega ao fim, nem passam do papel. É só fazer Leis Orgânicas, feitas e refeitas e na realidade não vemos nada melhorar. Nem passam do papel nem reduzem a despesa do Estado, bem pelo contrário. Sim, porque a reforma do Estado que o pais precisa não é aquilo que andam a anunciada agora! Cortar, cortar sem analisar como e onde. Não está claro a quem interessa este caminho escuro e sinuoso por aonde andamos há anos e que continua a ficar muito caro ao país e a todos nós.
Drª Helena! Desculpe o meu comentário algo crítico e em jeito de desabafo, mas estou muito triste com tudo isto e com o país que estamos a deixar aos nossos filhos e netos. Com esta qualidade de politicas publicas não consigo ver luz ao fundo do túnel. Talvez seja miopia da minha parte.
Beijinho
Maria M

Anónimo disse...

Para o nosso presidente vai de fisga. Será que apanhou muitos pardais? Ou será que fugiram todos? Pelo que transparece dos discursos quem está apanhado é ele.
Tenha uma boa noite

Anónimo disse...

Estimada Cláudia,
Li com interesse o que escreveu, permita-me, todavia, um pequeno esclarecimento: é que, nem de perto, nem de longe, tenho o que que quer que seja a ver com o Partido do Largo do Rato. Nem de nenhum outro. Partidos e crenças partidárias é coisa de que fujo como Diabo da Cruz, acredite-me!
Mas, continuo a achar que tudo aquilo foi tramóia para fazer o Rato roer a rolha. Quanto ao resto, ou seja, o futuro, aí está: uma paz podre, aconchegada na tal moçãozinha de confiança e depois se verá.
Tranquilizem-se os mercados e esbulhem-se os contribuintes cá do burgo para lhes pagar, a juros de usura.
E continue-se a injectar e resgatar, alegremente, bancos falidos ou quase (como o BPN, BANIF, BPP, BCP, etc e tal, a juros, para eles, de amigos.
Tem muita razão em muito do que aqui disse!
Um cordial abraço,
P.Rufino