
Confesso que não aprecio ter um dia dedicado ao meu género. Mas não deixo de compreender o que devo a todas aquelas que nele estão simbolizadas.
Enquanto necessitarmos dele - e ainda necessitamos -, pois que não esqueçamos a história que lhe está ligada, nem o nome daquelas a quem o devemos.
Fui uma privilegiada por ter podido ter uma bolsa e tirado um curso superior. Fui privilegiada por ter tido a capacidade de me ter tornado a sua melhor aluna. Fui privilegiada por ter tido quem me oferecesse trabalho antes de o ter terminado. Fui e sou uma privilegiada por continuar a ter trabalho, ter saúde e ser independente.
Mas paguei todos estes privilégios duramente, trabalhando em dois empregos das 7h da manhã à meia noite, ajudando o Pai dos meus filhos a fazer um doutoramento que eu tive de postergar para mais tarde e dando aos meus filhos tudo o que de melhor lhes podia oferecer no domínio da educação e da cultura. Ambos corresponderam e até nisso fui privilegiada.
Por tudo isto o dia de amanhã dedico-o a todas aquelas que não puderam, não souberam ou não tiveram as minhas chances. O dia é delas e para elas!
HSC
8 comentários:
Cara Dra Helena:
Felicito-a por ser assim, Mulher, inteira, livre, sempre!
Partilho uma pequena reflexão que hoje escrevi no blog "Traçados sobre nós:
Mulher
Cheia hoje a feminina lua
Em dia da mulher…
Mulher é sempre,
Como a lua
Mesmo se cheia não estiver!
J. Rodrigues Dias, 2012-03-08
Cara Helena:
Também sou contra, por inclinação, aos "dias de isto ou de aquilo", soa-me a falso, mas as suas palavras (sentimentos) são muito bonitas e sentidas.
Obrigado.
Raúl.
Obg Dª Helena,
Um abração forte Sempre verdadeira e lutadora
Haver um dia no ano a que se chama DIA DA MULHER pode não ser muito bom augúrio...mas enquanto estes olhos esconderem o sorriso, por força da lei de homens primitivos, enquanto forem violadas e agredidas no silêncio da sua dor,enquanto trabalharem mais do que o corpo permite, enquanto preteridas, enquanto mutiladas nos seus órgãos mais íntimos, ainda vale a pena que a 8 de Março,em memória da coragem e inspirada nela, debaixo deste Sol, recebam uma flor ou pelo menos um pensamento justo.
As que merecem.
Parabéns a todas as "Helenas" que derrubaram muros e LUTARAM ontem, para hoje se considerarem
"privilegiadas".
Tudo tem um preço, Senhora Economista!!!
Abraço.
No séc. XXI caminhando a nosso lado seguem mulheres escravas das suas escolhas, que sacrificam a sua Liberdade a sua dignidade por uma falsa segurança tantas vezes disfarçada de um estado civil que nada de bom lhes acrescenta nem à qualidade de vida nem à sua valorização pessoal.Calam os seus gritos à força de anti depressivos e arrastam-se tristemente nos consultorios psiquiátricos, normalmente até vestem bem, arranjam o cabelo e pintam os lábios, às vezes têem carro e parecem adinheiradas, noutros casos entregam os seus ganhos (tantas vezes acima dos deles) e vivem à sua mercê contando céntimos, escondendo a dor com "ele ama-me muito, está obcecado por mim, adora-me". Ia dizer que odeio estas mulheres que se vitimizam, que se arrastam pela vida sem tomarem as decisões que importam nas suas vidas que se entregam que se deixam vencer a troco de uma vida "sólida", mas não odeio, revolta-me porque muitas delas têm tanto potencial tanto que dar a si e aos outros e foram preguiçosas o suficiente para se deixarem submeter. A Liberdade e a escravidão teem um preço cada um deve escolher qual quer pagar, só não gosto de as ouvir queixar com o resultado das suas opções.Viver custa mas vale a pena!
Obrigada pelo bocadinho que me toca da sua saudação.
Subscrevo na integra o post da Carolina, como dizia a Simone de Beauvoir,-" metade vitimas, metade cumplices".
Bj para todas
De facto aproveitemos para saudar as grandes Mulheres...
Principalmente as que fizeram do anonimato um exercicio para a causa indivisivel de nutrir e cultivar afetos os motores da vida.
Abraço
Enviar um comentário