quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Ricardo Araujo Pereira


Confesso que não me foi fácil a aproximação a Ricardo Araújo Pereira. Mas o Governo Sombra permitiu-me ter, hoje, do humorista uma opinião completamente diferente da que tinha. Mea culpa, pois. 
Mas não posso deixar de referir que é surpreendente que acerca da polémica levantada sobre "os livros pró menino e prá menina", seja justamente ele a repor a verdade dos factos. E que, depois disso, a dita se tenha esvaziado com a mesma rapidez com que começou.,,
Não sendo jornalista ele fez o que um qualquer bom jornalista deveria ter feito, há um ano, quando os livros foram editados.
Este episódio lamentável, sobre o qual já aqui escrevi, explica bem por que razão os dados acerca da saúde da imprensa continuam a cair estrondosamente, como revela a Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação.
Ricardo Araújo Pereira usa o humor para defender as suas causas. E nada é mais eficaz do que o humor, quando se sabe utiliza-lo. Nem sempre concordo com ele, o que é bom. Mas neste caso ele foi além da sua causa, porque prestou um serviço público. Chapeau!

HSC

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Porque não há-de ser assim?


Às vezes gosto de me expressar através das palavras dos outros. Acontece quando, pela sua simplicidade, vão directas ao meu coração e não à minha razão, embora esta as não descure.
As questões levantadas pelo quadro que reproduzo acima, sintetizam tanto e tão bem o que penso sobre aquilo que vivemos, que decidi partilha-las convosco. 
É uma pagela que tenho à minha frente, na mesa onde trabalho. De vez em quando sabe-me bem olhar para ela!

HSC

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

domingo, 27 de agosto de 2017

Um só, com capa encarnada!

Assisti ao desenrolar da história dos livros de exercícios para raparigas e rapazes, da Porto Editora, com capas respectivamente rosa e azul e grau de dificuldade diferente. Deu-me alguma vontade de rir a controvérsia, porque quando vou comprar coisas para crianças acabadas de nascer, o primeiro passo é sempre escolher entre aquelas duas cores.
Depois, atendendo ao politicamente correcto - a que mesmo eu cedo algumas vezes com grande irritação - passei-me para os amarelos e verdes pálidos. Até que, um dia, tomei bem consciência do que estava por detrás daquelas opções, mandei-as dar uma volta e hoje escolho o que gosto, tendo apenas em atenção  quem são os pais das crianças. 
Este longo intróito serve para explicar que só a educação e o tempo, ajudam a acabar com os estereótipos. Não ordens ou proibições, que têm o efeito contrário.
No caso concreto dos livros, não se tratava de manuais escolares obrigatórios ou até aconselhados. Portanto, ninguém era obrigado a compra-los. E todos aqueles que, como eu, não desejam qualquer tipo de descriminação  - nem sequer as chamadas positivas, como as quotas para mulheres - não os comprariam. Mas não seria tanto pelas cores, mas sim pelo conteúdo que, esse sim, estabelecia diferenças entre os dois géneros.
Todavia, julgo eu, não compete a um ministro vir recomendar a retirada dos livros do mercado. Não é da sua competência determinar o que é ou não editado. Da sua competência será o que respeita a manuais escolares obrigatórios ou aconselhados. E chega.
Aceitar intromissão além desta é tolerar que podemos voltar ao tempo em que certos livros eram proibidos e em que a educação tinha apenas um único modelo. 
O combate às mentalidades é demorado. Mas um ministro não pode decretar o que eu, como mãe ou avó, quero que os meus filhos ou netos aprendam. Até porque isso seria o primeiro passo para que eles lessem o que eu não queria. Aconteceu comigo, quando no liceu, um dos cantos dos Lusíadas era proibido...
Se estivesse na pele da editora - que precisa de vender livros - juntava os dois numa só obra, seguindo o critério da dificuldade progressiva e punha-lhe uma capa encarnada, que é a minha cor preferida, apesar de ser simpatizante do Sporting. Ou verde, vá lá!

HSC

sábado, 26 de agosto de 2017

Os nossos não devem precisar...

Segundo o Le Point parece que o Presidente Emmanuel Macron terá gasto 26 mil euros em maquilhagem nos primeiros três meses de presidência. Não parece que a maquilhagem tenha ajudado muito, já que a popularidade não aumentou.
O Palácio do Eliseu explicou que o elevado valor se justificou por “uma contratação de urgência” de Natacha, que foi a responsável de maquilhagem durante a campanha presidencial. Acredita-se que no futuro já não sejam necessárias tantas maquilhagens e que a factura descerá. Tenho dúvidas que a Primeira Dama acredite nisso…
Dada a importância desta materiia, também ficámos a saber o que os outros dispendiam. Assim, o garboso Presidente Hollande pagava seis mil euros à sua maquilhadora, e gastava 30 mil euros em maquilhagem de quatro em quatro meses.
Por seu lado, Nicolas Sarkozy pagava 8 mil euros à profissional responsável pela sua imagem, escreveu a edição francesa da Vanity Fair.
Mas a maior despesa que o Eliseu já teve em estética é atribuída a Hollande, que pagava cerca de 114 mil euros por ano ao seu cabeleireiro e barbeiro pessoal (cerca de 9500 euros por mês).
O barbeiro em questão, Olivier Benhamou, foi contratado para a duração do mandato de Hollande em 2012. E ao que tudo indica, terá também recebido ajudas de custo para habitação.
A meu ver não se percebe muito bem esta despesa, ja que Hollande era irreversivelmente calvo. Ou era para as suas amigas ou então só podia ser para estragar o que já não era bom. Às vezes acontece.
A revelação dos gastos de Hollande chocou os franceses, que, parece, tinham acreditado numa campanha alicerçada em promessas de que ele seria “um presidente normal”, que iria marcar pela quebra da “extravagância” do antecessor Sarkozy e da sua mulher, Carla Bruni.
O barbeiro em questão, Olivier Benhamou, foi contratado para a duração do mandato de Hollande em 2012. E ao que tudo indica terá também recebido ajudas de custo para habitação.
Esta divertida “estória” levou-me a perguntar quanto gastarão em estética os nossos PR e PM ?! Hum! não devem precisar, julgo eu!

HSC 

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

A dança do ar condicionado...

Apesar de ter passe, a zona em que vivo parece que ignora a existência de meios de transporte públicos, já que apenas é servida por um elétrico e um autocarro. E mesmos estes depositam os passageiros em zonas de transfer para outros meios idênticos com percurso alargado. Ou seja, se eu quiser deslocar-me para o centro da cidade, tenho de tomar dois eléctricos ou três autocarros dependendo se vou para o Chiado ou para o Marquês.
Para dificultar mais a penosa subida de uma rua íngreme, os andaimes das obras feitas num prédio obrigaram a deslocar a paragem ainda mais para cima. O prédio já está pintado e arranjado há dois anos, mas a paragem ficou no mesmo sítio. Devem ter-se esquecido dela...
Assim, por vezes tomo taxis, sobretudo quando me desloco a locais onde estacionar é difícil ou o parqueamento é caríssimo. É o que se passa quando vou ao Centro Clínico SAMS. Para lá peço um táxi, mas aviso logo que quero com ar condicionado e o assunto fica resolvido.
À saída há uma praça de taxis completamente exposta ao sol e onde os taxistas "impõem" ordem de largada. Um destes dias, disse ao motorista que  só saia no primeiro se tivesse ar condicionado. Não tinha. E os outros também não, disseram-me. Afastei-me uns metros, pedi um taxi com o dito ar condicionado e vim para casa.
Pergunto: se pago o mesmo num carro fresco ou num carro que é um autêntico forno, porque é que hei-de passar mal neste último? Será que não é essa uma das razões porque há quem prefira as Uber ou as Cabyfi? Será muito difícil fazer compreender que quando se toma um táxi o mínimo que se espera, no Verão, é que ele esteja fresco e no Inverno que esteja aquecido? 
Ah! e no caso vertente, convém não esquecer que se está na saída de um meio hospitalar do qual, por norma, as pessoas não saem nas melhores condições para se meterem num braseiro... 
Alguém diz isto ao senhor que representa os taxistas? É que a culpa não será destes últimos, mas sim dos proprietários das viaturas.

HSC

domingo, 20 de agosto de 2017

Uma tardia homenagem


Há dias li uma inteligente entrevista dessa grande actriz que se chama Carmen Dolores. Conhecia-a como espectadora e também como mulher do Eng. Vitor Carneiro Veres, que foi meu Director Geral na então Aeronáutica Civil, nalgumas poucas viagens em que o pôde acompanhar.
Várias vezes me perguntei, ao longo dos anos, qual teria sido o seu caminho após a reforma, dado que era uma das pessoas mais cultas que conheci. Na verdade, possuía aquela cultura que não se alarda, mas que se reconhece de imediato nos comentários feitos a propósito do mundo que nos cerca.
Percebi, infelizmente, que já não pertencia ao número dos vivos e fiquei imensamente triste de não ter sabido da sua morte a tempo de estar presente nas cerimónias para lhe agradecer o que com ele aprendi. E não só foi muito, como bastante importante.
Na sua companhia conheci meio mundo. E em cada parte desse meio mundo a que a vida profissional nos levou, havia sempre alguma coisa que ele me ensinava, fosse da arte, da literatura ou da gastronomia. Era um cavalheiro no sentido mais profundo que esta palavra pode conter e alguém que gostava de partilhar o que sabia.
Durante muitos anos e já a viajar pelo Banco de Portugal, quando me deslocava a cidades como Paris, Mont-Real ou New York o que eu via era, ainda, aquilo que o Engenheiro Veres me ensinara a "ver" e não a "olhar".
Há pessoas que passam na nossa vida e nunca saberão o bem que nos fizeram. Gostava muito de lho ter dito pessoalmente. O acaso não quis. Só espero que alguém que me leia e conheça a viúva ou o filho, lhes possa transmitir todo o apreço que por ele nutri e o muito que lhe devo, pela confiança que em mim depositou!

HSC

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

A cigarra e a formiga

Portugal gosta de se mostrar moderno, de ser conhecido, de conviver com os grandes, de se sentir um deles mesmo que os "eles" não tenham sobre nós o mesmo olhar. 
Mas Portugal arde todos os dias um pouco mais, desaparece todos os dias um pouco mais e a consternação daqueles que tudo perderam dói todos os dias um pouco mais.
Como se isto não bastasse, na Madeira - essa pérola do Atlantico -, num momento de festa religiosa tradicional, uma árvore cai e mata ou deixa às portas da morte, mais de uma dezena de pessoas. Num segundo, tudo muda e o que era alegria fica toldado de dor.
E tudo isto acontece porque o país não se dá ao trabalho da formiga, de preparar o futuro. A Madeira é um constante factor de inquietação, esburacada que foi para se mostrar ao mundo com as vestes da modernidade. Pobres madeirenses que conseguem sobreviver a todas estas adversidades. Pobres portugueses cuja credulidade e confiança merecia um presente bem melhor.
Há dinheiro para tudo o que encha o olho, sejam estradas ou estádios cuja utilidade nem sempre se percebe. Mas não há dinheiro para manter um património florestal e cuidar no inverno de preparar o Verão que há-de surgir. Pobre país onde há dinheiro para ser cigarra e não há dinheiro para ser formiga...

HSC

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Cronologia de uma desresponsabilização política


“A 19 de Junho, dois dias após o incêndio de Pedrógão Grande, a equipa do ministério da Administração Interna informou que a rede SIRESP estava “a funcionar com toda a normalidade” e que “em nenhum momento esteve inoperacional”. A 6 de Julho, quase três semanas depois e com muitas averiguações feitas aos serviços da Administração Interna, o governo assegurou que as falhas no SIRESP eram de “menor relevância”. Entretanto, a 17 de Julho, António Costa abria a porta ao reconhecimento de que o SIRESP havia deixado de funcionar num momento crítico, afirmando que “temos de ter uma rede que funcione em todas as circunstâncias – é inadmissível que não funcione, em particular as redes de comunicações de emergência”. E a 28 de Julho, a ministra da Administração Interna assume a existência de um “problema efectivo” no SIRESP, mas deixa o aviso aos seus críticos: “é uma falta de sentido de Estado estar sempre a lançar lama sobre o SIRESP e a desestabilizar”.

“…Tudo isto colocou o governo numa posição desconfortável. É que esta quarta versão dos factos, negada de início e depois forçada pela investigação dos jornais, é incómoda (expõe a incompetência governativa na articulação com o SIRESP) e particularmente problemática para o primeiro-ministro. António Costa assumiu a pasta da Administração Interna no governo de José Sócrates e, nessas funções, liderou a renegociação e a assinatura do contrato do SIRESP – ou seja, isso torna-o co-responsável político do problema que o SIRESP se tornou e pelo conteúdo no contrato desta PPP.
Não surpreende, portanto, que três dias depois, a 12 de Agosto, surja a quinta versão dos factos, desta vez pela boca do primeiro-ministro, para que fique definitiva: o SIRESP “colapsou” mesmo e a responsabilidade afinal é da PT. Vendo para além dos relatórios e dispensando as conclusões da comissão de peritos que o parlamento convocou, António Costa já apresentou a sua (nova) versão dos factos. Uma versão particularmente conveniente, diga-se. Por um lado, iliba o governo e anula as suas co-responsabilidades. Por outro lado, faz de bode expiatório uma empresa (Altice, detentora da PT) à qual declarou guerra e contra a qual tem direccionado as suas críticas – e, já agora, ameaça-a com a mudança do SIRESP para outra operadora. Situação win-win.
Faltam quatro dias para se completarem dois meses desde o incêndio de Pedrógão Grande. Sobre o que correu mal, há versões em abundância, mas certezas ainda só uma prevalece: o governo tudo fará para se descartar de responsabilidades, tanto operacionais como políticas. Sim, Marcelo vincou que há que “apurar tudo, mas mesmo tudo” sobre o que aconteceu em Pedrógão Grande. Mas os actos contam mais: se, no final, aceitar este atira-culpas político, fará também ele parte do logro.

                       Alexandre Homem Cristo in Observador

Que cada um tire as suas próprias conclusões perante a cronologia aqui apresentada. Já nem falo dos 13 milhões de euros cuja rota se continua, de forma lamentável, a desconhecer.


HSC

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Porque escrevo?

Num artigo publicado no El Mundo, o cronista Fernando Sanchez Drago insurgia-se com a resposta dada por outro seu colega, que, quando lhe perguntaram porque escrevia, respondera "por dinheiro".
O texto tinha graça porque, antes da fazer a crítica, ele havia feito a si próprio a mesma pergunta, para a qual admitindo várias razões possíveis, chegara à única inteiramente certa de que o fazia porque queria fazê-lo.
Depois de ler a crónica pus a questão a mim mesma. Escrevo para entender o mundo? Não, porque para isso não necessitaria de escrever. Será para me conhecer melhor? Também não. Conheço-me razoavelmente. Escrevo porque não sei fazer outra coisa? Também não, porque manifestamente sei fazer muitas outras coisas. Escrevo para denunciar o que está mal, o que considero injusto? Muito pouco, porque sou bastante avessa ao que se chama de escrita comprometida.
Convém, contudo, lembrar aqui um pormenor. É que eu não me considero escritora, nunca tive essa pretensão e sempre me vi como uma cronista que escreve sobre o mundo que a cerca, mas que não pretende impor a sua visão a ninguém. O que se entende, já que se me não levo, eu própria, muito a sério, tentar fazer da escrita uma missão seria, no mínimo, ridículo.
Mas também não escrevo por dinheiro, como podem provar os blogs que mantive e mantenho, onde até hoje, não usei publicidade, pesem embora os vários aliciamentos nesse sentido. Porém, não tenho posições definitivas sobre a matéria - cada vez as tenho menos - e por isso não avanço nada sobre o futuro.
Aliás, até julgo haver uma certa forma de elitismo da minha parte nesta posição, que aceito, mas não me agrada. E, se um dia considerar que é essa a razão maior, dou-lhe um rápido pontapé. 
Então, porque escrevo eu? De facto, faço-o porque me dá gosto fazê-lo e isso é, para mim, razão mais que suficiente para continuar este caminho!

HSC

sábado, 12 de agosto de 2017

Uma outra odisseia

Depois de todas as aventuras pelas quais passei ultimamente, entendi que teria direito a ir jantar á Bica do Sapato e dar um abraço ao meu amigo Fernando.
“Direito”, sim, eu teria, se não existissem na CML umas cabecinhas pensadoras sobre o trânsito lisboeta. É que, antes, havia dois parques de estacionamento e só num deles havia cancela. Agora surgiu uma ideia genial, para cobrar mais uns cobres aos ricaços que têm carro para ir comer fora, numa sexta feira à noite, e, surprise, a cancela foi colocada logo à entrada, para servir como receita dos dois estacionamentos.
Mas, mais inteligente ainda, nova surprise, foi criada uma via à direita de quem quer virar à direita, que serve para seguir...em frente. Confuso? Nada de nada. Clarinho como água: o engarrafamento é total e há sempre uns “xicos espertos” que se metem pela via de seguir em frente e viram à direita “roubando” um lugarzinho a quem está disciplinadamente na fila.
Em resumo, demorei de Santa Apolónia à Bica do Sapato, que fica em frente, apenas 55 minutos!
Os estabelecimentos daquela zona estão a viver momentos de desespero e a perder clientes que tentam fugir dali por não estarem dispostos a aguentar tal situação.
Seria bom que uma qualquer das tais cabecinhas pensadoras fosse lá ver a odisseia que resulta das medidas tomadas!

HSC

Abrir a televisão

Já aqui tenho dito que convém fazer férias da televisão nacional, para se poder manter um certo grau de sanidade mental. Hoje quebrei a regra, porque queria saber o que se passava com Pedrogão Grande, assunto que irá continuar a ser preocupação minha.
Apanhei de imediato mais incêndios. Desta vez, perto de Alvaiazere, onde tenho amigos, o que me deixou preocupada. Mas a seguir o nosso PM apareceu a falar de Pedrogão e eu fiquei a ouvir. Já tinham sido reconstruídas cinco casas e oito estavam a caminho. Algumas fábricas começavam a receber o auxílio necessário com medidas da Segurança Social. Quanto ao inquérito e às suas conclusões ainda teríamos de esperar. 
Quanto aos 13 milhões de dádivas nada foi dito. Continuamos, portanto, bem. Daqui a uns tempos vem o inverno e já ninguém fala de fogo. Só na lareira...

HSC

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Há pessoas assim...

A cativante boa disposição, a bonomia, a alegria, o sentido de humor, a abertura aos outros, a atenção ao novo faziam com que conversar com o António, passear com o António, ouvir o António a dissertar sobre as coisas que de que gostava, fosse uma festa, que todos antecipávamos com anseio quando sabíamos que o íamos encontrar e nos deixava reconciliados com a vida.

Era mais ou menos desta forma que um colega descrevia o Embaixador Pinto da França, por ocasião da sua morte e que, hoje, sem qualquer razão aparente, me veio à memória.
Analisando a questão a fundo, talvez não tenha sido tão aparente como isso e antes decorra de uma constatação que ontem acabei por fazer, quando fui retirar os seis belos pontos que levei na cabeça, depois do voo rasante, de há oito dias, no meu terraço.
Preparava-me para ir sozinha tratar deste assunto, como já antes acontecera, quando o meu filho se prontificou para “me levar” ao hospital. Prova real de amor filial, já que sei o que ele sente pelo meio hospitalar, depois da morte do irmão. O que significava “levar-me”, mas não “acompanhar-me”. E só uma mãe é capaz de perceber estas  subtis distinções...
Em simultâneo, uma amiga minha, que está a gozar os seus magros oito dias de férias, nem sequer admitiu discutir acompanhar-me à dita efeméride. Levou-me e esperou por mim, com aquela bondade de que eu continuo a beneficiar, sem bem saber porque a mereço.
Ora foi esta minha maravilhosa amiga e a anja Isabel Galriça Neto que me fizeram lembrar o António Pinto da França, um ser humano muito especial, que vivia sempre em osmose com o tempo dentro e fora dele. Há pessoas assim. E eu sou tão privilegiada que conheço mais do que uma!

HSC 


Nota: Esqueci-me de dizer que a coisa não doeu nada, porque o clinico que se ocupou da tarefa era muito bom profissional e também...um pedaço de mau caminho!

terça-feira, 8 de agosto de 2017

O punk e o clássico...

No meio de todos os azares que convosco partilhei esta segunda feira, eu tinha aceitado ir ao jantar de aniversário de uma pessoa de quem gosto bastante e que eu sabia ter muito gosto em me ter a seu lado.
O dilema que se colocava, nesta altura, era como conciliar a roupa que uso nestas efemérides, com o punk penteado que será meu timbre por algum tempo, nomeadamente pelo menos até à próxima quinta feira em que irei tirar os pontos. Se eles saírem, claro, dado que me parece terem-se envolvido de tal modo com o meu couro cabeludo, que não vai ser nada fácil separa-los.
É evidente que este " gravíssimo tema" já fora alvo de bastante risada das minhas amigas que estavam à espera de ver a insólita combinação do pós moderno penteado, com aquele toque de classicismo que os meus trajes desta natureza, sempre têm. Até porque, como os uso muito pouco, são obrigados a atravessar vários eventos!
Para o azar ser completo, a minha cabeleireira de bairro tinha ido para férias, pelo que fui obrigada a ir àquela onde só piso para trabalhos especiais, como corte ou madeixas. Dispenso-vos a descrição da aventura da lavagem da cabeça, onde os pontos se parecem mais a pequenos alfinetes. Foi trabalho demorado mas lá acabei no brushing propriamente dito, que podem supor o trabalho que deu. Mas saí em beleza, com o cabelo curtíssimo, todo penteado para trás.
Vesti-me de negro, pus uma bela capa de tafetá, presente antigo de um dos filhos e lá me apresentei, menos mal, ao espanto dos amigos. A alegria suplementar da noite foi concluir que, na minha idade, já posso misturar todos os estilos, que ninguém leva a mal...

HSC

domingo, 6 de agosto de 2017

Bruxa encartada, precisa-se!


Tirando 2012, altura em que perdi o meu filho mais velho, 2017 tem sido um ano para esquecer. Fiz duas intervenções cirúrgicas, morreram uma série de bons amigos e se hoje escrevo estas linhas é por um verdadeiro milagre. Com efeito, anteontem dei uma queda no meu terraço que podia ter sido fatal. 
Não foi. Mas, para variar, salvaram-me os amigos, já que a família estava toda fora. Filho e netos para um lado, mano e cunhada para outro. Assim, falei para uma amiga médica e, a deitar sangue, chamei um taxi -  o desgraçado taxista estava tão assustado, que voou - e lá dei entrada nas urgências do hospital.
Apesar de não ter morrido, tive de actualizar a vacina contra o tétano e fazer um TAC à cabeça, na qual acabei por levar seis pontos, que me doem quando quero rir. O que, no meu caso, é uma maçada porque eu não gosto nada de tristezas. 
Como tenho a cabeça rapada de um lado - maravilhosas mãos da cirurgiã que tentou que a clareira fosse a mais reduzida possível - agora penteio-me de outra forma, estilo punk, que na minha idade me deixa muito mais sedutora... 
Por favor, arranjem-me uma bruxa encartada, que passe recibo verde. Estou mesmo necessitada! 

HSC

Fez bem Senhor Presidente!

Depois de ter recebido no seu gabinete os representantes de Pedrogão Grande, Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se, neste fim de semana, às zonas mais afectadas pelos fogos em Portugal.
Fez bem, Senhor Presidente, porque é em si que aquelas pessoas depositam a confiança que necessitam para acreditar que um dia as suas vidas vão voltar à normalidade.
Regresse a essas zonas sempre que puder - e marcando bem que as visitas nada têm a ver com as autárquicas - para lhes dar o ânimo e a esperança de que carecem para continuar a viver, pois o Senhor é o garante de que elas jamais serão esquecidas.

HSC

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

O perdão

Quando se fala em perdão, tem-se logo a ideia de que nos referimos aos outros e que a palavra envolve algo de religioso. É natural que assim seja, já que para a Igreja Católica o perdão é constantemente referido na Bíblia e está muito presente nas palavras dos apóstolos.
Mas, na verdade, a palavra usa-se em vários sentidos. Perdoar é a ação humana de se libertar de uma culpa, de uma ofensa, de uma dívida e de muitas coisas mais. O perdão é um processo mental que visa eliminar qualquer ressentimento, raiva, rancor ou outro sentimento negativo sobre determinada pessoa ou por si próprio.
Tudo isto nós sabemos e, com mais ou menos dificuldade, vamos tentando que o relacionamento com o nosso semelhante não seja afectado pela intolerância.
Mas o que me faz abordar este tema é algo de que falamos pouco e praticamos ainda menos. Falo do perdão essencial de nós próprios, das nossas fraquezas, das nossas dificuldades. 
Sempre tentei ter para comigo uma posição muito próxima daquela que tenho para com os que me rodeiam. E se me não custa pedir desculpa por um erro cometido contra alguém, também me esforço bastante por perceber as razões profundas do meu comportamento e, portanto, por me libertar de complexos de culpa que, por norma, têm mais a ver com o peso da opinião dos outros do que com a minha própria.
Levei muitos anos a compreender que o meu equilíbrio pessoal passa pela minha capacidade de me perdoar e de não ser excessivamente dura para comigo. Não sou asceta. Sou humana, tenho falhas, cometo erros. Aceitar isto foi o primeiro passo para me aceitar tal como sou e, confesso sem modéstia, a sentir-me confortável com as tentativas que faço para me tornar uma pessoa melhor. 
Julgo que seria bem importante que desde pequenos pudéssemos abertamente falar da necessidade do perdão pessoal nas nossas vidas. Evitar-se-iam múltiplos complexos de culpa e o sofrimento que os mesmos implicam.

HSC

terça-feira, 1 de agosto de 2017

À atenção de Fernando Medina


A zona onde vivo está infestada de baratas enormes que enchem passeios, garagens e carros. São voadoras e constituem uma desagradável imagem de quem aqui vive. Habito esta casa há cerca de 30 anos e nunca um destes bichos por cá apareceu. Agora andam displicentes pelo chão, paredes e tetos de habitações várias. 
Ao que pude apurar a CMLisboa fazia desinfestações periódicas nos esgotos da cidade. Algo se deve ter passado neste campo. Ou foram as cativações, ou foram as árvores plantadas nas principais vias rodoviárias ou foi proteção do PAN, ou uma outra qualquer razão fez com que tenhamos de conviver com tão nojentos bichos. 
Aqui no meu prédio os condóminos já procederam a duas desinfestações caras e ineficazes, porque localizadas e a intervenção tem de ser a nível de esgotos centrais.
Por favor Senhor Presidente da Câmara de Lisboa, Senhor Presidente da Junta da Lapa e Senhor Presidente da Junta da Estrela, isto é um problema de saúde pública que urge resolver. Resolvam-no com a maior brevidade!

HSC