Quando se fala em perdão, tem-se logo a ideia de que nos referimos aos outros e que a palavra envolve algo de religioso. É natural que assim seja, já que para a Igreja Católica o perdão é constantemente referido na Bíblia e está muito presente nas palavras dos apóstolos.
Mas, na verdade, a palavra usa-se em vários sentidos. Perdoar é a ação humana de se libertar de uma culpa, de uma ofensa, de uma dívida e de muitas coisas mais. O perdão é um processo mental que visa eliminar qualquer ressentimento, raiva, rancor ou outro sentimento negativo sobre determinada pessoa ou por si próprio.
Tudo isto nós sabemos e, com mais ou menos dificuldade, vamos tentando que o relacionamento com o nosso semelhante não seja afectado pela intolerância.
Mas o que me faz abordar este tema é algo de que falamos pouco e praticamos ainda menos. Falo do perdão essencial de nós próprios, das nossas fraquezas, das nossas dificuldades.
Sempre tentei ter para comigo uma posição muito próxima daquela que tenho para com os que me rodeiam. E se me não custa pedir desculpa por um erro cometido contra alguém, também me esforço bastante por perceber as razões profundas do meu comportamento e, portanto, por me libertar de complexos de culpa que, por norma, têm mais a ver com o peso da opinião dos outros do que com a minha própria.
Levei muitos anos a compreender que o meu equilíbrio pessoal passa pela minha capacidade de me perdoar e de não ser excessivamente dura para comigo. Não sou asceta. Sou humana, tenho falhas, cometo erros. Aceitar isto foi o primeiro passo para me aceitar tal como sou e, confesso sem modéstia, a sentir-me confortável com as tentativas que faço para me tornar uma pessoa melhor.
Julgo que seria bem importante que desde pequenos pudéssemos abertamente falar da necessidade do perdão pessoal nas nossas vidas. Evitar-se-iam múltiplos complexos de culpa e o sofrimento que os mesmos implicam.
HSC
Como eu a compreendo ... ouvi de um psicólogo, ha mais de 25 anos, que eu era a minha maior inimiga. duvido de mim, questiono-me, tento sempre fazer melhor, para os outros ... talvez um dia chegue a perdoar-me e a aceitar-me. enfim grandeza essa que ainda não possuo. bem haja pela partilha de tal experiência obrigada, abraço grande.
ResponderEliminarSaber aceitar as nossas falhas, e viver e conviver com elas, é condição essencial para ser feliz.
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ResponderEliminarConcordo com o seu texto drª. Helena.
Ao longo da m/vida tenho exercido o perdão...
Com isso eu consigo ir vivendo com menos problemas
mentais.
Os meus cumprimentos.
Irene Alves
HSC, esse auto-perdão de que fala deve corresponder ao arrependimento. Será? Ou será a uma autog-desculpabilização?
ResponderEliminarNão Dalma. Não se trata de arrependimento. Costumo dizer que só me arrependo do que não fiz!
ResponderEliminarTrata-se de indulgência, de tolerância, de não termos que ser super mulheres. Trata-se de olhar para nós com ternura, de "perceber" as nossas fragilidades e de nos não auto punirmos por elas. Trata-se, enfim, de nos amarmos como amamos aqueles de quem gostamos.
Para mim foi vital esta percepção que, sem dúvida, devo à análise que fiz durante bastante tempo. Mas depois de perceber é preciso praticar. E foi isso que terei conseguido.
Fui clara? É uma matéria difícil de abordar em textos curtos.
ResponderEliminarPenso que é fácil conseguir o perdão dos outros, se formos suficientemente humildes para reconhecer os nossos erros. Mais difícil é auto-perdoar-nos, pois isso requer o nosso desejo de não voltar a incorrer no mesmo erro. Difícil, difícil é perdoarmo-nos pelo que não fizemos a quem já partiu, as nossas omissões que são mais graves do que as ofensas cometidas.
Sim, HSC, absolutamente clara! Concordo que deve ser difícil atingir esse grau de percepção de si próprio...
ResponderEliminarTalvez presunção minha mas não encontro nada que sinta que deva perdoar a mim própria. A minha vida foi sempre tranquila, sem sobressaltos de maior, e talvez seja por isso.
P.s. Imagino que deve ter sido um processo difícil!
🌷
ResponderEliminarDalma
ResponderEliminarMuito difícil. Sem ajuda creio que não teria chegado lá, ao pico que representa não deixes, nunca, palavras por dizer, nem gestos por fazer. Também devo bastante aos meus filhos que, sendo tão diferentes, eram tão iguais!
Sei que para si isto nada significa, mas Deus nunca deixou de me proteger.
Gosto taaanto do que escreve!!! Obrigada!
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