Assisti ao desenrolar da história dos livros de exercícios para raparigas e rapazes, da Porto Editora, com capas respectivamente rosa e azul e grau de dificuldade diferente. Deu-me alguma vontade de rir a controvérsia, porque quando vou comprar coisas para crianças acabadas de nascer, o primeiro passo é sempre escolher entre aquelas duas cores.
Depois, atendendo ao politicamente correcto - a que mesmo eu cedo algumas vezes com grande irritação - passei-me para os amarelos e verdes pálidos. Até que, um dia, tomei bem consciência do que estava por detrás daquelas opções, mandei-as dar uma volta e hoje escolho o que gosto, tendo apenas em atenção quem são os pais das crianças.
Depois, atendendo ao politicamente correcto - a que mesmo eu cedo algumas vezes com grande irritação - passei-me para os amarelos e verdes pálidos. Até que, um dia, tomei bem consciência do que estava por detrás daquelas opções, mandei-as dar uma volta e hoje escolho o que gosto, tendo apenas em atenção quem são os pais das crianças.
Este longo intróito serve para explicar que só a educação e o tempo, ajudam a acabar com os estereótipos. Não ordens ou proibições, que têm o efeito contrário.
No caso concreto dos livros, não se tratava de manuais escolares obrigatórios ou até aconselhados. Portanto, ninguém era obrigado a compra-los. E todos aqueles que, como eu, não desejam qualquer tipo de descriminação - nem sequer as chamadas positivas, como as quotas para mulheres - não os comprariam. Mas não seria tanto pelas cores, mas sim pelo conteúdo que, esse sim, estabelecia diferenças entre os dois géneros.
No caso concreto dos livros, não se tratava de manuais escolares obrigatórios ou até aconselhados. Portanto, ninguém era obrigado a compra-los. E todos aqueles que, como eu, não desejam qualquer tipo de descriminação - nem sequer as chamadas positivas, como as quotas para mulheres - não os comprariam. Mas não seria tanto pelas cores, mas sim pelo conteúdo que, esse sim, estabelecia diferenças entre os dois géneros.
Todavia, julgo eu, não compete a um ministro vir recomendar a retirada dos livros do mercado. Não é da sua competência determinar o que é ou não editado. Da sua competência será o que respeita a manuais escolares obrigatórios ou aconselhados. E chega.
Aceitar intromissão além desta é tolerar que podemos voltar ao tempo em que certos livros eram proibidos e em que a educação tinha apenas um único modelo.
Aceitar intromissão além desta é tolerar que podemos voltar ao tempo em que certos livros eram proibidos e em que a educação tinha apenas um único modelo.
O combate às mentalidades é demorado. Mas um ministro não pode decretar o que eu, como mãe ou avó, quero que os meus filhos ou netos aprendam. Até porque isso seria o primeiro passo para que eles lessem o que eu não queria. Aconteceu comigo, quando no liceu, um dos cantos dos Lusíadas era proibido...
Se estivesse na pele da editora - que precisa de vender livros - juntava os dois numa só obra, seguindo o critério da dificuldade progressiva e punha-lhe uma capa encarnada, que é a minha cor preferida, apesar de ser simpatizante do Sporting. Ou verde, vá lá!
HSC
HSC
Ou azul e branco :)
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ResponderEliminarPenso que o mal da editora é querer lançar produtos diferentes no mercado e vendê-los de qualquer maneira. Trabalhei para eles durante trinta anos e ultimamente deixei deo fazer, pois o marketing é selvagem, duma agressividade que não se compatibiliza com os objectivos pedagógicos. Mais do que produzir materiais relevantes, produz-se originalidades sem valor pedagógico. É o caso.
Citando o grande João Pinto "o meu coração só tem uma cor - o azul e branco" :)))
ResponderEliminarComo a Gábi.
ResponderEliminarSubscrevo a sua opinião na íntegra.
Também não me agrada nada ver um Ministro
a proibir livros!!!
Os meus cumprimentos.
Irene Alves
Esta história do canto de "Os Lusíadas" que era proibida é engraçada: ERA PROIBIDA, MAS ESTAVA LÁ.
ResponderEliminarAniceto Carvalho
Verde e Branco
ResponderEliminarA esperança e a paz
José