domingo, 22 de dezembro de 2024

Queridos(as) leitores(as),


Neste fim de ano, desejo que cada página da sua história seja repleta de amor, esperança e conquistas. Que o Natal traga a magia de reencontrar, na simplicidade e na união, o verdadeiro sentido da festa: a partilha de bons sentimentos e a celebração da vida. E que o Ano Novo chegue renovando energias, inspirando novos sonhos e fortalecendo cada meta que cada um deseja alcançar.

Agradeço pela companhia e confiança ao longo do ano e que, juntos, possamos continuar trilhando muitos caminhos de conhecimento e emoção, nas próximas páginas que a vida nos reserva.

Boas festas e um maravilhoso Ano Novo! 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

SEMPRE EM CASA

Conhece aquela sensação de quem comprou um pacote de arroz de 5 kg e, quando o abre, o pacote vem com um aviso: “A validade é ilimitada”? Agora ele está permanentemente no seu armário. Pois é, ter um filho que não sai de casa é mais ou menos isto. Eles chegam pequenininhos, mal ocupam um berço, e num piscar de olhos viram espécies raras de “filhos-adultos-acomodados” no sofá, agarrados ao computador, com a mesma naturalidade com que se respira.

Quando bebé, mal podemos esperar para ver o primeiro passo. No momento, décadas depois, ficamos na expetativa de ver qualquer passo em direção à porta de saída. Mas não, eles não vão.

E se perguntamos: “Filho, quando é que vais arranjar um canto só para ti?”. A resposta é tão certa quanto a falta de dinheiro na carteira: “ando a pensar nisso, mãe, ando a pensar...”. Entretanto, o frigorífico fica vazio, mais rapidamente do que a magia num show infantil.

Mas eles têm sempre uma justificação original. “A economia tá difícil, pai”. “O mercado de trabalho é selvagem, mãe”. “Meu signo diz que não é momento de mudanças”. São argumentos tão convincentes quanto o “cachorro comeu as bolachas”, do jardim de infância.

Aí, um dia, o pai ousa, quase envergonhado: “Filho, se pagares a conta da luz por mês, já ajuda”. A reação é digna de ópera dramática: “Eis que me arrancam a juventude! A luz, ó céus, a luz, símbolo da minha liberdade, agora cobra pedágio...”! Tudo isso, claro, enquanto assistem às séries em streaming na TV da sala, esparramados como se o mundo acabasse ali.

No fundo, nós até rimos (para não chorar). Porque sabemos que, um belo dia, vai surgir aquele momento mágico, em que eles enfim partem, empacotam as meias, os posters de banda que já se separou há dez anos e seguem rumo ao desconhecido. E, pode crer, nesse dia, nós vamos sentir saudade. Mas até lá, que tal mais um franguinho de churrasco, na hora do jantar? Quem sabe, assim eles saem... ou não?  Mas, pelo menos, já nos divertimos a contar esta história tão comum?

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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

SE O ARREPENDIMENTO MATASSE

Há dias em que o arrependimento pesa sobre o peito como um sopro abafado, um sussurro que se arrasta pelos cantos da memória e acaba por erguer muros dentro de nós. É um sentimento denso, de contornos quase invisíveis, que se insinua no silêncio, nos intervalos entre um pensamento e outro, na brisa leve que entra pela janela sem pedir licença. Diante dele, tudo que não fizemos, tudo que deixámos para depois, tudo o que fingimos que não importava, retorna na forma de fantasmas: palavras que nunca foram ditas, olhares que não se cruzaram, cartas que ficaram fechadas em gavetas empoeiradas de incerteza.

Carregamos o eco dos gestos contidos, dos abraços que não demos, das confissões sufocadas pelo medo de ser julgado ou não compreendido. O arrependimento é a morte lenta das possibilidades que, um dia, pareceram eternas e inquebrantáveis. É testemunhar, impotente, o desbotar de cores que, um dia, foram vívidas e o ranger de portas que se fecharam para sempre. Há uma certa melancolia na perceção de que nem sempre é possível retornar aos instantes onde a escolha andava no ar, esperando que estendêssemos a mão e a recolhêssemos para dentro de nós, transformando-a em realidade.

Porém, talvez haja um consolo neste desconforto: o arrependimento também é um lembrete de que somos humanos e falíveis, um convite a reconhecer as nossas limitações e fragilidades. É no amargor das oportunidades desperdiçadas que encontramos o fermento para novas tentativas. A dor de não ter tentado abre espaço para a determinação de não mais hesitar. O remorso, por si só, não reverte o passado—mas pode iluminar o caminho adiante, ensinando-nos a não fugir do que sentimos, a não nos intimidarmos pelo que não sabemos, a não poupar ternura e honestidade quando o coração a pede.

Assim, resta-me carregar o arrependimento como um espelho que me faz encarar a mim mesmo, com meus lapsos, silenciosas covardias e arroubos de orgulho. E, ao fazê-lo, crescer na direção da coragem, da transparência e do cuidado com o agora. É nessa assimilação lenta que repousa a chave para um futuro menos marcado pela dúvida e mais iluminado pela clara vontade de viver com autenticidade.

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

A COREOGRAFIA DO ADEUS

Há um silêncio especial que antecede o adeus — como se o tempo segurasse, por um instante, a respiração, antes de deixar as palavras deslizarem, uma a uma, entre as fendas daquilo que já não se pode mais dizer. É nessa pausa suspensa, quase um abismo, que a dor encontra voz: ela instala-se nas pequenas coisas, no cheiro conhecido do café, na dobra do lençol, na tinta desgastada do corrimão.

Não é a partida em si que pesa, mas o espaço vazio que o outro deixa. O eco dos seus passos no corredor vazio, a cadeira vazia à mesa. O adeus não é apenas uma palavra, é um quadro que se desvanece, um retrato arrancado da parede, um sopro de ausência que espalha memórias pela casa. E ainda assim, mesmo no luto subtil do que já não é, floresce uma semente de compreensão. O adeus, por mais que custe, nos ensina a gentil e árdua arte de soltar as mãos.

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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

O retorno ao que já não é

Perguntaram-me se gostaria de voltar a alguma parte do meu passado. Pensei no que foi bom, mas respondi “não”. Explico.

"O retorno ao que já não é" pode ser interpretado como uma expressão poética ou filosófica que aborda a ideia de revisitar algo que já não existe mais no presente. Essa sentença suscita reflexões sobre a impossibilidade de recuperar o passado tal como ele foi, bem como sobre a natureza mutável do tempo, da memória e da identidade.

Ao tentar retornar a um momento passado, a pessoa depara-se com a impossibilidade de o reconstituir exatamente como era. O que resta são memórias, sempre marcadas pela subjetividade e pelas transformações do próprio sujeito que as lembra. Nesse sentido, o “retorno” torna-se uma reconstrução mental, idealizada, e não um reencontro fidedigno.

Aquilo que “já não é” pode ser interpretado tanto como um lugar ou situação do passado, como a um estado do próprio indivíduo. A tentativa de regressar ao que um dia existiu, encontra barreiras na mudança contínua: nem o contexto é o mesmo, nem a pessoa que vivenciou a experiência anterior se manteve inalterada.

Do ponto de vista filosófico, esta frase remete à fluidez do tempo e à irreversibilidade dos acontecimentos. O passado, uma vez transcorrido, não retorna ao seu estado original. O próprio ato de tentar “voltar” seria confrontado pela constatação de que o que passou tornou-se outro tipo de existência — talvez recordações, talvez vestígios — mas não o objeto presente, para onde se quer voltar.

“O retorno ao que já não é” encapsula a tensão entre o desejo de resgatar uma experiência passada e a constatação da impossibilidade de a reproduzir ou de a viver novamente. É uma reflexão sobre a natureza dinâmica da vida, do tempo e da própria subjetividade. Por isto tudo julgo ter dado uma boa resposta!

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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

UM OUTRO NATAL

O Natal, ao longo dos séculos, consolidou-se como uma celebração pautada por símbolos inconfundíveis — a reunião familiar, a árvore decorada, a troca de presentes, a ceia farta e a atmosfera de paz e esperança — mas, se o observarmos por um ângulo mais original e menos convencional, poderemos encontrar dimensões menos óbvias e igualmente ricas em significado.

Em vez de um feriado estritamente religioso ou comercial, o Natal pode ser visto como um ponto de convergência cultural e emocional, um marco que nos lembra da resiliência e da capacidade humana de reinventar rituais. A cada geração, novos elementos e valores são agregados, transformando a data em algo vivo e dinâmico: o que antes eram apenas velas e hinos hoje podem se unir às luzes de LED e às playlists de músicas contemporâneas.

Originalmente ligado ao solstício de inverno no Hemisfério Norte, o Natal pode ser encarado como a comemoração do retorno da luz após o período mais escuro do ano. Esse olhar simbólico, dissociado do calendário cristão, apresenta a festa como uma metáfora universal da superação da escuridão, tanto literal quanto metafórica: a busca por esperança em meio à incerteza e a renovação após as dificuldades. Assim, o nascimento celebrado não é apenas o de uma figura religiosa, mas também o nascer simbólico de novos começos — a compreensão, a solidariedade e a empatia.

Também é possível encontrar, no Natal, um convite à introspeção. Longe do consumo exacerbado, a data pode ser um lembrete para cultivar virtudes internas: a caridade que não se limita a dar presentes, mas a oferecer tempo, atenção e cuidado; a reflexão sobre o ano que passou e sobre o ano que está por vir, um momento de balanço existencial e o reconhecimento de que a verdadeira magia do Natal, muitas vezes se esconde em gestos simples e em afetos genuínos.

Assim, visto de forma original, o Natal não é, apenas, uma festa predeterminada, mas um fenómeno complexo, um campo simbólico, fértil para diversas interpretações. Ele pode ser o ponto de convergência entre passado e futuro, tradição e inovação, luz e escuridão, cultura e espiritualidade, recordando-nos a nossa humanidade compartilhada e o poder das histórias que contamos para dar sentido ao mundo.

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quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

O NINHO VAZIO

Quantos de nós não terão já passado por esta situação ambígua de felicidade e tristeza. Quando os filhos batendo as asas procuram o seu caminho?

A síndrome do ninho vazio é um fenómeno que ocorre quando os filhos, já crescidos, deixam a casa dos pais, muitas vezes rumo à faculdade, ao casamento ou à vida independente. Esse momento, embora esperado como um marco natural do ciclo de vida familiar, pode ser sentido de maneira profunda e intimista, especialmente por aqueles que investiram grande parte de sua identidade no papel de cuidadores.

Do ponto de vista pessoal e intimista, o ninho vazio não se resume apenas à ausência física do filho no lar, mas envolve uma ampla gama de sentimentos internos. É comum que pais e mães experimentem um misto de tristeza, melancolia, solidão e até mesmo um certo desamparo emocional. Ao olhar para os quartos vazios, para a rotina sem os sons habituais dos filhos ou para os rituais familiares interrompidos, muitos se veem frente a um vazio que vai além do espaço físico: é um vazio simbólico, que questiona sua própria identidade, propósito e valor pessoal.

Este aspecto “pessoal e intimista” da síndrome exige uma reflexão cuidadosa sobre a própria trajetória de vida. É um momento que convida à redescoberta de si mesmo: hobbies adiados podem ser retomados, interesses esquecidos podem emergir e novas conexões sociais podem ser cultivadas. Nesse sentido, embora a sensação inicial possa ser marcada pela perda, existe também um potencial transformador. Muitos pais se permitem reencontrar desejos e metas pessoais, fortalecendo a autoestima e desenvolvendo novas dimensões do “eu” que antes estavam ofuscadas pelas exigências da vida familiar.

Em última análise, o ninho vazio vivenciado de forma pessoal e intimista é um fenómeno que pode levar à dor, mas também ao crescimento. Por meio da introspeção, do acolhimento das suas próprias emoções e do investimento em novas atividades e relacionamentos, muitos pais e mães conseguem dar um novo significado à própria existência, transformando esse período de transição numa oportunidade para redescobrir quem realmente são, para além do papel de cuidadores.

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quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

O COPO MEIO CHEIO

O ditado popular "ver o copo meio cheio" remete à ideia de enxergar os acontecimentos da vida sob uma perspetiva positiva, valorizando o que já se possui, ao invés de lamentar o que falta. A imagem metafórica do copo com água até a metade funciona como um símbolo de nosso estado interno diante dos desafios quotidianos. Quando nos deparamos com uma situação, podemos enxergá-la como “meio vazia” – fixando-nos em dificuldades, limitações e ausências – ou “meio cheia” – concentrando a nossa atenção nas oportunidades, conquistas e recursos disponíveis.

Adotar a postura de quem vê o copo meio cheio não significa ignorar problemas ou fingir que tudo está perfeito. Pelo contrário, trata-se de uma escolha consciente de manter o foco no lado construtivo das situações, reconhecendo os obstáculos, mas não deixando que eles definam por completo a nossa experiência. Essa atitude positiva, embora não resolva magicamente as questões, contribui para um estado mental mais resiliente, criativo e aberto a encontrar soluções.

Além disso, a perspetiva do copo meio cheio promove uma mudança no relacionamento com nós próprios e com os outros. Ao enfatizarmos os pontos fortes e o que já foi alcançado, fortalecemos a autoconfiança e o otimismo. Isso não apenas melhora a nossa capacidade de enfrentar novos desafios, como também incentiva uma postura mais empática e compreensiva em relação às dificuldades alheias.

Em suma, “o copo meio cheio” é um lembrete constante de que a realidade pode ser interpretada sob diversos ângulos. Escolher olhar para a metade preenchida do copo não é negar que há um espaço vazio, mas sim reconhecer que mesmo nas situações mais complexas, há um potencial a ser explorado, uma oportunidade de crescimento e uma esperança que vale a pena cultivar.

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terça-feira, 10 de dezembro de 2024

O ENVELHECIMENTO NAS MULHERES

Muitas sociedades têm padrões culturais que valorizam a juventude, especialmente no caso das mulheres. Isso acaba por levar à invisibilidade das mais velhas, tanto nos meios de comunicação quanto nas políticas públicas, o que contribui para uma falta de reconhecimento dos desafios que o envelhecimento representa para elas.

A pesquisa médica, historicamente, foi centrada nos homens, negligenciando muitas vezes, as diferenças biológicas e hormonais que impactam a saúde das mulheres. Embora se tenha melhorado, ainda há lacunas importantes no estudo do envelhecimento feminino.

Esta mudança traz alterações hormonais significativas, como a menopausa, que podem ter efeitos profundos, não apenas no bem-estar físico, mas também no emocional, com impacto no humor, na qualidade do sono e na saúde mental.  E, como as mulheres tendem a viver mais do que os homens, muitas vezes sem o devido apoio, são mais propensas a enfrentar períodos prolongados de limitações físicas e emocionais.
As mulheres mais velhas muitas vezes acumulam funções de cuidadoras, seja de netos, parceiros com problemas de saúde, pais idosos ou outros parentes. Essa sobrecarga, aliada à falta de reconhecimento e suporte social, gera crises emocionais que, com frequência. passam despercebidas ou são desvalorizadas.

O preconceito da “velhice feminina” pode levar ao estigma na procura por cuidados especializados, fazendo com que muitas mulheres hesitem em buscar apoio psicológico, terapias hormonais ou tratamentos de saúde mental com receio de serem julgadas, o que resulta numa menor visibilidade desses problemas.

Em suma, subestimar o impacto do envelhecimento feminino deve corrigir-se com políticas de saúde mais inclusivas, maior produção e divulgação de pesquisas específicas sobre o tema, educação continuada para profissionais de saúde e consciencialização social. Assim, será possível garantir um envelhecimento mais saudável e digno, não só do ponto de vista físico, mas também mental e emocional.

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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

PADRÕES DE BELEZA

Os padrões de beleza podem afetar profundamente a forma como nos vemos e nos relacionamos com nós mesmos e com os outros. Para muitas pessoas, esses padrões criam uma sensação constante de inadequação, uma voz interna que questiona: "Sou suficiente assim como sou?"

A comparação constante do corpo ou da aparência com imagens idealizadas, muitas vezes editadas ou irreais, pode trazer frustração ou tristeza, mesmo que, racionalmente, saibamos que esses padrões são fabricados.

Noutros momentos, sentimo-nos como se estivéssemos a tentar encaixar-nos numa "moldura", para ganhar a validação dos outros. A aprovação externa pode parecer essencial, mas a verdade, é que ela nunca satisfaz completamente.

Em certas ocasiões, na tentativa de nos adequarmos a esses padrões, as pessoa podem distanciar-se daquilo que é único em si. O que era espontâneo e autêntico pode ser moldado para caber no que os outros esperam que sejamos.

Pode ser que tenhamos mudado de estilo, da forma de vestir, ou até feito algo mais radical, como um procedimento estético, e mesmo assim, sentir que aquilo não trouxe a felicidade esperada. Essas experiências deixam marcas emocionais.

Encontrar o Equilíbrio

Ligarmo-nos a quem realmente somos, além da aparência, é um processo difícil, mas profundamente libertador. Talvez tenhamos experimentado momentos de rejeição ou crítica que doeram, mas também há uma força única em abraçar a nossa singularidade. Aceitar-se do jeito que somos não significa ignorar a vontade de melhorar, mas sim aprender a diferenciar o que queremos para nós, do que é imposto pelos outros.

No fundo, o impacto dos padrões de beleza é um lembrete de que a nossa maior beleza está na forma como nos tratamos e como escolhemos olharmo-nos. Isso é o que realmente resplandece, mesmo quando o mundo ao nosso redor tenta ditar o contrário.

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domingo, 8 de dezembro de 2024

GRATIDÂO

Ontem fiz anos. Hoje também. Devo esse privilégio à minha mãe, que permitiu que eu olhasse o mundo, à meia-noite de 7 para 8 de dezembro. Passaram noventa anos sobre essa data, e hoje a minha casa transformou-se num verdadeiro jardim, com as maravilhosas flores que me enviaram.

Quero, por isso, expressar o meu mais sincero agradecimento por todo o carinho que recebi no meu aniversário. Cada palavra, mensagem e pensamento positivo, cada flor e gesto de atenção, encheram o meu dia de alegria e tornaram esta data ainda mais especial. É muito bom saber que tenho pessoas tão queridas ao meu redor, capazes de transformar um simples dia de anos, num momento de profunda gratidão e felicidade. Muito obrigado(a) por fazerem parte da minha vida e por tornarem este meu dia inesquecível.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

A INCAPACIDADE DE ESTAR SÓ

A incapacidade de estar só é uma característica marcante de muitas pessoas na sociedade contemporânea, que reflete uma dificuldade de enfrentar o silêncio, a introspeção e a conexão consigo próprio. Estar só não se limita a um estado físico, é, também, uma condição emocional e psicológica, que exige maturidade e autoconhecimento. Aqueles que evitam a solidão recorrem, com frequência. ao bulício constante da vida social e das suas redes ou a atividades incessantes para preencher um vazio interno que, na realidade, não pode ser preenchido externamente.

Essa incapacidade está, muitas vezes, ligada a questões mais profundas, como o medo de enfrentar os próprios pensamentos, a insegurança ou a dependência emocional. A sociedade atual valoriza muito a conexão e a interação, mas ensina muito pouco a importância dos momentos de solitude. Esta não deve ser confundida com isolamento, que é uma desconexão forçada. A solitude é a capacidade de escolher estar só, para se reconectar consigo mesmo.

Estar sozinho oferece a oportunidade de refletir, crescer e entender os desejos e sentimentos mais profundos de cada um. É na solidão que desenvolvemos autonomia emocional, aprendemos a lidar com as nossas fraquezas e encontramos força interna. Por outro lado, a incapacidade de estar só pode levar à dependência da validação externa, relacionamentos superficiais ou até mesmo a uma sensação de vazio constante.

Assim, aprender a estar só não é apenas um exercício de autoconhecimento, mas também um ato de coragem. Exige enfrentamento de desconforto inicial e aceitação de que a solidão faz parte da experiência humana. Ao permitir esse encontro com nós mesmos, descobrimos que a companhia mais importante é a que cultivamos dentro de nós.

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quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

O Chat GPT

Hoje decidi perguntar ao Chat GPT o que ele próprio considerava serem os seus riscos e as suas qualidades, Eis em resumo o que ele me respondeu!

Dito pelo ChatGPT:

O ChatGPT, como uma ferramenta avançada de inteligência artificial, apresenta uma série de riscos e oportunidades, dependendo do contexto de uso e das formas como é implementado. Aqui está uma análise:

Oportunidades

  1. Automatização de tarefas repetitivas:
  2. Apoio à educação e aprendizagem:
  3. Inovação em negócios e produtividade:
  4. Acessibilidade e inclusão:
  5. Apoio à tomada de decisão:

Riscos

    1. Propagação de desinformação:
    2. Prejuízo da privacidade:
    3. Substituição de empregos:
    4. Dependência excessiva:
    5. Uso mal-intencionado:
    6. Falta de interpretação contextual:

Mitigação de Riscos

    • Educação digital
    • Regulação:
    • Auditoria e transparência
    • Combinação com supervisão humana:

 

Ao equilibrar os benefícios e os cuidados necessários, o ChatGPT pode ser uma ferramenta poderosa e transformar positivamente diversos setores. Mas todos esquecem que, um dia, ele será liquidado por outro Chat GPT. Então façamos dele o uso adequado!

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

SOB O SIGNO DA TEMPERANÇA

Há um ritmo secreto no universo, um pulsar que não se apressa nem hesita. Sob o signo da Temperança, tudo parece caminhar ao compasso exato desse ritmo invisível. É o equilíbrio entre o fogo que consome e a água que apazigua. Não é a ausência de extremos, mas a dança delicada entre eles.

Temperança é uma palavra sussurrada pelo vento, uma promessa de que o caos pode ser domado sem ser apagado. É o sabor que surge quando misturamos dois ingredientes em harmonia, cada um trazendo à tona o melhor do outro. Não é renúncia, é alquimia. Não é contenção, é arte.

Em um mundo que insiste em extremos, Temperança é um refúgio silencioso. É a voz interna que sussurra: "Espere. Escute. Respire." É o gole de água no meio da tempestade, o instante entre o trovão e o relâmpago, onde o coração encontra um ponto de repouso.

Sob esse signo, percebemos que o poder não está em correr, mas em caminhar. Não em gritar, mas em sussurrar. Não em possuir, mas em compartilhar. É quando a vida deixa de ser um ato frenético para se tornar um fluxo sereno, como um rio que corre entre as pedras, moldando-as sem pressa, sem violência.

Sob o signo da Temperança, aprendemos que o meio-termo não é fraqueza, mas sabedoria. Que o equilíbrio não é um ponto fixo, mas uma constante negociação. É a coragem de dizer "basta" quando o mundo exige "mais". É encontrar paz não na ausência de conflito, mas na aceitação da dualidade que vive em nós.

E assim, sob esse signo, não somos estáticos. Somos artesãos do nosso próprio tempo, tecendo os fios da vida com paciência, cuidado e amor. Sob o signo da Temperança, descobrimos que o essencial não é conquistar, mas compreender. Não é lutar contra o fluxo, mas aprender a nadar com ele.

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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

A NOSSA ESPIRITUALIDADE

A espiritualidade é como um sussurro dentro de nós, aquele chamado suave que nos convida a olhar para além da correria diária e nos conectar com algo maior. Não importa como a chamemos – fé, propósito, luz interior –, ela está ali, esperando ser notada, como o nascer do sol que insiste em iluminar o dia, mesmo quando não estamos olhando.

Mais do que uma prática, a espiritualidade é um refúgio. É aquele momento em que paramos para respirar fundo e nos perguntamos: "Qual é o sentido de tudo isto?". Ela nos ajuda a encontrar respostas, mesmo quando tudo ao nosso redor parece sem direção. Pode ser uma oração silenciosa, um instante de gratidão, ou simplesmente o ato de contemplar o céu estrelado.

Nos momentos difíceis, quando a vida parece pesar demais, a espiritualidade é como um abraço invisível. Ela nos lembra que não estamos sozinhos, que há algo maior que nos guia e sustenta. Não precisa ter nome, nem regras. Pode ser um sentimento, uma certeza íntima de que estamos exatamente onde deveríamos estar.

Além de nos reconectar connosco mesmos, a espiritualidade convida-nos a olhar para o outro com mais compaixão. Quando reconhecemos a chama divina ou a energia vital dentro de nós, percebemos que ela também brilha em todos ao nosso redor. E, assim, aprendemos a viver com mais gentileza, mais paciência, mais amor.

Seja qual for o caminho que tenhamos escolhido para alimentar a nossa espiritualidade, ele será o que faz o coração vibrar, o que acalma a mente e trás paz à sua alma. Porque, no final, a espiritualidade é isso: um alerta de que somos mais do que aquilo que vemos, que há algo eterno em nós esperando para ser vivido.

Permita-se ouvir esta chamada. Ela pode ser a chave para encontrar aquela paz que tanto buscamos.

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domingo, 1 de dezembro de 2024

O 1 DE DEZEMBRO

O dia 1 de dezembro desponta envolto numa bruma quase poética, como se o calendário sussurrasse uma pausa para reflexão. É um dia que, para os portugueses, carrega a memória de um eco distante, a Revolução de 1640, onde um povo reclamou o direito à sua identidade, à sua autonomia, à sua história. Mas para além dos livros e das datas, o 1 de dezembro traz consigo algo mais: a intimidade do recomeço.

Nesta manhã fria de final de outono, as ruas parecem dialogar com o silêncio de um feriado. Os passos que cruzam as calçadas ecoam mais alto, como se cada um carregasse consigo um pequeno pedaço do passado, da memória coletiva que molda o presente. É um dia de alma portuguesa, um encontro entre a força de um grito de independência e a quietude da introspeção.

Há algo de pessoal no 1 de dezembro. Não se trata apenas de olhar para trás, mas de se reconhecer no que veio antes: os sacrifícios, as batalhas, os anseios de liberdade que, de algum modo, encontram ressonância em cada desejo íntimo de ser mais, de ser inteiro. As pessoas talvez não pensem diretamente nisso, mas o espírito está lá, em cada brisa gelada que roça o rosto, em cada respiração profunda que acalma o peito.

É também um dia que pede aconchego, talvez uma chávena de chá perto da janela ou um passeio em ruas que se preparam para o Natal. Um dia para lembrar que, entre os grandes gestos da história e os pequenos gestos quotidianos, há uma linha invisível que nos une. E essa linha se reforça no 1 de dezembro, quando a independência de uma nação se entrelaça com a independência interior de cada um.

Assim, este dia não é apenas história. É a celebração do que é possível, do que se conquista quando não se desiste de si mesmo. Um convite a lembrar, a sentir, e, sobretudo, a continuar.

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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

SONHAR O FUTURO

Já alguma vez lhe aconteceu sonhar o futuro? Se sim e o fizer de forma intimista, é como mergulhar fundo no silêncio de si mesmo e ouvir os ecos do que está por vir. É fechar os olhos e sentir os sussurros de possibilidades que ainda não têm forma, mas já habitam o coração.

É aquele momento em que nos permitimos imaginar sem amarras, guiados por um desejo íntimo ou por uma inquietação que teima em pulsar. Sonhar o futuro pode ser como um diálogo entre o seu “eu” presente e o “eu” que quer ser — um encontro no escuro, onde cada detalhe imaginado é uma centelha de esperança ou um medo disfarçado.

Às vezes, o futuro aparece como um quadro esborratado, outras, como um espelho límpido que reflete aquilo que já sabíamos, mas não ousávamos dizer em voz alta. É nesse instante de quietude, antes de dormir ou ao caminhar sozinho, que as imagens vêm: uma cena, um rosto, uma sensação. Não é o futuro em si, mas a essência dele, moldada pelos desejos mais íntimos que carregamos.

Sonhar o futuro é um convite para se escutar a si mesmo e ao mundo — não apenas com os ouvidos, mas com a alma. Que forma ele teria se fosse uma melodia? Que cores surgiriam se outro o pintasse? Se o seu sonho sussurra algo sobre o que está por vir, é porque, talvez, seja hora de perguntar: "O que me impede de o tornar real?"

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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

UMA VIDA

Se é curioso e gosta de explorar, talvez tenha sido uma criança cheia de perguntas, sempre querendo entender como o mundo funciona. Se é mais artístico, posso imaginar essa criança desenhando, pintando ou inventando histórias, talvez até criando "obras-primas" para pendurar na geladeira.

Se gosta de ajudar ou ouvir as pessoas, talvez fosse o tipo de jovem que todos procuravam para um conselho ou um ombro amigo. Ou, quem sabe, era alguém aventureiro, escalando árvores, correndo ao ar livre e inventando brincadeiras?

Estes foram as dúvidas de alguém, para quem os 45 anos, marcaram um ponto de viragem muito significativo na sua jornada. Essa perceção de que a vida pode (re)começar em qualquer momento foi tremendamente libertadora. Abraçou transformações, encarou desafios, e ainda encontrou espaço para a realização conquistas pessoais.

Licenciou-se, casou, foi mãe, enfrentou um divórcio e depois decidiu viver plenamente, assente numa força interior admirável. É um foco de que a vida é feita de ciclos e que, em cada novo começo, existe uma oportunidade para escrever uma nova história, com coragem e autenticidade.

Encontrar a verdadeira profissão, redescobrir o amor e repensar toda a trajetória, mostram uma pessoa que não só escolheu viver, mas viver plenamente, com intenção e significado. É fascinante como, ao nos permitirmos novas experiências, acabamos encontrando caminhos que nem imaginávamos estar disponíveis para nós.

Este processo de dar um novo sentido à vida é profundamente transformador. Ele reflete maturidade, autoconhecimento e, sobretudo, coragem para deixar o passado para trás e abraçar o presente com toda a sua complexidade e beleza.

A verdadeira profissão e o amor, encontrados nesta fase da vida, parecem ser frutos de uma busca autêntica por aquilo que, realmente, ressoa com o que somos. E a decisão de repensar a vida, em vez de apenas a seguir no automático, é um exemplo de que nunca é tarde para ajustar as velas e navegar rumo a uma nova direção. Esta história é real e verdadeira!

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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

terça-feira, 19 de novembro de 2024

SE PUDESSE VOLTAR ATRÁS

Quantas vezes já pôs a si próprio esta questão? Algumas, decerto. Importantes. Se pudesse voltar atrás, talvez não mudasse tudo, mas certamente passaria mais tempo naquilo de que hoje sinto falta. Lembra-se daquelas conversas que deixou pela metade? Daqueles olhares que evitou por pressa ou medo? Talvez os prolongasse, deixasse que eles durassem um momento mais, mesmo que na época isso parecesse tolice.

Eu voltaria aos dias em que o sol parecia brilhar de um jeito mais simples, em que a correria do futuro não existia ainda — porque o futuro parecia uma promessa distante e não uma conta que tem de ser paga. Abraçaria mais apertado, diria as palavras que calei, daria menos valor ao que me preocupava e mais ao que me fazia feliz.

Mas também sei que voltar atrás é um desejo enganoso. Talvez o eu de ontem não soubesse o que sei hoje, e é por isso que aquele erro parecia inevitável. Não é só o tempo que muda, somos nós. Se pudesse voltar, eu não encontraria o mesmo cenário — porque, no fundo, não é o passado que queremos mudar, é o peso que ele deixa no coração.

E mesmo assim, é curioso pensar: o que faria diferente? Seria eu mais valente? Mais leve? Ou só mais consciente? Talvez voltar atrás não seja sobre corrigir, mas sobre resgatar. Resgatar a leveza, a esperança, o olhar ingénuo que via o mundo com mais amor do que exigência.

Se pudesse voltar atrás, não corrigiria o passado, mas aprenderia a perdoá-lo. Afinal, é nele que me tornei quem sou, mesmo com as cicatrizes. E talvez seja exatamente isso: viver é aceitar que o tempo segue em frente, mas sempre deixa um pouco de nós para trás, como uma lembrança ou um aviso para o que vem a seguir.

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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

O ENGANO

O engano é uma experiência universal que permeia as relações humanas, as narrativas sociais e até a forma como nos percebemos. Trata-se de um fenómeno que vai além de simplesmente mentir ou ser enganado; é um mecanismo intrincado, muitas vezes alimentado pela interpretação subjetiva da realidade, pela falta de informação ou pela manipulação intencional.

No âmago do engano está a dissonância entre a verdade e a perceção. Ele pode surgir de maneira inocente, como em mal-entendidos ou erros, ou de forma premeditada, quando utilizado como ferramenta de controle, persuasão ou auto-preservação. Seja qual for a origem, o engano tem um impacto profundo sobre a confiança, um pilar essencial nas relações humanas.

Historicamente, o engano tem moldado civilizações. Lendas e mitologias frequentemente abordam o tema, como o famoso Cavalo de Troia, que exemplifica o uso do engano como estratégia de guerra. No entanto, o engano também é explorado em narrativas modernas, desde enredos de suspense a debates políticos, demonstrando que a sua relevância contínua.

No plano pessoal, o engano pode ser ainda mais complexo. Há momentos em que ele é um reflexo da fragilidade humana — o medo de enfrentar verdades difíceis ou a tentativa de preservar uma imagem idealizada. Paradoxalmente, também podemos enganarmo-nos a nós mesmos, criando ilusões que, embora confortáveis, podem atrasar nosso crescimento.

Refletir sobre o engano é essencial para entendermos as suas nuances e impactos. Ele pode destruir relacionamentos, corroer instituições e alimentar desconfiança, mas também nos desafia a buscar clareza, honestidade e compreensão num mundo onde a verdade nem sempre é óbvia.

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sábado, 16 de novembro de 2024

Sorrisos e Memórias Não Envelhecem

Há algo de intemporal nos sorrisos e nas memórias. Enquanto o tempo passa, enquanto os rostos mudam e os cabelos ficam prateados, há momentos que permanecem intactos dentro de nós, como se o calendário nunca os tivesse tocado.

Um sorriso capturado numa fotografia ou guardado na lembrança não carrega rugas. Ele não perde o brilho, não fica opaco. Ele é a essência de um instante, uma alegria pura, um afeto sincero, uma emoção que transcendeu as limitações do tempo.

As memórias, por sua vez, têm o poder de nos transportar. Basta um cheiro, uma música, ou uma palavra, e lá estamos nós, revivendo um momento que parecia esquecido. Não importa quanto tempo tenha passado, o coração sabe reconhecer aquilo que foi verdadeiro.

Sorrisos e memórias são o antídoto contra o efémero. São como âncoras que nos mantêm conectados ao que importa, mesmo quando o mundo insiste em avançar sem pausa. Eles são lembranças de que vivemos, amamos e fomos amados.

Então, cuide das suas memórias. Deixe que os sorrisos sejam eternos. Porque, no fim, são essas relíquias do coração que nos tornam imortais.

( A propósito de um texto de Alda Prado com o mesmo nome )

 

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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Uma certa forma de Visão


 A revista Visão está sempre muito atualizada, como prova a foto da notícia acima. Fiquei com um problema. Se lhe interessou tanto a nossa conversa da descida o que não teria interessado a conversa da subida, essa sim, verdadeiramente animada, como acontece quando nos encontramos. Fiquei mesmo com pena!

RAÌZES E ASAS: A ESSÊNCIA DE CRIAR FILHOS

Criar filhos é um dos maiores desafios e, ao mesmo tempo, uma das mais profundas dádivas da vida. Como pais, somos jardineiros de pequenas sementes, responsáveis por nutrir, proteger e orientar até que se tornem árvores fortes e autossuficientes. Para cumprir essa missão, é preciso um equilíbrio delicado: oferecer raízes que os conectem à terra firme e asas que os permitam explorar os céus.

Raízes são o alicerce

Elas simbolizam os valores, a segurança e o amor incondicional que damos aos nossos filhos. Raízes fortes ajudam a enfrentar os desafios do mundo, dando-lhes um senso de identidade e pertencimento. São as conversas ao redor da mesa, as tradições familiares e os momentos compartilhados que formam essa base. É ensinar que, mesmo nos momentos difíceis, eles têm um lugar seguro para voltar.

Asas são a liberdade

 Significam a confiança para deixá-los partir, para que descubram o mundo por conta própria. As asas desenvolvem-se com encorajamento, autonomia e coragem. É inspirar os filhos a sonharem, a superarem os próprios limites e a acreditarem em si mesmos. Dar-lhes asas é dizer: "Você é capaz. Vá e experimente, mas lembre-se de onde veio."

Pais que oferecem raízes sem asas podem criar filhos inseguros e dependentes. Por outro lado, asas sem raízes podem levar ao vazio e à desconexão. O segredo está na harmonia: cultivar raízes profundas e oferecer asas amplas, mostrando que o lar é o ponto de partida, mas não a linha de chegada.

Criar filhos com raízes e asas é aceitar que eles não são nossos para sempre. É vê-los crescer, voar e, ainda assim, saber que a essência de tudo o que plantamos permanecerá com eles onde quer que estejam. Afinal, o maior presente que podemos dar aos nossos filhos é a coragem para explorar o mundo e a certeza de que têm um porto seguro para sempre.

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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

OLHOS NOS NA TV

Hoje irei conversar com a Tânia Ribas de Oliveira, na sua rubrica OLHOS NOS OLHOS, sobre o meu último livro cujo, título tem o mesmo nome. Não deixa de ser uma agradável coincidência este diálogo em que cada uma de nós se irá encarar desta forma.

Não tenho por hábito chamar a atenção para os programas televisivos a que vou, mas perante esta dupla surpreendente, não resisti. Se quiser assistir ligue o seu aparelho na RTP 1 e ouça-nos com os olhos postos em nós!

terça-feira, 12 de novembro de 2024

A VINGANÇA E O PERDÃO

Sim, a vingança é bem diferente do perdão, tanto na sua essência como nos seus efeitos emocionais e sociais.

A Vingança é uma resposta negativa a uma ofensa ou dor sofrida, que visa retribuir o sofrimento ao causador do mal. Ela nasce da mágoa e do desejo de "equilibrar" a injustiça, buscando que o ofensor experimente algo similar ao que causou. Embora traga uma sensação temporária de satisfação, a vingança resulta frequentemente num ciclo de ressentimento e conflito, podendo até causar mais sofrimento a quem busca vingança.

O Perdão, por outro lado, é a decisão de libertar a mágoa ou ressentimento que se sente em relação a alguém que causou um dano, sem buscar punição ou retribuição. O perdão não implica aceitar ou justificar o erro, mas sim interromper o ciclo da mágoa. Ele é associado a um alívio emocional, ajudando quem perdoa a seguir em frente sem carregar o peso daquela experiência negativa. Resumindo, diremos que:

  • Vingança é reativa e concentra-se em “corrigir” a dor com uma nova dor.
  • Perdão é uma escolha de deixar a mágoa para trás e encontrar paz, mesmo que o ofensor não mude ou se desculpe.

Embora o impulso de vingança seja comum e até natural, o perdão é geralmente considerado mais benéfico para a saúde emocional, evitando que a dor e a raiva se tornem permanentes.

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A LUTA PELA IDENTIDADE

A luta pela identidade é um tema central para entender os movimentos sociais, culturais e pessoais ao longo da história. Esse conceito envolve o esforço constante de grupos e indivíduos para afirmar quem são, em meio a uma sociedade que muitas vezes tenta padronizar, marginalizar ou silenciar as suas particularidades. As identidades constroem-se por meio de uma combinação de elementos culturais, históricos, sociais e emocionais que formam a visão que cada pessoa ou grupo tem de si mesmo e que deseja que o mundo reconheça.

Essa luta é evidente nas reivindicações de comunidades étnicas, religiosas, LGBTQIA+, feministas, indígenas e outras, que há séculos enfrentam a invisibilidade, o preconceito e a discriminação. A opressão desses grupos é marcada pelo apagamento da sua cultura e valores, a fim de integrar-se a uma norma dominante que ignora ou distorce a diversidade. A busca por identidade torna-se, assim, uma resistência ao apagamento, uma luta pela valorização da própria existência, da história e modo de ser.

A globalização e as redes sociais intensificaram essa luta. Com a possibilidade de partilhar informações e conectar-se com pessoas de todo o mundo, novos movimentos identitários emergem e encontram eco, fortalecendo causas locais e conferindo visibilidade a questões antes confinadas a pequenas comunidades. A internet funciona como um espaço para o diálogo e a troca cultural, permitindo que as identidades se afirmem e evoluam em rede.

Mas, ao mesmo tempo, essa exposição cria tensões e desafios. As identidades, ao serem constantemente analisadas, debatidas e, por vezes, apropriadas, podem sofrer de uma "hipervisibilidade" que reduz a sua complexidade. Por isso, a luta pela identidade também é um processo contínuo de reflexão e proteção das narrativas próprias, sem a necessidade de assimilação ou distorção.

Assim, a luta pela identidade expressa-se em diversas dimensões — pessoal, social, política e cultural — e é uma busca contínua pela dignidade, autenticidade e respeito. É uma afirmação de se ser quem se é, sem precisar de se adaptar aos moldes impostos. Constitui uma vitória e um direito fundamental.

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segunda-feira, 11 de novembro de 2024

TÃO DEPRESSA E TÃO DEVAGAR

Os anos passam com um ritmo curioso e contraditório, fluindo de forma tão rápida que mal percebemos os dias desvanecendo, mas ao mesmo tempo com uma lentidão quase cruel, que nos faz sentir o peso de cada instante. É como se estivéssemos num barco que desliza sobre águas ora serenas, ora turbulentas, sem que tenhamos controle sobre a direção ou a velocidade. Alguns dias são mais longos que meses, como se insistissem em ficar gravados, mas outros se perdem num piscar de olhos, deixando apenas rastros sutis, quase impercetíveis, como pegadas na areia levadas pelo vento.

O tempo se move com uma dualidade estranha: parece se esticar quando vivemos uma dor profunda ou aguardamos por algo, mas encolhe e escapa quando nos sentimos plenamente felizes. Num momento, somos crianças, cheias de sonhos e fantasias; no outro, percebemos marcas no rosto e na alma, testemunhas da nossa própria trajetória. E entre um instante e outro, tudo muda e, ao mesmo tempo, tudo parece permanecer.

Essa passagem ambígua do tempo é um espelho que nos mostra o quanto, apesar de tentarmos controlá-lo, ele segue seu próprio rumo, lento e implacável, rápido e fugaz. Talvez, no fundo, seja essa a beleza de viver: sentir, a cada segundo, que os anos se desenrolam de forma misteriosa, e aceitar que a magia do tempo está justamente nesse paradoxo, em que o ontem parece tão distante, e o amanhã, ao alcance da mão.

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domingo, 10 de novembro de 2024

Lembras-te quando foi?

Lembras-te quando foi? Aquela tarde de céu rosado, com o cheiro doce da chuva que mal tinha começado a cair? Sentados na velha varanda, já desgastada pelo tempo, ríamos de histórias antigas como se fosse a primeira vez que as contávamos. Havia uma leveza naquelas horas, como se o mundo tivesse parado para ouvir as nossas recordações.

Lembras-te quando foi? O dia em que partimos sem destino, só nós e a estrada à frente, sem pressa de chegar. O vento batia nos nossos rostos, misturando-se com o som das nossas gargalhadas. Parecia um sonho distante, mas, na verdade, aconteceu. Quantas memórias guardadas em pequenos detalhes, que só a nossa lembrança reconhece. O tempo era outro, e nós também.

Lembras-te quando foi? Aquela conversa longa até o sol nascer, em que os segredos mais profundos vieram à tona. Havia confiança, cumplicidade, e a sensação de que nada poderia romper aquele momento. Sabíamos que, por mais que a vida nos levasse a lugares diferentes, aquela memória permaneceria intacta, como uma fotografia escondida no fundo de uma gaveta, esperando ser redescoberta.

É curioso como as lembranças são feitas de detalhes tão simples. Uma data exata, talvez, já não importe tanto. Afinal, lembrar não é reviver os minutos, mas os sentimentos que ficaram. O que marca, no final, não é quando aconteceu, mas como, então, nos sentimos - e este é o tipo de lembrança que o tempo não apaga. Por isso não esqueci!

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sábado, 9 de novembro de 2024

UM HERÓI

Ontem estive, com o meu filho, presente num momento muito especial.

A Marinha Portuguesa e o seu Ministro da Defesa celebraram, com dignidade, a promoção, a titulo póstumo, do meu tio, Comandante Artur de Sacadura Freire Cabral, a Contra-Almirante. Fizeram, por isso, entrega das respetivas insígnias, braçadeiras e boné.

No centenário da morte trágica de Sacadura Cabral estas distinções - também o Grau de Grã Cruz da Ordem de Camões de Portugal - culminam uma forma de reconhecimento nacional pela suas qualidades de coragem, audácia, rigor e patriotismo, a travessia aérea que ele e o Almirante Gago Coutinho fizeram de Portugal ao Brasil e que foi uma etapa notável na historia mundial da aviação e na da aviação naval portuguesa.

Como familiar direta serei, orgulhosamente, a fiel guardiã deste nobre espólio!

As Tuas Mãos

As tuas mãos guardam histórias que só elas sabem contar. Nas linhas e curvas dos dedos, estão esculpidos os rastros do que viveste e as marcas do que sonhas. São mãos que carregam um mapa invisível, traçado por dias de sol e de chuva, pelas alegrias e pelas lutas silenciosas.

Com as tuas mãos, construíste e cuidaste. Elas aprenderam a tocar e a consolar, a abraçar o mundo à tua volta, sem palavras. Quando seguram outras mãos, é como se transmitissem uma mensagem muda, mas poderosa, de força, carinho e presença.

Há nos teus gestos um eco de quem tu és, uma linguagem própria que fala de uma generosidade infinita e de um desejo de moldar o mundo. São como extensões do teu coração, sempre prontas a agir em harmonia com aquilo em que acreditas. E mesmo nos momentos de repouso, guardam a energia de quem ainda tem muito a fazer, muito a dar.

As tuas mãos são a prova viva de uma jornada que continua. E, também, das carícias que nas minhas deixaste!

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sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Talvez um dia.

Talvez um dia a gente se esbarre de novo, em algum canto inesperado da vida, e troque um sorriso tímido, quase sem jeito, daqueles que carregam um universo inteiro de histórias não contadas. Talvez um dia, os olhares se cruzem com aquele brilho que só existia quando ainda havia esperança, quando as possibilidades eram tantas que a gente se perdia em todas elas.

Talvez um dia o tempo decida ser gentil e traga de volta as risadas, os momentos que ficaram presos em fotografias e memórias, congelados num espaço que só pertence a nós dois. Quem sabe, naquele momento, possamos entender melhor o porquê de termo-nos encontrado, encantado, e, depois, partido cada um para seu lado, carregando um pouco do outro dentro de si.

Talvez um dia você se lembre de algo que só eu sabia, de uma música que só nós dois entendíamos, de uma frase que era só nossa. E talvez esse dia chegue no meio da correria, do café da manhã apressado, entre uma reunião e outra, o seu pensamento escape para um passado que nunca foi concluído, uma história que ficou em aberto.

Talvez um dia a saudade vire algo leve, um sorriso discreto, uma lembrança que aquece sem doer. E quem sabe, naquele instante, nós percebamos que, mesmo separados, fomos parte de um caminho importante, um pedaço bonito de um tempo que não volta mais, mas que sempre vai existir dentro de nós.

Talvez um dia.

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