segunda-feira, 26 de outubro de 2020

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

A importância do abraço

 Eu sei que não há coincidências, mas ontem o meu neto André telefonou-me para me dizer que morria de saudades de me dar um abraço. Fiquei com o coração partido, logo agora que o operei para ele ficar mais bonito. Mas após o telefonema, curiosamente, e de forma um poco inesperada, um amigo enviou-me um texto lindíssimo de Tolentino de Mendonça sobre a importância  desse gesto e dos diferentes significados que ele podia ter. Com efeito o abraço tem tanta força, que só agora que os não podemos dar, é que percebemos a falta que eles nos fazem na dor, na alegria, no apoio, na despedida ou no acolhimento, no luto, na congratulação pelos sucessos,  ou  na reconciliação.

Sou uma mulher de afectos e quem me conhece sabe disso. Eles são a arquitetura da minha vida e a saudade que mais sinto, neste longo confinamento a que fui submetida, é deles.  De apertar entre os meus braços todos aqueles que amo. Curiosamente não sinto tanto a ausência de beijos, talvez porque neles, eu fosse mais resguardada. Os beijos são distribuidos com mais parcimónia, ficam mais para dentro de casa.

Por isso o texto do Cardeal Tolentino me tenha tocado tanto. É que foi no seu abraço onde me anichei quando perdi o meu filho. E, ainda hoje tenho bem presente a força que ele me transmitiu!


HSC

sábado, 17 de outubro de 2020

Beleza e Cultura


A Perfumes e Companhia decidiu, e bem, ajudar aqueles que fazem da cultura a sua missão, contribuindo com 1€ para o FUNDO DE SOLIDARIEDADE PARA A CULTURA em todas as compras de um dos seus muitos perfumes. Parece-me uma ideia de louvar tanto mais que livros e perfumes são excelentes prendas em qualquer altura do ano!

HSC

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Não consigo perceber

Confesso-vos que não consigo perceber qual a legislação em vigor, para o período da pandemia. Leio os jornais, percebo que estamos a subir na propagação do vírus, tento cumprir as normas sem as discutir, mas já não sei se as regras que sigo estão em vigor. Não mais do que 5 pessoas nuns casos mas admitem-se 50 em casamentos e batizados. Nos velórios não sei qual é o numero tolerado, mas oiço cada vez mais expressar a vontade de morrer em casa, com velório na mesma e um pouco de comida a acompanhar. Ou seja, parece que se está a voltar ao tempo dos meus avós, em que era assim que se fazia.

É dificil perceber que um dia se afirme uma coisa e no dia seguinte um outro responsável diga algo diferente. Parece urgente que a DGS elenque o que está proibido e o que não está, para que saibamos a quantas andamos. Há dias passei junto de um liceu, na hora de saída, e fiquei pasmada. Os miúdos saiam de máscara, mas e a primeira coisa que faziam era  tirarem a dita e agruparem-se uns em cima dos outros com a complacência policial que deve ter-se sentido impotente perante aquela horda de crianças .

Vim para casa a pensar nos meus filhos e no meu terror que eram as drogas distribuidas no liceu em que o mais velho decidira andar. Não fui tão eficaz quanto queria, porque anos mais tarde, numa entrevista, ele contou o que experimentara. Na altura fiquei tristíssima pela minha inocência, a esperteza dele e a inutilidade da experiência. Depois de acalmar, pensei na velha máxima da minha avó Joana, que dizia sempre "quem boa cama fizer, nela se há-deitar". 

Chamei-o de parte e disse-lhe que a partir daquele dia, ele seria o único responsável pelos seus actos e que para a idiotice não contasse comigo. E assim fizemos, ao longo da nossa existência!


HSC

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Eramos felizes e não sabíamos


Não sou passadista mas este vídeo relembrou-me tempos felizes em que nem sequer nos davamos conta de que o éramos. Neste intranquilo momento que atravessamos vivendo um dia a dia como se ele pudesse ser o ultimo, apeteceu-me partilhar convosco este vídeo que celebra as décadas de 60,70 e 80 que tanta alegria trouxeram a muitos de nós.

Gosto muito de viver os tempos de hoje e de aproveitar tudo o que de bom eles puseram ao nosso alcance. Mas não quero, nunca, esquecer aqueles lá para trás que prepararam a minha serenidade de agora!

HSC

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Um novo abecedário


É hoje que será posto à venda nas livrarias o meu novo livro, que esteve em pré venda durante cerca de 15 dias. Agora, já pode ir a uma livraria perto de si, folhea-lo e compra-lo. Espero que o façam e sobretudo que nestes tempos ainda perturbadores, a sua leitura contribua para aquela serenidade de que tanto precisamos. 


HSC

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

O teste do Covid

 Nesta situação de pandemia em que vivemos, sabemos que fazer o teste do Covid se torna cada vez mais urgente, caso apareçam sintomas ou tenhamos estado em contacto com alguém que vem a ter, posteriormente, a doença.

Nos Centros de Saúde e nos que foram criados para o efeito, suponho que os ditos sejam gratuitos. Nos hospitais privados cada teste custa 100€ e habitualmente quem a eles recorre é movido pela rapidez do resultado.

Sendo uma questão transversal a toda a população nacional, não deveria o governo estabelecer uma tabela para todos os privados, com um valo máximo limite, que estes não pudessem ultrapassar? 

O Estado que se mete na nossa vida privada a propósito e a despropósito, não deveria, como nos medicamentos, intervir e fazer baixar um preço de uma análise que é manifestamente alto, numa altura em que ela é básica para dominar a pandemia? 

Acabaram com as PPP. Só espero que o inverno não venha a impor, de novo, a utilização dos equipamentos privados. Porque, se isso acontecer, todos nós sabemos que os preços irão subir, para compensar aquilo com que se acabou. E nessa altura, o poder de negociação não será o melhor...


HSC

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Da frustração à ilusão

Na ultima revista do El Pais vinha um interessante artigo sobre estes tempos pandémicos que vivemos. Dizia o autor que desde crianças a frustração nos acompanhou quandos os nossos desejos se não realizavam. Mas, ao contrário do que os adultos consideravam ser um capricho, essa frustração tinha raízes mais fundas no ser humano.

Com efeito, a frustração está presente em todas as etapas da vida e o nosso êxito como pessoas, dependerá da nossa capacidade de gestão desse sentimento. Assim a felicidade reside na diferença entre aquilo que sonhamos e aquilo que conseguimos realizar. Se apenas realizamos 50% daquilo a que aspiramos o nosso nível de felicidade não passará de uma média satisfação, já que metade terá ficado por realizar. 

Porém quando o que se deseja pesa mais do que o que se tem, então a frase de Jung "a vida não vivida é uma enfermidade da qual se pode morrer", é capaz de  fazer todo o sentido, já que na sociedade da competitividade e da satisfação instantânea - ao alcance de um clic - a frustração vai acompanhar-nos sempre, já que se torna impossível satisfazer desejos em continuo. Este quadro desenrola-se, claro, em condições normais. 

Em pandemia passou-se de um consumismo desaforado para uma cultura da cancelação. Fechou-se quase tudo em que a nossa vida se desenrolava para vivermos profundamente frustrados, com sintomas que vão da melancolia, à irritabilidade, ao aumento do consumo de álcool, à automedicação e aos pensamentos circulares de caracter negativo que aumentam o medo e dificultam o sonho. Neste pano de fundo a frustração apoderou-se de uma parte importante da nossa vida.

Então como tentar ultrapassar esta situação? Não há receitas gerais, mas há a possibilidade de utilizar algumas das nossas ferramentas pessoais. Saliento cinco, que me serviram e poderão, talvez, ajudar outros. 

1.Cultivar a paciência, uma medida óbvia mas eficaz. Tanto em crianças como em adultos, a frustração surge por não se obter, na hora, o que desejamos. Contra esta imediatez só uma visão alargada permitirá que relaxemos, acreditando que mais tarde ou mais cedo viremos a obter aquilo que queremos

2.Examinar os custos / benefícios e tirar conclusões. Um empregado que perde o seu emprego, terá forçosamente de procurar alternativas incluindo, até mudar de área ou criar o seu auto emprego. E, então sim, olhar para o quociente acima referido e perceber o que vale a pena.

3. Assumir a instabilidade de tudo. Todos sabemos que nada do que consigamos é para sempre. Logo, a satisfação é sempre temporal. Mas se nada permanece e tudo muda, a  frustração deixa de ter sentido. Nesta alteração a máxima "desejar o melhor, afastar o pior e aceitar o que venha" parece fazer todo o sentido.

 E é mais ou menos assim, que cada um de nós, aqueles que permanecemos sãos, teremos podido conviver com a clausura, a contenção do afecto e o próprio trabalho faseado, tentando manter a ilusão de que tudo, um dia, voltará a ser o que era. O que é pura ilusão, porque nada voltará à anterior realidade. Mas eu sou das que acredito, que quando essa ilusão se desfizer, nós sberemos encontrar uma nova normalidade mais justa e solidária!


HSC