Não sou saudosista. Também é verdade que até aos 50 anos não havia muito de que ter saudades porque a minha vida, na riqueza de sentido que lhe atribuo, só começou naquela idade. Até lá, andei a aprender. Primeiro a andar e a falar. Depois a estudar. Depois a tomar consciência das ferramentas que possuia. Depois a tratar do marido e dos filhos, quase sem tempo para mim.
Finalmente, pelos 45 anos, sabia muito bem o que não queria, os filhos estavam criados e não precisavam de mim, o marido fora à vida dele que não era a minha e eu principiava a reconhecer-me. Foi o período em que, feita a aprendizagem, a minha bússola interior começava a apontar-me o caminho. A partir daí investi em mim, ousei, arrisquei, enfim, vivi. Sem mágoas nem complexos, escolhendo o meu norte.
Hoje, esse capital acumulado no qual os "outros" estiveram sempre primeiro do que eu, acabou por dar frutos e permitiu-me compatibilizar o passado e o presente, nas devidas proporções. Não renegando nunca o que vivi, deixei contudo, de lhe dar a importância que na altura, creio, deve ter tido. E pude arrumar numa gaveta fechada, com carinho, o que julguei ter sido muito importante e afinal não foi assim tanto. Deste modo posso manter vivo na lembrança e na memória, um outro passado recente - o tal que vivi desde os 45 - esse, sim, imensamente enriquecedor.
HSC
HSC
Há muitos assuntos que aqui aborda com os quais me identifico bastante . Este é um deles! Costumo dizer que os meus cinquentas são os meus anos dourados.Quem ainda não os tem e ouve o que digo sobre o assunto, olha para mim como se fosse tolinha !
ResponderEliminarPena que passam tão rápidos...já vou em mais de metade nessa década . Até a menopausa teve medo de mim ! Passou e andou sem deixar rasto. Sim, tive sorte.
Abraço.
Porque será que sempre que leio um post seu, sorrio? A resposta é simples: porque me faz bem, feliz.
ResponderEliminarÉ a primeira vez que faço um comentário num blogue, mas acompanho o seu blog religiosamente. Ter o prazer de a "ler" é música para os meus ouvidos.
Não a conheço e provavelmente nunca a irei conhecer, mas isso não importa.
Como disse, seguir o seu blog faz-me sorrir e faz-me bem.
Um beijinho do Norte de Portugal
Anabela Oliveira
ResponderEliminarBom dia Helena!
Acredite ou não, pensei há pouco tempo, na entrevista que deu na alta definição. Onde dizia com toda a naturalidade que se conhece, que a melhor fase da sua vida começou aos 50 anos, que não corria riscos, que estava bonita...
A minha está a começar agora aos 42, a minha mudança já é visível mas ainda me falta um percurso longo, estou no processo de aprendizagem.
Hoje, não sinto saudades dos meus 20,30 anos, a vida ensina-nos a perder, fobias, inseguranças,complexos a valorizar-nos mais.
Hoje, invisto mais em mim, mas ainda me falta seguir as outras orientações de que fala nesta frase. Espero um dia chegar a esse nível espiritual, que de certa forma todos desejamos.
"A partir daí investi em mim, ousei, arrisquei, enfim, vivi. Sem mágoas nem complexos, escolhendo o meu norte."
Muito bom o seu texto, um ensinamento para muitas mulheres que já se sentem complexadas com a idade, ou infelizmente as fazem sentir, quando procuram emprego e são recusadas por terem mais de
40.
Carla
Parabéns, não há-de haver muita gente a falar assim.
ResponderEliminarÉ verdade o que diz, também o sinto quase dum modo semelhante. Levei mais tempo a "libertar-me" do outro eu, mas agora, sinto que posso ser senhora daminha vida. Nunca como este ano o fui tão despudoradamente. É bom levantar-nos com a sensação de que podemos fazer o que quisermos, ninguém nos obriga a isto ou aquilo, não temos planos, a vida é nossa...
ResponderEliminarAcho que foi tarde demais que aprendi a gostar mais de mim que dos outros...mas vou aproveitar!!!
Quando "for grande" quero ser parecida com a Helena.
ResponderEliminarAnónimo das 15:45
ResponderEliminarNão publico o seu comentário porque ele se refere a uma interpretação sua da vida pessoal de uma comentadora. E que podia magoa-la sem qualquer necessidade.
Julgo que me compreenderá!
Compreendo sim.
ResponderEliminarQuanto à interpretação que refere, não só é pessoal,como é a de todas as pessoas próximas da "personagem" em causa.