terça-feira, 18 de novembro de 2014

O Clooney, o café e eu


Já o disse várias vezes. Não gosto do George Clooney. Mas gosto de café. Porém, não aprecio café encapsulado. Gosto de café de balão, aquele cujo aroma se espalha pela casa e nos transmite a sensação de que nela vive gente - quem sabe, uma família - que gosta de café. 
Julgo que foi a falta do aroma e a presença do Clooney que determinaram esta minha rejeição de tudo o que é comprimido numa rodela de plástico que acaba por se abrir nas garras de uma peça metálica entranhada na máquina eléctrica. 
No filme publicitário, o paradoxo é a gota que cai no líquido, subir pela magia do actor. Na vida real esta minha opção traz-me grandes complicações, dada a dificuldade em arranjar filtros ou balões que, na maior parte dos casos, obrigam a deslocação a um número cada vez mais escasso de casas especializadas.
A minha esperança - face a esta crise danada que nos atormenta -, era a de que pudessemos recuperar tradições que se perderam e que, ao nível do vestuário, até já despontam. Com efeito, retornaram as costureiras e os "arranjos" de roupa que elas tão bem realizavam. Daí ser perfeitamente admissível a esperança de que nos voltássemos a reunir no ritual do café com que terminava a refeição há uma dezena de anos.
Não tive sorte nenhuma. O hábito da bica fora de casa entrou dentro desta e as garbosas máquinas eléctricas que até são bem decorativas, tornam pouco provável o retorno deste desidério.
Assim, trato com mil cuidados os balõezinhos de vidro, lavo com amor entranhado os filtrinhos de flanela e, perante o gozo familiar, tomo um café que enche a minha casa de aroma, enquanto o pessoal domesticado pela Nespresso, tira bicas em cascata, sem se dar conta da ausência do senhor Clooney!

HSC

10 comentários:

  1. Também não aprecio o Clooney, nunca apreciei. Já café, de cápsula, de balão ou de saco, gosto de todos. Mas é claro, é claro que nenhum chega ao que eu moía em pequena no moinho da minha avó, que depois de envolto em água fervente da lareira, deixava no ar um lugar inesquecível...

    :)

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  2. O que a Helena me fez recordar...a cerimónia do café ao fim do almoço. Era mesmo o momento alto dos nossos almoços e muitas vezes pomo de discórdia entre os meus pais. A minha Mãe é que fazia o café na máquina de balão e com lamparina de álcool. O problema é que o meu Pai tinha consultório às 2.30 e o café nunca estava pronto na hora. Depois o filtro entupia e era preciso tirar-se o café e passá-lo por um passador....uma tragédia....o cheirinho era divinal, mas o café não era melhor....Clooney dispenso, mas o cafezinho quentinho não!!!

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    1. Não será o Clooney que dispensa a Virgínia? eheheh

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  3. Eu sabia!, eu sabia que, um dia, viria a discordar de si. Lá está, nunca me passou pela cabeça que seria por causa de um café. Antes isso.

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  4. O meu ritual de café sempre foi solitário que ninguém o queria beber em casa. Problema que em alguns elementos desapareceu com o uso das cápsulas que a Helena detesta e eu encontro muito práticas. Porém, dois dias por semana concedo-me o privilégio de gosto e cheiro.

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  5. Também gosto muito do aroma do café, mas não bebo.
    Tenho máquina só há 4 meses, o homem da casa bebe, como os amigos que lá vão.
    Eu, não dispenso o meu galão já feito da Serra Leite, prove que vai adorar.
    Aproveito dizer que não tenho microondas por opção,é coisa que numca me fascinou. A comida que sobra vai sempre ao fogão.

    Carla


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    1. Ó Carla, mas não há nada mais prático que um microondas! Imagine que me é tão tão indispensável que até mandei instalar um na nossa autocaravana! Vi a primeira demonstração em 1980 em Londres,no Selfridges, e fiquei a sonhar com a altura em que iriam chegar a Portugal. Tive o 2º que aqui, nesta cidade alentejana, se vendeu!
      Se tiver um não vai mais passar sem ele, garanto-lhe!

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  6. O café dos "cafés" é horrível. Dificilmente se encontra um de boa qualidade. Eu faço com filtros "Melita" e café "Quénia".
    E lá fica aquele cheirinho em casa!

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  7. eu gosto de café...de qualquer maneira....

    é o meu vício!

    :)

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  8. Dalma,
    a minha mãe, avó já com 86 anos têm microondas, por norma cozinho para 2 x, sopa para mais, mas não me importo, nada de aquecer no fogão.
    Garanto-lhe, que até agora passo muito bem sem ele :)
    Ainda sou do tempo, que a minha avó fazia a comidinha na lareira em panelas de barro, passei a minha infância num monte alentejano, onde não existia água canalizada e luz, passavamos o serão à luz do candeeiro a petróleo, belos tempos...

    Carla

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