quarta-feira, 12 de junho de 2013

Enxovalhos



"A austeridade destrói o País. 'Troika' fora de Portugal." Foi com estas palavras inscritas em pequenos cartazes que o Presidente da República foi recebido esta manhã no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, onde está de visita, numa iniciativa organizada pelo Bloco de Esquerda e PCP, juntamente com os partidos do grupo da Esquerda Unitária (Syriza, Die Linke, Izquierda Unida, Front de Gauche).
                               (in Diário de Notícias)

Percebo, mas confesso humildemente que tenho mixed feelings relativamente a este  tipo de manifestações. Com efeito, quando sai para o estrangeiro, quer queiramos quer não, quer gostemos quer não, o Presidente da República personifica o país. Assim sendo, desagrada-me vê-lo ser recebido de forma hostil, porque, no fundo, sinto que é Portugal que está a ser maltratado. E quando são portugueses em funções oficiais no estrangeiro a faze-lo, ainda me causa mais incómodo. Percebo a "razão", mas aceito com dificuldade o "modo" de actuação, sobretudo, na presença de estrangeiros
Quando as coisas se passam internamente o enxovalho é mais pessoal do que institucional. Posso ter dúvidas sobre o processo, posso mesmo entender que preferia que assim não fosse, mas não questiono, nem censuro quem se manifesta, desde que o faça ordeiramente e sem violência. Porque a paciência tem limites e estes, entre nós, há muito que foram ultrapassados. 

HSC

13 comentários:

  1. Eu estava lá (no hemiciclo, claro, não na manifestação). A hostilidade foi dirigida contra a troika e as suas políticas, não contra o nosso Presidente (que fez, aliás, no seu discurso críticas sérias a algumas políticas da troika).

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  2. Vendo a coisa por outro prisma, nunca antes houve um PR a ser alvo de tanta desconsideração, pouco respeito e simpatia como o actual. Conviria que nos interrogássemos porquê. Em política não há meninos de coro. O respeito ganha-se e consegue-se em função dos actos, procedimentos, comportamentos e decisões que se tomam. Não é o lugar que se ocupa que só por si garante respeito. Esse ganha-se em função da actuação que se tem. E quando se chega o ponto de querermos respeitar “pelo menos a Instituição (Presidencial)”, quem exerce essa “magistratura” fica, desde logo, diminuído, sob todos os aspectos.
    Enfim, tempos que correm. Tempos difíceis. Tempos diferentes. Tempos que se espera acabem um dia – sem deixar saudades (políticas).
    P.Rufino

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  3. Caro Alcipe
    Mas se o Presidente não corporiza a troika - até a critica -, porque é que é justamente na sua visita que se faz a manifestação? Porque não antes, noutra qualquer altura, uma vez que as razões de queixa não são de agora?
    Em política não há acções inocentes...
    Não aprecio este Presidente. É público e não o escondo. Mas enquanto ele representar Portugal tentarei respeita-lo.

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  4. Caro Rufino
    É verdade que o respeito se ganha e se consegue em função de actos e procedimentos.
    É por isso que mesmo não gostando de Jorge Sampaio e discordando de muitas medidas que tomou, enquanto foi Presidente tentei respeita-lo. E já agora digo-lhe e talvez o surpreenda, Ramalho Eanes foi, a meu ver, o mais respeitável de todos os nossos PR pós 25 de Abril.

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  5. Caríssima Helena:
    Disse: «porque é que é justamente na sua visita que se faz a manifestação?»
    Porque vivemos na sociedade do espectáculo, o que conta é este, que tem os seus rituais. Já viu se um artista não entrar na altura certa no espectáculo, não recebe palmas.
    Quanto a Ramalho Eanes, estou em parte de acordo consigo, excepto em 2 pontos.
    1.º - não vivíamos tanto na sociedade do espectáculo.
    2.º Ramalho Eanes fundou um partido a partir da presidência.
    O tempo faz esquecer muita coisa, por isso falamos candidamente da nossa infância ou adolescência quando somos velhos. Temos é saudades daquelas idades perdidas para sempre.
    «A memória é uma história que contamos a nós próprios», disse em tempos a escritora Rosa Mantero.
    Separada do irmão desde a adolescência, quando se juntavam e falavam do tempo vivido em comum com os pais, parecia que falavam de duas realidades completamente diferentes. Mas falavam da mesma a partir das memórias, que são construções que cada um faz do seu passado.

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  6. Caro António PP
    Não, não esqueci esse lapso onde mergulharam alguns nomes que se perderam. Apenas disse que, para mim, ele foi "o mais respeitável" de todos os PR pós 25 de Abril. É que, apesar desse erro enorme e da manipulação que alguns dele fizeram, ele supera em respeitabilidade, todos os outros que conheci. E isto sem qualquer retorno ao passado, que me não cativa de todo!

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  7. É a própria helena S. C. que conclui o seu texto afirmando que
    «a paciência tem limites e estes, entre nós, há muito que foram ultrapassados». É exactamente por isso, a meu ver, que estas manifestações ocorrem. Depois, a ideia de que «o Presidente da República personifica o país», ai ai... E aqueles deputados portugueses personificam o quê?

    Com todas as diferenças que nos separam ideologicamente, suponho, a senhora personifica o país muito melhor que o presidente. (E agora que ele me processe, pimba!)

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  8. A minha opinião pouco interessará a quem escreveu o post e quem até aqui o comentou. Porém acho inaceitável a atitude dos deputados em causa. O respeito pelas pessoas e instituições é um dever que devemos manter. Podemos/devemos discordar mas com respeito.
    p.s. Enfim, tiveram os seu minutos de protagonismo nos media e talvez fosse isso, a cima de tudo, que procuravam.

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  9. Também eu lamento que um Presidente da República de Portugal seja enxovalhado no estrangeiro, e por estrangeiros (que estavam em maioria entre os manifestantes).

    Mas ainda hoje me custa a aceitar que ele tenha sido enxovalhado, olhos nos olhos, durante uma visita de Estado, pelo Presidente da República Checa, e tenha engolido em seco. Como se pode qualificar o seu silêncio, sem utilizar um adjectivo que possa ser considerado ofensivo?

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    1. CF, talvez a necessidade do "politicamente correto"! É a minha leitura...

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  10. Cara Dalma
    A sua opinião conta tanto como a minha ou a de qualquer outro comentador. Este é um espaço de diálogo.
    Posto isto, estou consigo: também eu não esqueci essa tremenda grosseria de que fomos alvo através do PR que, julgo, não terá respondido para se não colocar ao mesmo nível. Espero que tenha chamado o Embaixador e lhe tenha manifestado o seu profundo desagrado.

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  11. Já se questionou bem mais o "institucionalmente incorrecto"... confesso-me igualmente confuso!!!
    Penso haver mais uns quantos... muitos mesmo!
    Cumprimentos Srª HSC

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  12. É mesmo uma falta de respeito institucional.

    Também concordo que o Ramalho eanes foi "o mais respeitável" dos PR e... continua a ser "o mais respeitável dos ex-PR".

    Isabel BP

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