O texto que se segue é de Rui Rocha e foi postado hoje no blogue colectivo Delito de Opinião a que também pertenço. Trata-se de uma análise serena e objectiva que traduz o que penso deste acontecimento. Permiti-me, por isso, transcreve-lo na íntegra:
"Uma análise isenta sobre o percurso político de Chávez deve ter presente alguns aspectos essenciais. Desde logo, o ponto de partida. Os protagonistas que o precederam deixaram o país mergulhado na corrupção, a braços com uma profunda crise política, económica e social e com níveis de desigualdade absolutamente escandalosos, num processo que terminou noimpeachment de Carlos Andrés Pérez. O sucesso da proposta chavista deve-se, para além das óbvias manobras e golpes de manipulação das regras democráticas, ao falhanço estrepitoso das forças políticas mais à direita. Não encontraram, antes de Chávez, propostas políticas credíveis e, depois, não souberam resgatar-se do passado nem foram capazes de apresentar alternativas de renovação. Muitos anos passaram até que esse espectro político encontrasse, com Capriles, um projecto percebido como sério pelos eleitores. Depois, o balanço não pode ficar pela apresentação, a seco, da evolução dos indicadores económicos e sociais do chavismo. É preciso, contextualizá-los, antes de mais, com a subida vertiginosa do preço de matérias-primas como o petróleo que beneficiaram muito a Venezuela. E é necessário, sobretudo, perceber que o sucesso em certos indicadores não justifica, em caso algum, práticas anti-democráticas de caudilhismo, manipulação da realidade e repressão da libedade de expressão. Caso contrário, teríamos de reconhecer que certas experiências totalitárias, que condenamos com justificadas razões, deveriam ser reabilitadas em função de algum sucesso económico que tivessem promovido. Por último, não se pode deixar em claro o aproveitamento grotesco que Chávez e os seus putativos sucessores fizeram da doença e da morte, utilizando-a como arma de arremesso político e de legitimação das suas aspirações. O sofrimento e a perda, independentemente da simpatia que temos ou não pela pessoa e pelo político, devem ser respeitados. Ponto é que essa contenção inclua também o próprio e os que lhe estão próximos".
HSC
Independentemente de concordar ou não com as políticas seguidas pelo Hugo Chávez, é uma vida humana que se perde.
ResponderEliminarDescanse em Paz!
Muito obrigada por nos ter oferecido uma análise lúcida e imparcial sobre Hugo Chavez!
ResponderEliminarO povo venezuelano merece respeito pelo luto que tem que fazer. Desejo-lhes um futuro democrático e em paz!
Um abraço muito amigo,
lb/zia
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ResponderEliminarUm beijo, Helena.
Concordo embora existam mesmo grupos que gostariam de sacar o petroleo venezuelano e se marimbam para tudo e todos.
ResponderEliminarSugiro, humildemente, o blog do Mauro Santayana, grande e honrado jornalista do meu querido Brasil. Obrigada!
ResponderEliminarum caudilho populista no pior sentido latino-americano, um governo pessoalista onde nada existia alem da vontade do presidente que controlava pessoalmente o parlamento, os trinunais, o banco central; os niveis de corrupção aumentaram centenas de vezes em relação aos regimes anteriores; na venezuela não havia liberdade de expressão,chavez fechou todas as radios e televisões que tinham manifestações criticas de independencia; e o uso grotesco, macabro, da doença que persistirá pois seguindo o bom exemplo dos grandes tiranos já foi decidido embalsamar o corpo e expô-lo em permanencia para o futuro. nunca combateu a insegutrança urbana e outras que hoje atinge niveis insuportaveis, conivente com a guerrilha colombiana que escondidamente apoiava, as farc.
ResponderEliminarmas era popular e sempre teve a maioria dos votos que o elegeram.
populismo, a doença politica endémica da america latina que continua e continuará...
Cara Helena.
ResponderEliminarO primeiro comentário de 6 de Março de 2013 às 22:24 é meu, mas esqueci-me de assinar.
Isabel BP