Praia das Maçãs

Depois do Lincoln, dei-me ao luxo de um Sábado cheio de sol. E da emoção que me traz sempre esta luz. Levantei-me cedo para ir buscar ao aeroporto um amigo do coração. Que vinha de Berlim onde o tempo não está tão ameno como aqui.

Embora ele conheça bem a cidade e o país, resolvi que iríamos almoçar para as bandas do Guincho. Mas primeiro estivemos três horas naquele precioso areal, sentados a receber os raios de um sol de inverno como não se encontra em qualquer outro lugar.

Almoçámos numa varanda de madeira e, sei lá bem porquê, de seguida apeteceu-me ir à Praia das Maçãs, sentar-me no muro onde costumava estar o meu filho Miguel. Ficámos por ali um bom bocado e soube-me muito bem. 

Desde a sua morte, muita coisa mudou na minha vida, cujo ritmo se transformou. Vivo mais devagar, talvez seja isso. Há uma espécie de retardador automático que me faz ver tudo com muito mais lentidão. E não se pense que é pior. É diferente e até me permite uma atenção mais detalhada a coisas de que antes pouco me apercebia.

Naturalmente são as metamorfoses da idade e eu não dou por isso. Mas se assim for, é bastante menos mau do que eu esperava!

HSC