Perante uma crise que parece ter-se instalado, a Europa mais pobre está a assistir, desde 2008, a uma vaga de fuga de cérebros em procura de trabalho.
Quem são este jovens que estão a sair dos seus países de origem? São engenheiros, médicos, consultores, investigadores que abandonam a Espanha, a Irlanda, a Grécia, a Itália e Portugal. A maioria deles ainda não tem trinta anos, nem família constituída. Possuem um diploma e não conseguem encontrar ocupação. Metem-se num avião low cost, com bilhete só de ida e partem à aventura alterando o saldo migratório que antes fazia dos seus países uma terra de acolhimento.
De facto, e falando só dos nossos vizinhos, aquele saldo perdeu em 2011 mais de 50000 pessoas, tornando-se pela primeira vez negativo.
Por outro lado, uma análise da taxa de desemprego dos que possuem menos de 25 anos revela, para os chamados Piigs (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), números preocupantes. Assim, em Espanha situa-se nos 53,27%, na Grécia nos 51%, na Itália nos 36,2%, em Portugal nos 35,54% e na Irlanda nos 28,5%.
E para onde vai esta diáspora? Estudos realizados mostram que se deslocam para os países mais ricos, nomeadamente a Alemanha, a Suíça, a Austria, a Holanda, a Noruega...
Mas ensaiando primeiro as afinidades culturais os portugueses procuram o Brasil ou Angola, os espanhóis a América Latina, os jovens de origem turca retornam às margens do Bosforo, os irlandeses a Grã- Bretanha ou os Estados Unidos.
No fundo, qualquer dos elementos desta geração perdida, procura apenas realizar o seu sonho de um futuro melhor.
Se este fenómeno persistir sem que sejam acauteladas medidas de redenção para esta "economia da inteligência", as consequências económicas e demográficas serão pesadas. E nem sequer falo dos efeitos sociais em cada um dos países que estes jovens abandonam, onde a taxa de natalidade enfraquece e a de velhice acelera!
HSC
HSC
Cara Helena,
ResponderEliminarSó para lhe contar que esta noite sonhei com o seu Miguel. Nada de especial, cruzávamo-nos num corredor, eu fazia que não sabia quem ele era, mas chegando ao fim do corredor, curiosa, olhava para trás e estava ele tb virado ligeiramente para trás a sorrir para mim.
Não sou nada de grandes sonhos, nem mesmo com pessoas das minhas relações, mas este sonho deixou-me bem disposta e com vontade de lho contar.
Isto não é bem um comentário, é mais uma pequena mensagem para si, esteja à vontade para não o publicar. Um grande beijinho, AA
É como diz muito preocupante, mas
ResponderEliminara política económica da Europa
vai no sentir de destruir a felicidade das pessoas. de lhes
"querer tirar tudo"...sem desenvol-
vimento não há como mudar este
estado de coisas.
Mas eu tive familiares que foram
para a Irlanda(casal com 2 filhos
pequenos) já lá tinham um dos membros
do casal a mãe, e portanto tinham
casa.Ao fim de uns meses conseguiram trabalho, a menina
com cinco anos já vai entrar para
a semana para a escola(católica).
As regalias sociais não foram tão
afectadas como em Portugal.
Eu própria já reformada e meu
marido estamos a pensar ir para
a Irlanda. Só a m/irmã ainda me
prende a Portugal.
Bom fim de semana.Bj
E outros cérebros são obrigados a desfazer as malas e a acordarem dos seus sonhos porque falta de verbas para concluir as licenciaturas!
ResponderEliminarAi que país este:
> só temos o 12º ano temos poucas habilitações
> temos no currículo uma licenciatura, temos habilitações a mais
Isto acontece e eu sou testemunha disso. Ainda há dias recebi a resposta a uma candidatura me disseram que não podiam dar-me trabalho, porque o meu currículo é demasiado bom para a vaga em causa (monitora de actividades pedagógicas num museu).
Em que é que ficamos, é que entre o 12º ano e a Licenciatura não há meio termo. Dantes ainda havia o Bacharelato, mas isso acabou quando se instalou o processo de Bolonha.
Vânia Batista
ResponderEliminarOra aqui está mais um dos seus textos que não posso deixar sem um modesto testemunho. Testemunho de enorme desilusão, perante a calamitosa e moderna diáspora, onde sou obrigada a cooperar como mãe e docente. É muito desmotivante ajudar a construir um futuro nestes moldes. Os meus alunos, tal como as minhas duas filhas, não têm lugar no país que os formou que neles investiu que neles apostou e que deveria ter as evidentes contrapartidas, as nossas contrapartidas.... Sendo que, a desmotivação, ainda mais profunda, é sabermos que esta emigração tem poucas possibilidades de ser temporária, quer pelo descalabro económico em que o nosso País se encontra, quer porque os jovens que vão “sem família constituída”, detentores de sonhos, que foram construindo durante os anos da sua Formatura, permanecerão sempre reconhecidos e acomodados a quem lhes deu a possibilidade de os realizar. A viabilização da Economia portuguesa deveria ter, em primeiro lugar, como aliás o seu comentário faz antever, uma obsessão pelo enquadramento desta “economia da inteligência”, para que, num futuro próximo, não se venha a recolher “frutos” ainda mais “amargos” do que este...
Um enorme Abraço e, mais uma vez, obrigada pela partilha
Teresa Peralta
Caríssima Helena,
ResponderEliminarCom todo o respeito, discordo em absoluto com a sua breve análise. Há vinte anos atrás também eu emigrei à procura de novos horizontes, de todos os que achava ter direito, e ainda não havia viagens low cost. Voltei dez anos depois, muito mais bem preparado em experiência e em conhecimento. O nosso país, como há vinte anos, é pobre e não tem obrigação alguma de empregar licenciados só porque o são (mormente nestes últimos anos em que ter canudo passou a ser obsessão - ao mais alto e baixo nível). Não conheço nenhum país que outrora tenha sido exportador de "cérebros" e hoje esteja a ressentir-se com este facto. Muito pelo contrário, sem necessidade de lhe dar exemplos. Vejo esta realidade como uma outra forma de exportação cuja contrapartida está na remessa de capitais pelos mesmos - esse item da Balança de Transações que nunca foi tão baixo como hoje. Urge apenas ( e "apenas" é bastante) assegurar boas condições de atractividade para um futuro regresso e isso passa pela simplificação de investimento em Portugal.
Se já nem as caixas dos hipermecados absorvem tanto licenciado (isso, sim, lamentável), não vai ser logo agora o Estado a assegurar mais custos salariais. Depois, uma empresa não necessita só engenheiros a trabalhar...
Não consigo comentar...porque mal vejo as teclas.
ResponderEliminarDesculpe!
A minha neta mais velha, gestão da Católica, foi fazer 22 anos em Março a Sidney, primeiro local de peregrinação, e agora está Makati, Filipinas.Está ambientada, tem a consciência que é um primeiro passo na sua carreira que é bom para o currículo, mas não sabe qual vai ser o seguimento. As saudades vão-se matando pelo Skype (quando se pode por causa da diferença horária), pelo telemóvel e pelos emails. Onde vai parar a nossa consciência de união familiar. Que país vai ela encontrar um dia que regresse? Estes jovens estão a dar uma lição ao mundo e a nós em especial. Que deus nos ajude.
ResponderEliminara saída de jovens está a aumentar, vejo por mim que tenho 3 filhos e tenho um filho, com o mestrado em informática, que foi para cambridge onde em um emprego a ganhar bem, e uma filha, com doutoramento em biologia - investigadora, trabalha na sua área na sorbonne em paris, e a 3ª, é educadora de infancia, tem conseguido ter trabalho, mas já me disse que se ela ou o marido não tiverem emprego que emigra logo, nem que seja para a indonésia (onde está uma prima...).
ResponderEliminaro país chuta-os para fora e que vai ser desta população a envelhecer rápidamente...
não desanimemos!
um abraço forte,
lb/z
É valha-nos o Skype e o facebook.
ResponderEliminarJá sei o que isso é na verdade.
Entretanto os jovens que acabam os seus cursos e decidem ficar no seu país fazem estágios profissionais gratuitos que em muitas situações são prorrogados sem qualquer retorno, a não ser para a instituição ou empresa que não tem qualquer pudor em explorá-los.
Os nossos jovens emigram mas somos nós que lhe pagamos a educação. O retorno vai ser vivermos num Portugal, a médio prazo, transformado num país de idosos sem que haja gente suficiente no activo para cobrir os custos sociais sociais.
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ResponderEliminarGostei muito da sua crónica até porque o problema me toca de perto e sinto na pele a preocupação relativamente ao futuro de forma similar.
Lídia
Caríssimo Paulo
ResponderEliminarHá 20 anos a realidade era diferente. E você não terá sido "obrigado" a emigrar. Talvez o tenha feito, como aconteceu comigo, por seis maravilhosos anos, para se valorizar a nível profissional e nunca em busca do pão para a boca. Além disso qualquer de nós tinha rectaguarda. Que outra não fosse, pelo menos, a da família.
Eu voltei. Mas na altura tive dúvidas em o fazer, porque recebi propostas tentadoras.
Agora, o dinheiro não retorna porque muitos dos que vão, nem sempre voltam.
Hoje, olho para trás, julgo que fiz bem, mas paguei um alto preço por isso, que foi o de ter dois filhos na política.
Se lá tivesse ficado, decerto não correria esse risco...
Cara AA
ResponderEliminarEu sonho tantas vezes com ele. É o que me dá força!
Ao longo da nossa história sempre vimos os nossos partir.Por muito que me toque -de seis filhos partiram três e de dezoito netos não tenho por perto oito- acredito que o saldo será positivo para o país. Voltarão muitos, enriquecidos com novas formas de viver e trabalhar,valorizando o que de muito bom temos e somos. Será optimismo? Tento consolar-me? Para os que ficam cabe a tarefa de preservar,lutar,e trabalhar até poder, não olhando á idade... Teresa Palma Leal
ResponderEliminarOlá minha gente lusa
ResponderEliminarTodos nós temos esta consciência!
Num tom de brincadeira... Na ultima frase " ...a velhice acelera" a culpa é da progressão exponencial. Quem provocou este "feitiço?" o efeito papillon!
Em Lausanne-Suíça os enfermeiros portugueses sao aceites, no entanto, em Genebra nao é reconhecido o percurso académico. Curioso... O motivo desconheço!
Assim vai este país!
Beijos e abraços
Ola Helena, sigo o seu blog já a algum tempo. Mas sobre este assunto não pude passar sem deixar o meu testemunho. Sou engenheira química, pelo instituto superior técnico de Lisboa- modéstia a parte um dos mais conceituados na Europa, e assim que acabei a universidade sai do pais. Já estou cá fora a 7 anos e não me arrependo. As saudades da família apertam, mas ganhei tanto nestes anos - aprendi com outras culturas, gentes, ganhei reconhecimento mesmo em países onde a voz das mulheres nem sempre e considerada como uma opinião.....e tudo isto possibilitou-me comprar uma bela vivenda de ferias no Algarve para não falar das ferias de luxo que posso me proporcionar cada 3 meses....portanto obrigada aos meus pais que me deram a possibilidade de estudar!! Sem o meu curso não chegava lá.....um beijinho e um bom dia do Lobito....
ResponderEliminar"A fuga de cérebros"
ResponderEliminarO título é honroso e não estou a ser cínica.
Eu faço parte dos "cérebros" que foram, honrosamente, parar às caixas de supermercados.
A geração anterior a esta, aquela que ainda acreditava que se estava a formar para desempenhar as funções em que se especializava ... aquela que não estava consciente de que não havia lugares de trabalho suficientes para ela, aquela a quem começaram a dizer que não podia pensar que findo o curso teria lugar imediato no mercado de trabalho, que teria de se mentalizar que o país não é obrigado a dar-lhe a profissão que, na entrada para a faculdade, escolhera. Uma geração maioritariamente apagada à força.
Aquela que ouvia e lia que mais do que um curso, a licenciatura era a ferramenta de que dispunha e lhe permitiria executar com empenho outras funções ...e bla-blá e blá
Em suma, aquela que serviu de exemplo a esta nova geração de cérebros em fuga! Pois eles sabem que os dias não melhoram, a sorte só bate à porta de alguns, a maioria, cujo maior auge da carreira, quanto muito, é passar das caixas para o serviço administrativo.
E, não querendo categorizar ou desmerecer profissionalmente ninguém, na minha opinião, os jovens fazem muito bem em partir, em perseguir a concretização das suas aspirações, embora compreenda a dor que tal partida causa nos pais e perceba que, a longo e médio prazo, poderá ser prejudicial para o país de origem.
Para a maioria das gerações activas, este não é, actualmente, um país para pessoas profissionalmente íntegras, dedicadas e empenhadas. Pois vale mais cair na graça do que ter graça! É um país de intriga viva, onde o que importa é o parecer saber fazer, mais do que o saber e ser capaz de fazer. Onde o ser, o saber e o fazer não se completam nem sequer são valorizados.
Onde vence o “Chico esperto” e por aí fora … Há excepções? Claro que as há, mas são infelizmente mínimas.
Com estima.
Cláudia
O problema é que não são só os jovens cérebros em fuga...
ResponderEliminarGostei muito do que escreveu, infelizmente é lateralidade dos nossos dias. Esqueceu-se apenas da minha geração,os que têm agora 40 e que tal como eu já trabalharam têm um CV já com experiência e são com eu Engenheiros desempregados (não de uma qualquer Universidadezinha,de uma à séria) infelizmente tenho um problema grave de saúde mas mesmo assim vou agora em setembro para a Alemanha no âmbito d um programa europeu de estágios. Acer se finalmente consigo fazer alguma coisa pelo meu futuro e pelos meus!
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