Há dias o infante trouxe-me uma caixa de cartolina branca que lhe tinha dado um amigo. Pareceu-me de pastelaria e, gulosa, fui-me a ela e abri-a, mesmo antes dele chegar para jantar.
Vejo, então, uma espécie de almôndegas grandes, roliças, cobertas de canela que, confesso, aguçaram, de imediato, o meu apetite. Peguei, trinquei, devorei.
Tratava-se de um doce divino misto de ovos moles, marsapan, gila e dom rodrigo. Comi mais outro e fiquei incapaz de jantar, claro!
Atrevida tentei saber quem os teria oferecido para, por aí, poder chegar à loja que venderia tal doçura. Sexa não se descaiu e eu decidi ir por outro caminho mais manso. Tão manso, que demorou, mas cheguei lá.
Trata-se de uma especialidade algarvia do Café Mira, em Tavira. Não sei se só se vende lá. O que sei é que se trata de algo que os estrangeiros deviam conhecer, comer, comprar, importar.
Portugal tem uma gastronomia excelente e uma doçaria de alta competição. Só precisa mesmo de se dar a conhecer, de se promover e, claro... de não ter IVA a 23%.
Necessitamos, de facto, de ser conhecidos. "Mea culpa" também, que sendo cozinheira, não sabia desta maravilha. Mas fiz o meu trabalho ao dar-vos a conhecer o petisco.
Ah! E devo acrescentar que não tenho casa no Algarve, não sou sócia do café, não conheço os donos e nem sequer sei onde o café fica, porque há uma dezena de anos que não vou para o sul.
HSC
Se a fotografia corresponde ao docinho que descreve tem muito bom aspecto. Apesar de ainda estar cheia do almoço, já comia um pedacinho.
ResponderEliminarHummm....
ResponderEliminarÀ hora do lanche...
Não podia haver post melhor, só falta o cafezinho, mas esse fica por minha conta!
;)
Vânia
Ai a glicémia e o colesterol...
ResponderEliminar:)
Ui.. ainda bem que estou a milhas de distancia..nunca mais parava...
ResponderEliminarBjns
é refrescante tratar de assuntos que nos ponha o ego patriótico para cima.
ResponderEliminarsomos bons mas esquecemos e por vezes a tentação vem de pensar que esta espécie de país não tem remédio!...
bem haja!
muitos beijinhos e feliz fim de semana,
lb/z
Na segunda semana de Setembro irei fazer uma visita ao café Mira.
ResponderEliminarMal posso esperar.
Muito obrigado pela dica.
Sou diabética mas de quando em vez...
ResponderEliminare pelo que diz, e pela imagem deve
valer a pena passar por Tavira e ir
a esse Café Mira.
Só não sei quando irei ao algarve.
Bj.
Irene
Não sou grande apreciadora de doçaria, mas volta e meia como quando sinto a falta de açúcar, mas o malvado IVA a 23% é que tramou as receitas todas e a prova está à vista.
ResponderEliminarHá que promover o que de melhor temos e fazemos mas os incentivos a quem quer começar...afundam-se numa burocracia dantesca e quem tenta perde o apetite de imediato!
Ai,que gulosa!!!
por mim, comia o castanho, cor de caramelo, que está na 3a fila, possivelmente ainda havia espaço por outro e seria o branco com amarelo da 1a fila. agora mesmo, depois de ter jantado, às 11 da noite
ResponderEliminar...acho mais apetitoso o quarto da segunda fila a contar da esquerda parar a direita!!! Já marchava. E depois saltamos como os hipopótamos de nenúfar em nenúfar!
ResponderEliminarMas que falta de respeito... Olá caríssima Helena estas tentações é no que dá!
Beijos
Ja sei que nao gosta de Facebook...mas aqui lhe deixo a Pagina do Café Mira em Tavira ; )
ResponderEliminarhttp://www.facebook.com/Cafe.Mira.Tavira/photos_stream?filter=3
...e para os que passarem para além de Tavira...
A NAO PERDER :
"A Quinta dos Avos" em Algoz (entre Albufeira e Silves)
e/ou a
"Boutique dos Doces" em Lagos (perto da Rotunda das Cadeiras)
Graças a Deus que nao passo as minhas férias algarvias em nenhuma destas localidades...mas arranjo sempre maneira aquando de um passeio de fazer um desvio : )))
PS Para os que nao gostem muito de ovos moles...experimentem os Arrepiados de Amêndoa (Boutique dos Doces) ;
Pela descrição tudo me leva a crer que o docinho tipo almondega coberta de canela é o janota.
ResponderEliminarHummm...
Eu conhecer, até conheço ... o pior mesmo é o meu registo na balança que está muito acima do aceitável!!!!
ResponderEliminar:-)
D. Helena, muito obrigada por considerar os seus seguidores.
Cumprimentos.
Cláudia
boa tarde :)
ResponderEliminarum pequeno desabafo!
amiúde venho aqui, por uma razão especial, há algo aqui que me faz lembrar a minha mãe e as nossas conversas sobre a actualidade política, sobre a vida, ou isto ou aquilo. uma doença dela já com uma década e que não vem ao caso, só me deixa "falar" com ela através do olhar. na falta da sua voz, da sua sabedoria e das nossas conversas reconfortantes, vir aqui amiúde faz-me bem...
é só, obrigada!
Ju
marsapan näo é portugues
ResponderEliminarmaçapäo é que é...
açucar a mais...é o tipo de doces que está a cair em desuso
Num país com elevado índice de obesidade infantil, temos mesmo de deixar cair em desuso estes doces xaroposos com origem nos conventos e casas burguesas. Divulguemos sim as tradições da cozinha mediterrânica (azeite, legumes, fruta, peixe, pouca carne, sopa, etc)que no nosso país foi substituída pela junk food.
ResponderEliminarO consumo de açúcar refinado aumentou depois da guerra até atingir nos nossos dias a exarcebação total. Hoje tudo tem açúcar refinado, os sumos enlatados e engarrafados que todas as crianças bebem, os produtos processados, etc.
As bombas algarvias ficam só para o dia da asneira.
Filomena
Há umas décadas o cardiologista Dr Pádua em colaboração com Mªde Lurdes Modesto, ensinaram os portugueses a substituir o excesso de sal por ervas aromáticas. Mas em relação ao abuso de açúcar branco nada foi feito. Não concordo que nas tradições não se mexe. Se forem pouco saudáveis, o seu potencial pode ser relançado, sem as adulterar. Dou um exemplo que não é da culinária. Hoje o Ukulele é conhecido em todo o mundo, é ensinado nas escolas de música, por ser um instrumento acessível e divertido. A origem do Ukulele é o Cavaquinho português, que se manteve dentro das tradições dos bailaricos, aqui ninguém lhe pega com mãos actuais, embora tenha sido estudado pelo músico e compositor Júlio Pereira.
ResponderEliminarMªJoão
DOCE, BRANQUINHO E LINDO
ResponderEliminarAh o Veneno Doce, um dia será considerado nocivo como o tabaco.
Colocar-se-á no pacote 'O açúcar refinado mata'.
Um dia longínquo, porque muitos interesses estão envolvidos...
A glicose, isto é, o açúcar dos alimentos não faz mal à saúde. O veneno é o AÇÚCAR REFINADO, que mais não é do que um PRODUTO QUÍMICO DE CALORIAS VAZIAS.
Durante o processo de refinamento, muitos produtos qímicos são usados, para que fique branquinho, limpinho e lindo. Os nutrientes são eliminados. Resta um doce veneno branco, um químico, que desminelariza o organismo, vicia, e trouxe consigo várias doenças graves.
Se queremos falar de tradições, o açúcar refinado não estava lá, é uma distorção omnipresente de hoje.
Sabe bem de quando em vez estas bombas ... Viva a comida mediterrânea... O azeitinho que rega a batatinha cozidinha, o ovinho, as couvinhas da hortinha o copinho da aguinha, viva a carninha branquinha... Viva tudo....mas que sabe bem ALQUIMIA DO AÇÚCAR de quando em vez que ninguém negue! Porque estes pecados, que me perdoem, até os frades e freiras( irmãs) se regalam
ResponderEliminarTambém estava a achar estranho.
ResponderEliminarO açúcar natural não faz mal, se moderado, evidentemente. Ninguém fica obeso por beber um sumito de laranja por dia. O refinado é que é uma porcaria.
Outra coisa:
O anónimo de 4 de Setembro de 2012 12:58 escreveu: "temos mesmo de deixar cair em desuso estes doces xaroposos com origem nos conventos e casas burguesas. " Isto é algum comentário político ?!
É que os doces conventuais ou populares também fazem parte da "tradição da cozinha mediterrânica". E se há mil anos usavam mel, de tradição árabe, nos conventos meteram-se a brincar com a açúcar... aquele que vinha da Madeira e depois em força do Brasil.
E também ninguém morre por comer marmelada, pessegada, ou bolos simples. Sim, é que a "marmalade" inglesa, o "marmelade" alemão e francês e o "marmelat" turco vêm do português "marmelo", e sendo receita antiga, dos romanos ou anterior, devemos agradecer às cópias culinárias dos monges para mantermos essas... tradições gastronómicas "mediterrânicas", algumas das quais nos seus nomes modernos, como se vê, são inteiramente portugueses.
Nada de político!
ResponderEliminarNada contra os conventos e as casas burguesas. São apenas factos.
Penso que na época, os doces eram feitos com mel, melaço de cana e açúcar mascavado. Este, proveniente da Madeira e do Brasil, tinha uma forma de «pão» compacto, o chamado pão-de-açúcar, e não o aspecto branco, granulado, solto e refinado, que hoje conhecemos.
Creio que só nos finais do séc. XIX e princípio do séc. XX, Portugal conseguiu aperfeiçoar os equipamentos e condições que possibilitaram o almejado «refino», obtendo o valioso na época, açúcar branco refinado granulado solto.
Aliás comparemos. Então (antanho)
os doces eram feitos com ovos caseiros, leite biológico, farinhas integrais de moagem artesanal. Hoje, os «xaroposos» como lhes chamei, são feitos com ovos de aviário, leite carregado de antibióticos e hormonas, farinhas e açúcar hiperrefinados industrialmente.
É político? Olhe, pode muito bem ser que seja.
Filomena
A doçaria conventual portuguesa não é característica das tradições da cozinha mediterrânica, em que apenas em dias festivos se consumiam doces e mais simples do que os conventuais.
ResponderEliminarSó a partir do séc. XV, a doçaria conventual se desenvolve, usando grandes quantidades de açúcar e de gemas de ovo. As gemas resultavam de um aproveitamento, visto que as claras eram usadas no fabrico de hóstias e para engomar o vestuário das freiras. A doçaria conventual atinge grande elaboração, complexidade e requinte devido à presença nos conventos de mulheres da aristocracia.
Alimentação mediterrânica e doçaria conventual têm na base diferentes filosofias, épocas e condições de vida.
Embora Portugal não se situe junto ao Mediterrâneo, como a Itália, a Grécia, etc., existe uma influência mediterrânica na alimentação tradicional portuguesa, tal como existe uma influência atlântica e um grande impacto dos descobrimentos.
A alimentação mediterrânica caracteriza-se pelo consumo abundante de alimentos de origem vegetal, frescos, pouco processados, consumo moderado de carne, ovos e de doces. Azeite, vinho, pão e biscoitos. Mas outro aspecto importante é a tradição do convívio às refeições, vividas sem pressas.
Isto não significa que as tradições da alimentação portuguesa sejam todas saudáveis.
Pensemos no excesso de sal, nas saladas sempre de alface e tomate, etc.
Se as compararmos com as saladas italianas, abundantes e diversificadas...
Bom dia, venho confirmar o nome do bolo, chama-se janota. É um bolo exclusivo do Café Mira, feito pela sua original dona através de uma receita muito antiga de outra doceira. O café mira é dos cafés mais antigos de tavira. A foto não corresponde porque o bolo não tem maçapão, no facebook do café mira poderão ver uma fotografia. O bolo tem amêndoa, gila, canela, ovos e açúcar branco.
ResponderEliminarEstão todos convidados a vir comer um doce janota!
Boas festas para todos
obrigado D. Helena!
Votos de um excelente 2013
Café Mira