terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Uma fase estranha


Ando numa fase estranha. A maior parte das coisas não me apetece. A outra pouco me move. Não se trata de querer ou não querer, de dever ou não dever, de sim ou de sopas.
Tenho nas mãos o último livro de Julian Barnes, The Sense of an Ending, que foi o vencedor do Man Booker Prize 2011. Tanto melhor. Foi por isso que o comprei. Mas será que um prémio diz alguma coisa sobre aquilo que eu julgo ser a qualidade literária? Devia dizer. Mas nem sempre diz. Melhor, muitas vezes não diz.
Folheei-o e nada me atraiu, além do título que é amargamente apelativo.
Passo os olhos pelos jornais. As notícias são para chorar. Ou tratam do presente cinzento, ou prevêem o negro futuro.
Ligo a televisão. É o black and grey em movimento. Todos virados para o umbigo da troika. Uns vêm-no. Outros nem tanto.
Ligo aos amigos. Se estão no poder ou perto dele, só falam de percentagens, acordos, cifras e quejandos. Se não estão, ou se queixam ou parece que não vivem aqui.
Será que é por tudo isto que ando numa fase estranha? Se calhar é...

HSC

16 comentários:

  1. Helena, que é isso?! Faz favor de se animar! Não gosto de a ver assim, nada mesmo.

    Arranje maneira de se divertir, invente amigos que não falem de nada disso, que falem de música, de flores, qualquer coisa, mas não se deixe cair na apatia que parece que está a engolir toda a gente.

    Quero vê-la a rir! Que o próximo texto seja na brincadeira, na risota, se faz favor.

    E um beijinho!

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  2. é a crise

    afecta os livros os prémios e as gentes

    foi um ano mauzote

    se gosta de títula apelativa

    Mortal Coils é de 22 (1922) Huxley histórias curtas

    tamém comecei a ler esse coiso por duas vezes e desisti

    cheguei à 24 na primeira arrancada

    li as páginas do fim na última

    acho que nã vou ler o meio...
    logo o problema é do livro mesmo

    e o autor dá uma grande ajuda

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  3. Os tempos andam mesmo estranhos, e ate 2015 nao vejo melhoras,achei graca falar em cinzento e preto porque ee isso mesmo. O "ceu"convida-nos ao recolhimento, esta de luto por um tempo, ate que todas as aguas se aquietem e a pomba volte com seu raminho de oliveira anunciando um novo ciclo na Terra.Desejo que lhe passe pronto a sua fase estranha.Bjs

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  4. Cara Dra. Helena Sacadura Cabral: uma coisa é clara; amanhã as coisas serão sempre diferentes do que as pensamos hoje. Por isso, resta a esperança de que o sejam para melhor.

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  5. Um dos blogs seguidores de Fio de Prumo, intitula-se Imperatriz Sissi. Escapa-me porquê. Foi uma mulher infeliz, anoréctica, obssessiva, muito doente, só...

    DT

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  6. Está deprimida como tantos de nós.
    Aceite, vá a zeros e parta daí. Verá que as pequenas coisas são deslumbrantes. É uma oportunidade para procurarmos em nós a nascente do rio.Peça abraços.
    Um abraço.
    BS

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  7. Nem sabe como descreveu tão bem, aliás como sempre , o modo como eu me sinto.

    Como tal fiz boicote as noticias.

    Só vejo o canal 105 da meo, culinária, não fosse a voz do homem, tão irritante estava todas as noites sintonizada nesse canal.

    Temos que ter força, para passar e ver passar este tempos menos felizes.

    Um beijo muito grande de quem a segue e admira.

    AC

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  8. Caríssima Helena,

    Todos nós temos direito a dias de melancolia, de desenteresse, de alheamento. Não nos podem cobrar sempre boa disposição - mesmo a uma pessoa como a Helena que faz dela grande parte a sua arte de viver. Receba miminhos meus como sempre recebi de si. E creia que basta estar por aqui connosco para receber tudinho a que tem direito. Já é tempo de só receber. Merece como poucos.

    Um forte abraço,
    paulo

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  9. Meus caros amigos
    Com tanto mimo só podia arrebitar.
    Meu querido amigo Seixas da Costa,
    Permita que, por um momento, o liberte de títulos. É verdade que hoje é um novo dia e eu lhe agradeço as palavras de ontem.
    Meu querido Paulo
    É bom ter colo filial... Bem haja pela adopção!

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  10. Querida Helena,

    Como vê é o estado geral de quem tem consciencia.

    Tem todo o direito de se sentir menos "fonte jorrante" de coisas boas, sempre pronta a dar-se.
    (Mas não por muito tempo, esse estado alapa-se à alma).

    Permita-me uma sugestão, que ainda não paga imposto.Contacte com a nossa Lisboa e a sua luz incomparável, olhe o nosso rio que é lindo,e tome um chá, ou um Porto olhando o mar,(aqui já pagará, a menos que a reconheçam e tenham por si o mesmo carinho que nós, mas cuidado ,lembre-se que raramente há chás ou Portos grátis) finja-se turista em cidade alheia e não veja noticias.

    Tem, certamente muito perto de si, quem a envolva num cálido abraço e lhe diga estás viva e amanhã o sol brilhará de novo.

    Entretanto sinta-se muito querida de todos nós que a lemos e vimos sempre com muito amor.

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  11. Dra Helena

    Se me permite deixo aqui um texto de minha autoria, que gostaria de
    lhe dedicar, pedindo desde já que
    me perdoe a ousadia.

    NUNCA SE ESTÁ SÓ

    Mais um passeio na "estrada" da vida. Adoro o silencio da noite.
    Tudo é mais suave, calmo e sereno e assim posso "escutar" esse silencio nocturno que tanto gosto.

    Olhei através das vidraças da minha varanda, o céu estava cinza escuro e carregado de nuvens, mas bem ao longe, consegui no meio de tanta escuridão, vislumbrar uma estrelinha brilhante que teimosamente cintilava cheia de vida.

    Sorri para a estrelinha ( pensando que devia estar louca) mas, o comportamento humano age por impulsos.

    Caso curioso, como eu me sentia identificada com aquela estrelinha e por duas razões apenas.

    A primeira, porque éramos duas resistentes ás intempéries, ela, ás intempéries do tempo, e eu, àquelas que a vida nos obriga a confrontar no nosso quotidiano.

    A segunda, porque a solidão não precisa de se alimentar do escuro, mesmo quem está só, pode irradiar o seu brilho até no meio de uma multidão.

    Se um dia se sentir só, faça como eu, olhe através da vidraça e olhe bem longe, que de certeza terá uma estrelinha a brilhar para si.

    Um abraço e um sorriso :))

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  12. Cara Dra Helena:

    Acaba escrevendo: “Se calhar é…”. Olhando-nos, olhando os mundos nestes tempos, é por tudo isso, certamente, e não é por acaso. Mas a senhora (perdoe-me) tem uma obrigação reforçada pela sua sabedoria: compete-lhe, também a si, em sentido sublime, pegar na luz e iluminar caminhos traçados sobre nós. Não estará só! Será bom para nós, e também para si.

    J. Rodrigues Dias

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  13. Um esboço de nostalgia para renovar a Sua transfusão de alegria e permitir-nos também incutir-lhe o alento que nos dá .
    Ás vezes está frio, mas, é só o tempo de aquecer...
    Um abraço

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  14. Ainda obrigada a todos. O dia nasceu cinzento mas, aos poucos, o sol está a tentar romper as nuvens.
    Bem hajam!

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  15. “Ando numa fase estranha. A maior parte das coisas não me apetece”.
    Boa tarde Dra. Helena, é a primeira vez que comento o blog de alguém (como direi), conhecido.
    Talvez por isso, as palavras teimam em não querer sair … mas, vamos às mesmas.
    Não sou escritora nem de longe nem de perto, limito-me como costumo dizer a uns “rabiscos”. Tenho um blog que mantenho há 6 anos, é quase como se uma forma de vida, manter-me “ali”, exteriorizar o que sinto, pelas palavras. Teve o seu tempo, até eu ser mãe, até eu mudar de servidor. Se outrora queria mais e mais comentários, hoje os poucos que tenho “alimentam” o ser.
    Como cheguei até si, ou melhor ao seu blog. Comprei na segunda feira o seu livro “Nós de Amor” (sobre o qual tinha inclusive pensado fazer um post), já o li…quase me vi ali escrita. Vim ao Google, fazer pesquisa, dos outros livros de sua autoria, e aqui estou. Peguei na sua frase ao início porque todos nós temos fases, e o seu livro, mostra-me tantas das fases que passei e vou passando. Por vezes é um sentido de “ending”, ou será somente um início de algo mais? Digo eu. Tenho interesse por fotografia, dando inicio este ano á minha primeira exposição, tendo mais uma pensada em homenagem ao “Mestre” Augusto Cabrita. O que faço é simples como simples são as minhas palavras. Quem sou eu? Alguém que além da fotografia espera um dia, com os seus “rabiscos” conseguir a comunhão de dois mundos e escrever um livro…vai sendo planeado e delineado…Quando o mundo parece acabar, talvez ele apenas esteja a começar. São mundos e mais mundos, criados e recriados. Peço desculpa por me alongar. Agradeço o que me fez sentir ao ler o seu livro…um turbilhão de sentires é certo, mas que importa? Importa, e importa passar a mensagem que é encarada e tida sempre de forma de forma diferente não só por quem lê como por quem escreve. Mais uma vez digo eu.
    Cumprimentos.

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