Há uns largos meses, numa entrevista que me fez Pedro Rolo Duarte, na Antena 1, disse-lhe, a certa altura, que me acompanhava um sentimento estranho que eu classificava como uma forma de medo. Perante o seu espanto, tentei explicar-lhe o que sentia.
Não era um receio definido, objectivo. Era, antes, uma certa forma de insegurança no quotidiano, que se reflectia num vago temor pelo futuro daqueles que aqui deixasse quando partisse e ainda num "medo", esse sim claro, de algum dia não poder garantir os meus proventos e vir a depender materialmente dos meus filhos.
Porquê esta forma de ansiedade, numa otimista inveterada, que ao longo da sua vida pouco ou nada se queixou e que sempre considerou que o custo/benefício da sua existência era fancamente positivo? Não sabia, não sei ainda, responder, apesar de ser uma mulher analisada.
Relembrei, hoje, o que lhe disse então, por ter visto na 1ª página do Público, a notícia de que a confiança dos portugueses teria atingido o seu nível mais baixo desde 1985. É que o medo de perder o trabalho está a minar a confiança dos portugueses.
E eu sei, por experiência própria - ser mãe de dois políticos da oposição, do ponto de vista laboral, só me tem trazido dificuldades acrescidas -, o que representa esse receio. Mais, no meu caso pessoal, não foi só receio. Foi "guia de marcha" para ser substituída. Por alguém que, claro, tinha a filiação partidária adequada...
Felizmente a minha cabecinha funciona bem e as injustiças tornam-me mais forte. Acabei a ganhar com a saída, porque arranjei, de seguida, coisa melhor! Mas nem todos têm a mesma têmpera, nem as mesmas possibilidades. E nem por isso devem ser abandonados à sua sorte. É essa percepção que me leva a estar sempre solidária com os mais fracos!
H.S.C
Análise séria e acutilante, humorada ou entristecida, do Portugal dos nossos dias, da cidadania nacional e do modo como somos governados e conduzidos. Mas também, um local onde se faz o retrato do mundo em que vivemos e que muitos bem gostariam que fosse melhor!
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
As imparidades da CGD...
O Ministro Teixeira dos Santos terá admitido ter conhecimento de que a Caixa Geral dos Depósitos "tinha várias operações que podiam implicar imparidades e que estava a gerir essas situações".
Vejamos um exemplo para se perceber melhor a questão. Um empresário terá entregue à Caixa 9.5% do capital de uma empresa que a instituição havia avaliado a 4,75 euros por acção. Tratava-se de liquidar uma dívida de 305,9 milhões do dito empresário ao banco público.
Mas, há sempre um mas, na altura em que o negócio se fez, as acções valiam em bolsa apenas 3,11 euros, ou seja, haviam sofrido uma depreciação de 25%. Logo, o valor real entregue à CGD seria não de 305,9 mas sim 243,9 milhões de euros, que representavam uma quebra de 62 milhões de euros relativamente ao que o banco dispenderia para comprar em bolsa as mesmas acções. Contudo, o empréstimo foi dado como saldado...
Acontece que o "caso" não fica por aqui. Ao mesmo empresário foi dada a faculdade de recompra dessas mesmas acções, no prazo dos próximos 3 anos, pelo mesmo valor. Ou seja, se as acções vierem a valorizar-se, o empresário compra-as abaixo do seu valor e a CGD não ganha nada.
Se as acções se desvalorizarem o empresário não as recompra e a Caixa "encaixa" a imparidade e aguenta mais essa perda!Por outras palavras, só a Caixa, o banco de todos nós, é que perde ou não ganha, assumindo todo o "risco".
Entretanto, o Presidente da CGD lamenta o facto do negócio se ter tornado público e o Ministro das Finanças gere as imparidades... Melhor não é possível!
H.S.C
Vejamos um exemplo para se perceber melhor a questão. Um empresário terá entregue à Caixa 9.5% do capital de uma empresa que a instituição havia avaliado a 4,75 euros por acção. Tratava-se de liquidar uma dívida de 305,9 milhões do dito empresário ao banco público.
Mas, há sempre um mas, na altura em que o negócio se fez, as acções valiam em bolsa apenas 3,11 euros, ou seja, haviam sofrido uma depreciação de 25%. Logo, o valor real entregue à CGD seria não de 305,9 mas sim 243,9 milhões de euros, que representavam uma quebra de 62 milhões de euros relativamente ao que o banco dispenderia para comprar em bolsa as mesmas acções. Contudo, o empréstimo foi dado como saldado...
Acontece que o "caso" não fica por aqui. Ao mesmo empresário foi dada a faculdade de recompra dessas mesmas acções, no prazo dos próximos 3 anos, pelo mesmo valor. Ou seja, se as acções vierem a valorizar-se, o empresário compra-as abaixo do seu valor e a CGD não ganha nada.
Se as acções se desvalorizarem o empresário não as recompra e a Caixa "encaixa" a imparidade e aguenta mais essa perda!Por outras palavras, só a Caixa, o banco de todos nós, é que perde ou não ganha, assumindo todo o "risco".
Entretanto, o Presidente da CGD lamenta o facto do negócio se ter tornado público e o Ministro das Finanças gere as imparidades... Melhor não é possível!
H.S.C
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Viver
O que mais surpreende na Humanidade?
"Os homens...porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar asaúde. E, por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. Vivem como se nunca fossem morrer...e morrem como se nunca tivessem vivido"
(Resposta atribuída ao Dalai Lama)
"O lucro, o benefício, o ganho" sempre foram, nas suas diversas manifestações, os fios condutores da humanidade (insisto no h minúsculo), como se eles constituissem o supremo objectivo para que fomos criados. Com efeito, levamos uma vida inteira a trabalhar para os conseguirmos alcançar e morremos por causa dos excessos que para tal cometemos, na maior parte das vezes, completamente inglórios.
Julgo tratar-se de um problema de educação, que nos prepara para tudo menos para ser solidários. Nem mesmo na famosa trilogia revolucionária francesa - liberdade, igualdade, fraternidade - se fala de "solidariedade", muito embora se tente incluí-la no conceito de que todos somos irmãos. Ora ser solidário é bastante mais do que amizade fraterna. Pena é que ainda hoje o não tenhamos compreendido.
No entanto, se nos debruçarmos sobre aquilo que o Homem mais quer, a resposta é sempre a mesma: ser amado. Se assim é, porque nos teremos transformado em máquinas cuja função principal é produzir cada vez mais para depois guardar sem partilhar e até mesmo sem consumir?
É isto que dá à resposta do lider espiritual do povo tibetano tanta actualidade num mundo em que a ganância de uns provocou a desgraça de tantos...
H.S.C
"Os homens...porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar asaúde. E, por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. Vivem como se nunca fossem morrer...e morrem como se nunca tivessem vivido"
(Resposta atribuída ao Dalai Lama)
"O lucro, o benefício, o ganho" sempre foram, nas suas diversas manifestações, os fios condutores da humanidade (insisto no h minúsculo), como se eles constituissem o supremo objectivo para que fomos criados. Com efeito, levamos uma vida inteira a trabalhar para os conseguirmos alcançar e morremos por causa dos excessos que para tal cometemos, na maior parte das vezes, completamente inglórios.
Julgo tratar-se de um problema de educação, que nos prepara para tudo menos para ser solidários. Nem mesmo na famosa trilogia revolucionária francesa - liberdade, igualdade, fraternidade - se fala de "solidariedade", muito embora se tente incluí-la no conceito de que todos somos irmãos. Ora ser solidário é bastante mais do que amizade fraterna. Pena é que ainda hoje o não tenhamos compreendido.
No entanto, se nos debruçarmos sobre aquilo que o Homem mais quer, a resposta é sempre a mesma: ser amado. Se assim é, porque nos teremos transformado em máquinas cuja função principal é produzir cada vez mais para depois guardar sem partilhar e até mesmo sem consumir?
É isto que dá à resposta do lider espiritual do povo tibetano tanta actualidade num mundo em que a ganância de uns provocou a desgraça de tantos...
H.S.C
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Vicky Cristina
Confesso já que sou iberista para que compreendam melhor o que escrevo. Corre-me nas veias, pelo lado materno, "sangre de españa", que não escondo nem renego e por vezes se manifesta em querelas políticas familiares. Mas cada um aqui em casa pensa livremente e não seria esta pequena diferença que nos abalaria. Pelo contrário, dá mais sal às nossas divergências nacionalistas. É que antes de ser europeia, muito antes mesmo, sou portuguesa, pese embora o politicamente incorrecto da situação! O mesmo se passa com o acordo ortográfico, que só obrigada, cumprirei...
Vicky Cristina é, a meu ver, uma obra maior de Woody Allen. Os protagonistas, Penélope Cruz e Javier Bardem, são os espanhóis que faltavam a um filme que fala de amores difíceis e duma cidade maravilhosa como Barcelona.
O realizador sempre se ocupou deste tema, que sabe como ninguém, satirizar. Mais apreciado na Europa do que na "sua" América, que lhe perdoa mal, entre outras coisas, o facto de ser judeu, Woody consegue explicar como se alimenta um amor que renasce quando vive a três e fenece enquanto dupla. O assunto não é fácil e no imaginário de muitos de nós está longe de ser apenas virtual...
A crítica não apreciou muito este triunvirato. Ignoro se por motivos morais ou outros. Quaisquer que tenham sido as razões, pessoalmente discordo da menorização da fita. Para os apreciadores do estilo Allen, Vicky é uma lufada de ar fresco nesta Europa cinzenta e infeliz!
Só por isso já valeria a pena ir vê-lo. Mas há, felizmente, muito mais. E há, sobretudo, Javier Bardem, que lava a alma feminina e a leva a sonhar que ainda existe esse tesouro perdido que se chama "latin lover".
H.S.C
Vicky Cristina é, a meu ver, uma obra maior de Woody Allen. Os protagonistas, Penélope Cruz e Javier Bardem, são os espanhóis que faltavam a um filme que fala de amores difíceis e duma cidade maravilhosa como Barcelona.
O realizador sempre se ocupou deste tema, que sabe como ninguém, satirizar. Mais apreciado na Europa do que na "sua" América, que lhe perdoa mal, entre outras coisas, o facto de ser judeu, Woody consegue explicar como se alimenta um amor que renasce quando vive a três e fenece enquanto dupla. O assunto não é fácil e no imaginário de muitos de nós está longe de ser apenas virtual...
A crítica não apreciou muito este triunvirato. Ignoro se por motivos morais ou outros. Quaisquer que tenham sido as razões, pessoalmente discordo da menorização da fita. Para os apreciadores do estilo Allen, Vicky é uma lufada de ar fresco nesta Europa cinzenta e infeliz!
Só por isso já valeria a pena ir vê-lo. Mas há, felizmente, muito mais. E há, sobretudo, Javier Bardem, que lava a alma feminina e a leva a sonhar que ainda existe esse tesouro perdido que se chama "latin lover".
H.S.C
Duas coisas...
Hoje apenas duas notas. A primeira para os Óscares que premiaram um filme e um actor aqui já referidos nestas cónicas. Trata-se de "Quem quer ser bilionário?" e desse fabuloso Sean Penn, em Milk, que ontem ganhou a sua segunda estátua dourada. Ambos prémios justos e difíceis de atribuir entre obras e gente de grande qualidade. Fiquei satisfeita.
Sobrou Penelope Cruz que protagoniza o maravilhoso filme de Woody Allen, Vicky Cristina. Não aprecio muito a actriz. Mas o realizador e Bardem são capazes de transformar pedra em platina... O último constitui, mesmo, o que se chama "um bocado de mau caminho"!
A segunda nota vai para um jovem blogue de autoria de um homem particularmente culto e competente na sua profissão. Trata-se do nosso Embaixador em Paris, Francisco Seixas da Costa.
Sou, habitualmente, parca em elogios públicos. Mas, neste caso, são mais do que merecidos. Sigo, há bastante tempo, a carreira deste diplomata, a quem ousei escrever enquanto nos representou no Brasil, dando voz ao orgulho que sentia por haver alguém que defendia, com brio, a cultura nacional.
Em boa hora decidiu Seixas da Costa entrar na blogosfera. Fê -lo, uma vez mais, com a qualidade a que nos habituou, numa discreta mistura de intimismo e divulgação, que me levam a seguir atentamente tudo o que se lá escreve. Aconselho vivamente os que me lêm a espreitarem o duas-ou-tres.blogspot.com e a deliciarem-se com os seus textos.
Em boa hora decidiu Seixas da Costa entrar na blogosfera. Fê -lo, uma vez mais, com a qualidade a que nos habituou, numa discreta mistura de intimismo e divulgação, que me levam a seguir atentamente tudo o que se lá escreve. Aconselho vivamente os que me lêm a espreitarem o duas-ou-tres.blogspot.com e a deliciarem-se com os seus textos.
Não pertenço ao que se costuma chamar a "família política" de Seixas da Costa. Por isso o meu conselho tem mais valor. É que, para mim, cultura e sensibilidade não têm filiação!
H.S.C
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Quem quer ser bilionário?
Passo meses a fio sem ir ao cinema. Depois, bom, depois entro numa espiral e vou ver quatro ou cinco filmes de uma vez. Quando era mais nova gostava de fazer duas sessões seguidas. Começava na das nove e meia e pegava-lhe a das onze. O mundo era mais tranquilo nessa época e ninguém tinha medo de andar de carro à noite. Hoje continuo a gostar de fazer o mesmo, mas já não me aventuro a voltar sozinha para casa de madrugada ...
Neste pacato Domingo que antecede o Carnaval decidi ir ver o "Quem quer ser bilionário?", um filme britânico, muito violento, que decorre em Mombay, na India, e que, uma vez mais, fala de discriminação. Numa India que, hoje, é em simultâneo, um dos maiores centros financeiros e um dos maiores aglomerados de miséria humana.
O ritmo da obra é alucinante, mostrando esse lado miserável sem qualquer complacência. Parece que as autoridades do país não terão gostado especialmente do retrato feito pelo realizador. Mas para nós europeus é a chance de conhecer uma realidade que nos devia fazer acordar para a profunda injustiça que existe no mundo actual. Na India dos marajás talvez estas imagens não chocassem tanto. Mas, na época das democracias, como pode manter-se uma tão desigual distribuição da riqueza?
Num só fim de semana duas fitas falam de duas faces duma mesma realidade: a intolerância e a miséria. Não sei dizer qual é pior. Sei apenas que, afinal, muitos de nós, eu incluída, nos queixamos "de barriga cheia". Dá que pensar...
H.S.C
Neste pacato Domingo que antecede o Carnaval decidi ir ver o "Quem quer ser bilionário?", um filme britânico, muito violento, que decorre em Mombay, na India, e que, uma vez mais, fala de discriminação. Numa India que, hoje, é em simultâneo, um dos maiores centros financeiros e um dos maiores aglomerados de miséria humana.
O ritmo da obra é alucinante, mostrando esse lado miserável sem qualquer complacência. Parece que as autoridades do país não terão gostado especialmente do retrato feito pelo realizador. Mas para nós europeus é a chance de conhecer uma realidade que nos devia fazer acordar para a profunda injustiça que existe no mundo actual. Na India dos marajás talvez estas imagens não chocassem tanto. Mas, na época das democracias, como pode manter-se uma tão desigual distribuição da riqueza?
Num só fim de semana duas fitas falam de duas faces duma mesma realidade: a intolerância e a miséria. Não sei dizer qual é pior. Sei apenas que, afinal, muitos de nós, eu incluída, nos queixamos "de barriga cheia". Dá que pensar...
H.S.C
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Milk
É sábado. Acabo de ver o filme Milk. E de levar um verdadeiro murro no estômago perante uma história que conhecia vagamente, porque vivi aquela época e a luta das minorias sempre me interessou.
Confesso que nas primeiras cenas me senti vagamente incomodada. Pelo que via e pela minha própria reacção. Considero-me uma criatura com um razoável grau de abertura e com muito poucos preconceitos. Mas fui educada numa sociedade muito intolerante e, de vez em quando, vêm ao de cima uns resquícios dessa educação. O que me entristece bastante.
Foram esses tais vestígios que no princípio da fita foram despoletados. Felizmente que a qualidade da obra e a magnífica interpretação de Sean Pen rapidamente calaram a reticência inicial.
Trata-se de uma película a não perder. Porque se nos esclarece sobre a luta dos homosexuais, também nos intrui sobre nós próprios. E diz-nos muito sobre o caminho que eles e aqueles que o não são conseguiram percorrer.
Há uma década, comentários eventualmente jocosos não surpreenderiam. Hoje, o silêncio que pairava na sala era revelador do percurso feito. E a emoção que eu senti perante o sofrimento de tantos homens e mulheres deu-me bem a medida do que, afinal, eu também aprendi!
É uma película fundamental para ficar a saber alguma coisa sobre o que significa ser diferente!
H.S.C
Confesso que nas primeiras cenas me senti vagamente incomodada. Pelo que via e pela minha própria reacção. Considero-me uma criatura com um razoável grau de abertura e com muito poucos preconceitos. Mas fui educada numa sociedade muito intolerante e, de vez em quando, vêm ao de cima uns resquícios dessa educação. O que me entristece bastante.
Foram esses tais vestígios que no princípio da fita foram despoletados. Felizmente que a qualidade da obra e a magnífica interpretação de Sean Pen rapidamente calaram a reticência inicial.
Trata-se de uma película a não perder. Porque se nos esclarece sobre a luta dos homosexuais, também nos intrui sobre nós próprios. E diz-nos muito sobre o caminho que eles e aqueles que o não são conseguiram percorrer.
Há uma década, comentários eventualmente jocosos não surpreenderiam. Hoje, o silêncio que pairava na sala era revelador do percurso feito. E a emoção que eu senti perante o sofrimento de tantos homens e mulheres deu-me bem a medida do que, afinal, eu também aprendi!
É uma película fundamental para ficar a saber alguma coisa sobre o que significa ser diferente!
H.S.C
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Não havia necessidade...
Por uma qualquer bizarria dum cidadão que se sentiu ofendido com as alegorias carnavalescas de Torres Vedras e se queixou ao Ministério Público, a procuradora adjunta Cristina Anjos determinou que a respectiva autarquia teria que retirar um certo boneco de esferovite do respectivo corso.
Que boneco era esse, tão ofensivo da moral pública? Nem mais nem menos que o "nosso" célebre computador Magalhães, a maravilha da tecnologia nacional que, de nacional para além do nome tem, aliás, muito pouco, no qual se via uma página do Google em que apareciam imagens de mulheres desnudas. Exacto. Algo que, no mínimo, colocaria a estátua do Eça, no Chiado, sob a alçada dos bons costumes...
Curiosamente, na televisão passam alegorias bem mais "chocantes", de mulheres enroladas umas nas outras, em cenas de sexo explícito, que publicitam toques polifónicos ou equipamentos diversos, e que ninguém se lembrou de censurar. Isto, para não falar de programas de conteúdo, esse sim, duvidoso exibidos a horas de convívio familiar.
Depois de intervenções de várias pessoas, entre as quais gostosamente me incluo, ridícularizando o caso, a posição da magistrada foi revista e o computador voltou a mostrar o ecrã inicial. Pergunto: se não se tratasse do "nosso" Magalhães, esse ícone do regime, a celeridade da justiça teria sido a mesma? É caso para dizer, como faria o diácono Remédios, "não havia, mesmo, necessidade"!!!
H.S.C
Que boneco era esse, tão ofensivo da moral pública? Nem mais nem menos que o "nosso" célebre computador Magalhães, a maravilha da tecnologia nacional que, de nacional para além do nome tem, aliás, muito pouco, no qual se via uma página do Google em que apareciam imagens de mulheres desnudas. Exacto. Algo que, no mínimo, colocaria a estátua do Eça, no Chiado, sob a alçada dos bons costumes...
Curiosamente, na televisão passam alegorias bem mais "chocantes", de mulheres enroladas umas nas outras, em cenas de sexo explícito, que publicitam toques polifónicos ou equipamentos diversos, e que ninguém se lembrou de censurar. Isto, para não falar de programas de conteúdo, esse sim, duvidoso exibidos a horas de convívio familiar.
Depois de intervenções de várias pessoas, entre as quais gostosamente me incluo, ridícularizando o caso, a posição da magistrada foi revista e o computador voltou a mostrar o ecrã inicial. Pergunto: se não se tratasse do "nosso" Magalhães, esse ícone do regime, a celeridade da justiça teria sido a mesma? É caso para dizer, como faria o diácono Remédios, "não havia, mesmo, necessidade"!!!
H.S.C
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
A "contribuição"
Portugal vive de taxas. Umas aceitáveis, outras inexplicáveis. Pelo menos para mentes menos dotadas, como é o caso da minha. Explico-me.
A maioria de nós paga, com a conta de electricidade, uma "contribuição" - o que eu gosto do requinte da expressão, sobretudo se a mesma for obrigatória! - para o áudio visual. Trata-se, esclareceu-me muito educadamente a EDP, de um tributo - também gosto deste termo de duplo significado - que incide sobre o fornecimento de energia eléctrica a que todos os seus comercializadores estão obrigados a cobrar. Exceptuam-se apenas os consumidores abaixo dos 400 Kwh anuais, que estão isentos.
Mais cumpre, aliás, aos referidos fornecedores, informar a DGCI - Direcção Geral dos Impostos e a RTP - Radio Televisão Portuguesa de todas as situações de falta de pagamento da mesma!
Como se vê pela necessidade de informar a DGCI, estamos perante um imposto a que as entidades competentes tratam eufemisticamente de "contribuição". A razão de avisar a RTP, essa é que me delicia. Deve ser para que me possa ser "cortado o fornecimento do seu serviço público"...
Alguém me explica porque é que o canal do Estado, que tem publicidade paga, me cobra um serviço que eu não subscrevi e que pago à Zon Tv Cabo? Será isto livre concorrência? Ou será, antes, a livre incoerência a que andamos todos submetidos?
H.S.C
A maioria de nós paga, com a conta de electricidade, uma "contribuição" - o que eu gosto do requinte da expressão, sobretudo se a mesma for obrigatória! - para o áudio visual. Trata-se, esclareceu-me muito educadamente a EDP, de um tributo - também gosto deste termo de duplo significado - que incide sobre o fornecimento de energia eléctrica a que todos os seus comercializadores estão obrigados a cobrar. Exceptuam-se apenas os consumidores abaixo dos 400 Kwh anuais, que estão isentos.
Mais cumpre, aliás, aos referidos fornecedores, informar a DGCI - Direcção Geral dos Impostos e a RTP - Radio Televisão Portuguesa de todas as situações de falta de pagamento da mesma!
Como se vê pela necessidade de informar a DGCI, estamos perante um imposto a que as entidades competentes tratam eufemisticamente de "contribuição". A razão de avisar a RTP, essa é que me delicia. Deve ser para que me possa ser "cortado o fornecimento do seu serviço público"...
Alguém me explica porque é que o canal do Estado, que tem publicidade paga, me cobra um serviço que eu não subscrevi e que pago à Zon Tv Cabo? Será isto livre concorrência? Ou será, antes, a livre incoerência a que andamos todos submetidos?
H.S.C
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
As Cartas...
Parece que Obama terá enviado cartas de agradecimento ao Presidente da República e ao Primeiro Ministro. Diplomáticas, como seria de esperar. E simpáticas, ao associarem o nosso país e os seus respectivos chefes, à prossecução de um mundo mais seguro. Mas, certamente, graduadas pela importância dos países que o terão felicitado pela vitória...
Porém, nós que somos de oito ou oitenta, umas vezes pedintes e outras príncipes, logo entendemos dar às suas palavras, o sentido de que a América "conta" com Portugal na luta que trava pela segurança. Será que ninguém percebe que há missivas de circunstância e circunstâncias que explicam certas missivas?!
Muito possivelmente o Presidente dos EUA nem sequer olhou o que assinou - se é que a assinatura não foi digitalizada - porque há, na sua entourage, pessoas destacadas para este tipo de tarefas.
Mas, aqui no burgo, quem de direito, sem qualquer noção do ridículo, entendeu dar às cartas a publicidade que as mesmas não justificavam. Certamente para mostrar que Obama sabe e agradece a enorme importância de Portugal...
H.S.C
Porém, nós que somos de oito ou oitenta, umas vezes pedintes e outras príncipes, logo entendemos dar às suas palavras, o sentido de que a América "conta" com Portugal na luta que trava pela segurança. Será que ninguém percebe que há missivas de circunstância e circunstâncias que explicam certas missivas?!
Muito possivelmente o Presidente dos EUA nem sequer olhou o que assinou - se é que a assinatura não foi digitalizada - porque há, na sua entourage, pessoas destacadas para este tipo de tarefas.
Mas, aqui no burgo, quem de direito, sem qualquer noção do ridículo, entendeu dar às cartas a publicidade que as mesmas não justificavam. Certamente para mostrar que Obama sabe e agradece a enorme importância de Portugal...
H.S.C
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Nós por cá...
No jornal Destak o Ministério da Economia publica hoje um anúncio de página inteira em que publicita um desconto de 50% sobre o preço de venda de painéis solares.
Telefona-se para o referido Ministério e ninguém sabe onde se deve dirigir o individuo que pretenda usufruir do benefício. Insiste-se, referindo que se o anúncio é oficial, alguém deve saber fornecer a indicação ou então a mesma não deveria ser publicitada. Perante a obstinação de quem pergunta, pausa no telefonema. Minutos depois vem o esclarecimento. O interessado deverá dirigir-se a um banco e estabelecer com ele um contrato. Mas só a partir do dia 2 de Março...
Este é um exemplo típico de como se comunica com o cidadão. Primeiro, anuncia-se a medida como imediata. Depois, informa-se que afinal não é, mas que há-de vir a ser...
Alguém, já, se admira? Julgo que não!
H.S.C
Telefona-se para o referido Ministério e ninguém sabe onde se deve dirigir o individuo que pretenda usufruir do benefício. Insiste-se, referindo que se o anúncio é oficial, alguém deve saber fornecer a indicação ou então a mesma não deveria ser publicitada. Perante a obstinação de quem pergunta, pausa no telefonema. Minutos depois vem o esclarecimento. O interessado deverá dirigir-se a um banco e estabelecer com ele um contrato. Mas só a partir do dia 2 de Março...
Este é um exemplo típico de como se comunica com o cidadão. Primeiro, anuncia-se a medida como imediata. Depois, informa-se que afinal não é, mas que há-de vir a ser...
Alguém, já, se admira? Julgo que não!
H.S.C
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
O Futebol
Confesso que me dá muito prazer ver um bom jogo de futebol. Confesso que em estádio tenho que me controlar bastante para, por vezes, não dar uns gritos valentes. Confesso que tenho um clube preferido e um alternante para quando "o meu" não joga. Confesso, ainda, que me maravilho a ver o "puto maravilha" o qual, aliás, já começa a ter idade para ser tratado de outro modo.
Mas nada disto invalida que algo de perverso se passe neste mundo e que eu fique sempre estupefacta perante os milhões que o jogo movimenta e pelas astronómicas quantias que se pagam em salários e transferências.
Valerá mais o futebol do que a investigação, mais um jogador do que um cientista? Todos conhecemos os nomes dos craques. Alguém sabe quem são aqueles que na sombra dos seus gabinetes trabalham para melhorar a nossa vida?
Não haverá aqui uma profunda inversão de valores na qual, no fundo, todos nós temos um quinhão de responsabilidade?
HSC
Mas nada disto invalida que algo de perverso se passe neste mundo e que eu fique sempre estupefacta perante os milhões que o jogo movimenta e pelas astronómicas quantias que se pagam em salários e transferências.
Valerá mais o futebol do que a investigação, mais um jogador do que um cientista? Todos conhecemos os nomes dos craques. Alguém sabe quem são aqueles que na sombra dos seus gabinetes trabalham para melhorar a nossa vida?
Não haverá aqui uma profunda inversão de valores na qual, no fundo, todos nós temos um quinhão de responsabilidade?
HSC
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
O que um certo PS gosta...
"Eu cá gosto é de malhar na direita e gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam de facto à direita do PS. São das forças mais conservadoras que eu conheço e que gostam de se dizer de esquerda plebeia e chique".
( Frase atribuída a Augusto Santos Silva, actual Ministro dos Assuntos Parlamentares)
Ora aqui está uma frase à altura do discurso próprio dum ministro da actual situação. O democrata socialista gosta de malhar. De preferência na direita. E de caminho na esquerda caviar. Está no seu direito. E nós no nosso, ao achar lamentável este tipo de afirmações, em democracia.
Sabe-se, desconfia-se, quem o tolerante militante pretendia visar. Finíssimo no trato dos seus, como se vê. Como não será com aqueles que não pertencem à sua familia política?!
Eu sou uma das "sujeitas" que pode fazer parte do grupo em quem, com prazer, ele pretende malhar. Não sou da sua esquerda. Mas gostava de ser chique, só para ver como um homem socialista malha numa mulher, sem ser acusado de violência e de cometer um crime público!
Aqui está um belo exemplo da qualidade de alguns dos nossos governantes. Mais comentários para quê?
H.S.C
( Frase atribuída a Augusto Santos Silva, actual Ministro dos Assuntos Parlamentares)
Ora aqui está uma frase à altura do discurso próprio dum ministro da actual situação. O democrata socialista gosta de malhar. De preferência na direita. E de caminho na esquerda caviar. Está no seu direito. E nós no nosso, ao achar lamentável este tipo de afirmações, em democracia.
Sabe-se, desconfia-se, quem o tolerante militante pretendia visar. Finíssimo no trato dos seus, como se vê. Como não será com aqueles que não pertencem à sua familia política?!
Eu sou uma das "sujeitas" que pode fazer parte do grupo em quem, com prazer, ele pretende malhar. Não sou da sua esquerda. Mas gostava de ser chique, só para ver como um homem socialista malha numa mulher, sem ser acusado de violência e de cometer um crime público!
Aqui está um belo exemplo da qualidade de alguns dos nossos governantes. Mais comentários para quê?
H.S.C
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Nacionalizem os buracos...
Já não consigo ler as notícias nacionais por inteiro. A útima "caxa" sobre a crise que nos aflige, revela que o buraco do BPN atinge, na actualidade, mais de metade do custo do novo aeroporto! Ou seja, o que "se conhece", que ronda os 1800 milhões de euros constitui, assim, o dobro do que se previa. E isto é "só" o que se conhece...
A este ritmo daqui a um mês já não vale a pena construir-se o novo aérodromo, porque ele cabe inteirinho no buraco virtual da falecida instituição privada, agora renascida como banco nacionalizado.
Passo por Lisboa e na zona onde resido os buracos nas ruas constituem verdadeiras obras de filigrana em alcatrão. Saltitando neste rendilhado, lembrei-me de propor ao Dr António Costa que nacionalize as cavidades lisboetas. Era uma atitude que resolveria, de imediato, o problema das suspensões dos utilitários de todos nós, para além de constituir uma forma de justiça distributiva dum dinheiro que ninguém suspeitava que tivessemos.
A última versão a que assisti, mostrava dois carros enfaixados na mesma medonha fractura térrea, sita na rua Borges Carneiro, mesmo à porta do Chef, casa conhecida por alimentar vários políticos da nossa praça. Parece que as donas e empregadas do tal altar da gastronomia já terão reclamado várias vezes, sem resultado!
Assim, insisto, por favor, senhor Presidente da Camara Municipal de Lisboa, candidate-se à nacionalização de todos os buracos da capital, para evitar quedas maiores do que aquelas que já demos.
H.S.C
A este ritmo daqui a um mês já não vale a pena construir-se o novo aérodromo, porque ele cabe inteirinho no buraco virtual da falecida instituição privada, agora renascida como banco nacionalizado.
Passo por Lisboa e na zona onde resido os buracos nas ruas constituem verdadeiras obras de filigrana em alcatrão. Saltitando neste rendilhado, lembrei-me de propor ao Dr António Costa que nacionalize as cavidades lisboetas. Era uma atitude que resolveria, de imediato, o problema das suspensões dos utilitários de todos nós, para além de constituir uma forma de justiça distributiva dum dinheiro que ninguém suspeitava que tivessemos.
A última versão a que assisti, mostrava dois carros enfaixados na mesma medonha fractura térrea, sita na rua Borges Carneiro, mesmo à porta do Chef, casa conhecida por alimentar vários políticos da nossa praça. Parece que as donas e empregadas do tal altar da gastronomia já terão reclamado várias vezes, sem resultado!
Assim, insisto, por favor, senhor Presidente da Camara Municipal de Lisboa, candidate-se à nacionalização de todos os buracos da capital, para evitar quedas maiores do que aquelas que já demos.
H.S.C
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Mulheres
"Esquecer uma mulher inteligente custa um número incalculável de mulheres estupidas"
( Frase atribuída a António Lobo Antunes)
Hoje não me apetece falar do estado do país. De manhã, estive no programa Fatima a comentar o aumento das taxas moderadoras. Por isso, já desabafei sobre o quotidiano socio-político da terrinha.
Prefiro ocupar-me dum mail que me enviaram com a frase que cito acima. Tenho muita admiração pelo indigitado autor, mas jugo que a afirmação não respeita apenas as mulheres. Porque esquecer um homem inteligente dá, também, um trabalho imenso. E, se houvesse verdadeira igualdade de sexos, seguramente que muitas de nós confessariam quantos homens estúpidos esse esquecimento lhes teria custado. E suportar homens menos dotados intelectualmente, é capaz de ser muitíssimo indigesto!
O problema é que os homens só em teoria apreciam mulheres inteligentes. Na prática, isto é no quotidiano, preferem, quase sempre as outras, que dão manifestamente muito menos trabalho.
Durante anos a inteligência foi, para mim, junto com a cultura, a condição indispensável do meu interesse por alguém. Hoje, com muita vida vivida, dou primazia ao carácter. Porque aquelas sem este, não têm qualquer valor!
H.S.C
( Frase atribuída a António Lobo Antunes)
Hoje não me apetece falar do estado do país. De manhã, estive no programa Fatima a comentar o aumento das taxas moderadoras. Por isso, já desabafei sobre o quotidiano socio-político da terrinha.
Prefiro ocupar-me dum mail que me enviaram com a frase que cito acima. Tenho muita admiração pelo indigitado autor, mas jugo que a afirmação não respeita apenas as mulheres. Porque esquecer um homem inteligente dá, também, um trabalho imenso. E, se houvesse verdadeira igualdade de sexos, seguramente que muitas de nós confessariam quantos homens estúpidos esse esquecimento lhes teria custado. E suportar homens menos dotados intelectualmente, é capaz de ser muitíssimo indigesto!
O problema é que os homens só em teoria apreciam mulheres inteligentes. Na prática, isto é no quotidiano, preferem, quase sempre as outras, que dão manifestamente muito menos trabalho.
Durante anos a inteligência foi, para mim, junto com a cultura, a condição indispensável do meu interesse por alguém. Hoje, com muita vida vivida, dou primazia ao carácter. Porque aquelas sem este, não têm qualquer valor!
H.S.C
domingo, 1 de fevereiro de 2009
O silêncio dos bons
"O que mais me preocupa não é o grito dos violentos,
nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem
carácter, nem dos sem ética.
O que mais me preocupa é o silêncio dos bons"
( Frase atribuída a Martin Luther King)
Há afirmações que não precisam que se lhes acrescente nada mais. A verdade é tão forte que constitui um murro no estomago de quem se sinta vivo.
Durante anos assisti ao silêncio de muitos "bons", cuja coragem apenas era proporcional ao medo que os calava. Medo próprio e medo por aqueles que os rodeavam, em particular a família. Não me sinto capaz de os julgar.
Tentei, ao longo da minha vida, não silenciar ninguém com os meus medos. Que também exitiram. E existem, claro. Mas as injustiças, quando nos acontecem têm, muitas vezes, o efeito surpreendente de nos tornar mais fortes. Porque já fui objecto - não vítima, papel que recuso - de algumas e porque já ninguém depende de mim a não ser eu própria, há bastante tempo que me dou ao luxo de dizer o que penso. E de incentivar os meus netos a fazerem o mesmo. Como fiz com os meus filhos.
Se houver um só leitor a quem eu dê força para me seguir, fico muito feliz. Porque sinto que, afinal, continua a haver bons que ninguém silencia.
H.S.C
nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem
carácter, nem dos sem ética.
O que mais me preocupa é o silêncio dos bons"
( Frase atribuída a Martin Luther King)
Há afirmações que não precisam que se lhes acrescente nada mais. A verdade é tão forte que constitui um murro no estomago de quem se sinta vivo.
Durante anos assisti ao silêncio de muitos "bons", cuja coragem apenas era proporcional ao medo que os calava. Medo próprio e medo por aqueles que os rodeavam, em particular a família. Não me sinto capaz de os julgar.
Tentei, ao longo da minha vida, não silenciar ninguém com os meus medos. Que também exitiram. E existem, claro. Mas as injustiças, quando nos acontecem têm, muitas vezes, o efeito surpreendente de nos tornar mais fortes. Porque já fui objecto - não vítima, papel que recuso - de algumas e porque já ninguém depende de mim a não ser eu própria, há bastante tempo que me dou ao luxo de dizer o que penso. E de incentivar os meus netos a fazerem o mesmo. Como fiz com os meus filhos.
Se houver um só leitor a quem eu dê força para me seguir, fico muito feliz. Porque sinto que, afinal, continua a haver bons que ninguém silencia.
H.S.C