sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O Medo

Há uns largos meses, numa entrevista que me fez Pedro Rolo Duarte, na Antena 1, disse-lhe, a certa altura, que me acompanhava um sentimento estranho que eu classificava como uma forma de medo. Perante o seu espanto, tentei explicar-lhe o que sentia.
Não era um receio definido, objectivo. Era, antes, uma certa forma de insegurança no quotidiano, que se reflectia num vago temor pelo futuro daqueles que aqui deixasse quando partisse e ainda num "medo", esse sim claro, de algum dia não poder garantir os meus proventos e vir a depender materialmente dos meus filhos.
Porquê esta forma de ansiedade, numa otimista inveterada, que ao longo da sua vida pouco ou nada se queixou e que sempre considerou que o custo/benefício da sua existência era fancamente positivo? Não sabia, não sei ainda, responder, apesar de ser uma mulher analisada.
Relembrei, hoje, o que lhe disse então, por ter visto na 1ª página do Público, a notícia de que a confiança dos portugueses teria atingido o seu nível mais baixo desde 1985. É que o medo de perder o trabalho está a minar a confiança dos portugueses.
E eu sei, por experiência própria - ser mãe de dois políticos da oposição, do ponto de vista laboral, só me tem trazido dificuldades acrescidas -, o que representa esse receio. Mais, no meu caso pessoal, não foi só receio. Foi "guia de marcha" para ser substituída. Por alguém que, claro, tinha a filiação partidária adequada...
Felizmente a minha cabecinha funciona bem e as injustiças tornam-me mais forte. Acabei a ganhar com a saída, porque arranjei, de seguida, coisa melhor! Mas nem todos têm a mesma têmpera, nem as mesmas possibilidades. E nem por isso devem ser abandonados à sua sorte. É essa percepção que me leva a estar sempre solidária com os mais fracos!



H.S.C

2 comentários:

  1. Helena, eu tenho é muito medo de ter medo. Com o resto cá me aguento!

    Um abraço.

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  2. O perder o emprego de um momento para o outro, é ficar sem chão, ficar sem onde colocar os pés, com a agravante de não se ter asas para poder voar.

    Hoje, todos nós conhecemos alguém que ficou de repente nessa situação, assim como todos também conhecemos alguém que tem sida ou morreu dela.

    A comparação pode ser chocante, mas não deixa de ser verdadeira e isso é que me mete medo.

    Um beijinho Helena, tenho-a lido com imenso prazer desde que começou.

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