sábado, 27 de janeiro de 2024

FICA PARA AMANHÂ


 Num mundo onde o tempo parece escorrer entre os dedos como areia fina, onde as horas se desfazem em instantes e os dias se tornam apenas lembranças fugazes, há algo mágico no simples ato de adiar o princípio para o amanhã.

É como se, ao dizer "fica para amanhã", estivéssemos depositando nossas esperanças e sonhos  numa caixinha de promessas, lacrada com a promessa do amanhã. É um convite ao adiamento da realidade, uma pausa gentil no compasso frenético da vida.

Fica para amanhã, dizemos, quando o peso do hoje se torna demasiado. Fica para amanhã, quando a luz do sol já se pôs e a mente busca refúgio na escuridão reconfortante da noite. Fica para amanhã, quando a energia parece escassear e os músculos clamam por descanso.

Mas há também uma armadilha na promessa do amanhã. Uma sedução perigosa que nos faz acreditar que o tempo está sempre do nosso lado, que amanhã será mais fácil, mais propício, mais gentil. E assim, deixamos escapar pelas mãos preciosos momentos que nunca mais retornarão.

No entanto, apesar dos riscos, há uma beleza na simplicidade do princípio que fica para amanhã. É a promessa de um novo começo, de uma segunda chance, de um horizonte repleto de possibilidades. É o reconhecimento de que somos seres em constante movimento, sempre buscando evoluir, sempre buscando crescer.

Então, que o princípio que fica para amanhã seja mais do que uma desculpa para a procrastinação. Que seja, antes, um lembrete gentil de que o tempo é um presente precioso, e cabe a nós decidir como queremos utilizá-lo. Que seja um convite para viver com intensidade o hoje, sabendo que o amanhã sempre estará lá, esperando por nós, cheio de promessas e possibilidades.

2 comentários:

  1. Esta semana que agora terminou, partiu inopinadamente mais uma referência da juventude.
    Tinha 62 anos.
    Não teve amanhã.

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