É costume afirmar-se que que existem amores que não exigem reciprocidade. E o exemplo mais utilizado é aquele que liga pais e filhos. Há mesmo quem afirme que dava a vida por um filho, mostrando com esta frase a incondicionalidade do seu amor.
Pois eu não concordo. Amor sem reciprocidade não é amor. É egoísmo e dificilmente se suporta por muito tempo. Quando se ama, a expetativa é que o outro sinta o mesmo por nós. Se tal não acontece, que sentimento é esse que liga duas pessoas num só sentido?
Pessoalmente, não me passaria pela cabeça manter qualquer tipo de relação com alguém que eu sentisse que me não amava. Entre isso e perder a pessoa para quem eu pouco representava, preferia prescindir dela. Sentimento semelhante, é aquele que diz que os pais amam os filhos igualmente. Não é verdade. As manifestações de amor podem ser semelhantes, mas a intensidade delas pode ser diferente. Eu não amo das mesma forma um filho que me maltrate e um filho que me encha de ternura. Nem seria justo dar o "mesmo" amor a pessoas que são diferentes. O que se pode pedir aos pais, é que tentem amar os filhos como eles precisam de ser amados, de modo a que possam sentir-se seguros desse amor que lhes é tão necessário.
Amei profundamente os meus pais, mas amei-os de forma diferente. Amei e amo profundamente os filhos que tive. Mas amei-os como entendi que eles precisavam de ser amados. E, creio não me ter enganado, porque o amor que recebi deles também tomou formas diferentes. O mesmo se passa com os netos. E aqui o sentimento de reciprocidade é, pelo menos para mim, muito importante, porque eles têm várias avós com comportamentos naturalmente diversos. E eu quero ser amada como os amo a eles. Seria tremendamente injusto, a meu ver, que tendo netos diferentes, lhes desse afeto idêntico.
A maioria das pessoa não pensa assim, porque este não é o pensamento politicamente correto. Mas sem terem consciência disso vivem com alguma amargura a sua vida, ao sentirem que não são correspondidas. Não deveriam faze-lo, porque amor com amor se paga e, quem não cultiva os seus amores, pouco pode esperar deles!
HSC
Dizer e sentir são coisas diferentes.
ResponderEliminarQuem é que em seu perfeito juízo pode dizer que ama igualmente um filho que o mima e outro que o maltrata?
O politicamente correcto já chegou aos afectos?
Não tenho pachorra para isso, confesso.
HSC, este seu post devia ser lido por esses milhares de pessoas que se deixam escravizar pelo “amor incondicional”. Quantas vezes ao longo da minha carreira de professora expliquei que era uma utopia gostar de todos os alunos por igual. Lá lhe explicava o porquê e trazia a situação ( embora sempre negada) de que os pais gostam igualmente de todos os filhos!
ResponderEliminarUm abraço
Dalma
Uma reflexão que dá que pensar, degustar e pôr em prática.
ResponderEliminarDra Helena esqueci-me de agradecer
ResponderEliminarObrigada
ResponderEliminarTem tanta razão. Mas quem tem a coragem de dizer o que pensa, perante pessoas que se escandalizariam se nos ouvissem.
Sempre pensei que quando tiver a sua idade - se lá chegar - vou ter finalmente essa coragem. Que grande Mulher a senhora é!
Filomena
Os filhos podem ter personalidades diferentes e, consequentemente, formas de expressar os afetos diferentes. Mas até determinada idade (pode ser o começo da idade adulta ou até ao final dos 20s) o amor dos pais devia ser incondicional e, mesmo com esforço, idêntico para ambos. Quando não acontece, desconfio que possa haver uma relação toxica com um dos filhos. Possivelmente o ressentimento do filho na forma como trata o progenitor pode já ser uma consequência de um sentimento de injustiça no tratamento que teve relativamente ao(s) irmão(s).
ResponderEliminarConcordo em absoluto com a dra. Helena.
ResponderEliminarOs meus cumprimentos.
Irene Alves
Identifiquei-me totalmente nas suas palavras porque sempre pensei assim e por vezes bem criticada!
ResponderEliminarAbraços e um bom fim de semana
ResponderEliminarTem toda a razão. Cabeça e coração têm que servir o mesmo fim!
🌷
ResponderEliminarSubscrevo cada e toda a palavra por si escrita. Considero lamentável que haja tantos avós que não aceitam a desigualdade no comportamento dos netos para com eles, e, muitas vezes me questiono se não serão eles proprios a serem a causa...Gosto sempre e muito de a ler...
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