quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

O Valor dos velhos...

“...O convívio com os mais velhos compensa. Se esse convívio fosse procurado pelo valor que nos dá haveria concorrência pelo acesso a eles. Os velhos mostram-nos o que vai ser de nós. Mostram-nos que vale a pena aproveitar a idade que temos, seja qual for.Ajudam-nos a dar valor à juventude mas também nos tiram o medo de envelhecer, mostrando-nos que a velhice é uma coisa exterior e mecânica que só ocasionalmente consegue chegar à alma, cuja criancice é inviolável.É uma sorte e um elogio quando um velho escolhe passar tempo connosco. Como é que conseguimos esquecer-nos disso?"

Foi o Miguel Esteves Cardoso que escreveu estas linhas. Ele que já é avô e teve a sabedoria – que nem todos entendem – de escolher o tipo de vida que pretendia fosse o seu e que, aos olhos dos outros, parece bem afastado daquele que o seu início de vida profissional prenunciava.
Muitas vezes, quando me olho ao espelho ou me vejo interiormente, reconheço em mim a minha mãe e a minha avó. Nos gestos, na voz, no pensamento, tudo formas identitárias delas recebidas e que talvez a genética consiga explicar.
Do meu pai herdei um lado germânico, que convive muito mal com a desarrumação, a falta de sentido do compromisso, a noção de que a nossa liberdade é limitada face à liberdade dos outros, e pela necessidade imperiosa de momentos de silêncio.Talvez esteja aqui, nesta mistura tão variada, uma das razões por que tenho tantos amigos jovens que gostam da minha companhia..

HSC 

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