Adoro Portugal. Mesmo hoje, quando há mais razões para sair do que para ficar. Porque fiquei quando podia ter saído, penaliza-me e entristece-me quando o vejo diminuído, dependente e incapaz de reagir.
Julguei, um dia, que este estado de espírito só se verificava nas chamadas ditaduras. E que quando a democracia se instalasse nunca tal fosse possível. Porque, pensava eu, uma revolução não se faz apenas para ter mais liberdade. Faz-se, também e sobretudo, para que todos possamos viver melhor...
O que é que nos aconteceu? Somos, de facto, mais livres. Mas somos melhores? Vivemos em melhores condições? Temos mais educação? Somos mais cultos? Valorizamos mais a excelência? Temos valores mais autênticos?
Temo que a resposta a estas perguntas não seja a mais animadora. Pior, receio que alguém se preocupe muito com este tipo de questões. Lamentável!
Nota: Este texto foi escrito em 2006. Não lhe alterei nem uma vírgula. Continuo a pensar o mesmo!
HSC
Tal qual...
ResponderEliminarMelhores cumprimentos.
Sabe qual é uma das coisas que mais me irrita quando vou a Portugal (vou na próxima semana)?
ResponderEliminarOuvir falar mal "deste país".
Muitíssimas vezes por pessoas que não conhecem outros.
Bom fim-de-semana
«Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional [...]
ResponderEliminarUma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis (...)
Guerra Junqueiro, in "Pátria"(1896)
Este retrato que a Helena fez de Portugal fez-me lembrar aquele de Guerra Junqueiro, mais violento na linguagem. Mas tão actual, infelizmente...
Somos um país doente, sem valores e a definhar. E um povo indiferente a tudo, sem um sobressalto. Até quando deixaremos que abusem da nossa paciência?!
Gl
Tão verdade!
EliminarPodia alguém ter escrito hoje essas palavras, os últimos tempos têm sido uma desilusão.
Viver em democracia já é a melhor coisa que há. Veja-se as ditaduras por esse mundo fora e compare-se. Há mais Educação? Há. Há mais Saúde? Há. Tudo corre bem? Não! Mas também nas nossas casas nem tudo corre bem e por vezes muito mal. Mas não há comparação com o antes do 25 de Abril. Quando vejo no SNS uma idosa de mais de 90 anos ser sujeita a uma operação ao coração caríssima e nada pagar, quando vejo medicamentos caríssimos serem administrados gratuitamente, quando vejo as clínicas de fisioterapia cheias de idosos e com transporte de ambulâncias e outras coisas semelhantes faz-me acreditar que estamos melhor! Quando vejo todas as crianças a estudar e com os mesmos direitos e oportunidades, estamos melhor. Nem tudo está como queremos, mas acreditemos que vão melhorar. Não é sempre a "rebaixar" que vamos lá. Temos de lutar, reinvindicar, sim, mas com consciência, acho eu.
ResponderEliminarCumprimentos da Maria do Porto
Cara Maria
ResponderEliminarNão sou pessimista . Mas não tenho o seu , nomeadamente na saúde e na educação. E, creia, tenho alguma experiência pessoal nestes dois campos.
Demagogia, propaganda, manipulação têm pontuado no presente, no dia-a-dia.
ResponderEliminarQue falta nos vai fazer Vasco Pulido Valente para desmascarar tudo isso de forma contundente!...
E que saudades também de Medina Carreira... de Vasco Graça Moura... que falta me faz ler as suas opiniões. São tão poucos aqueles que exprimem as suas opiniões livres, sem agendas, sem se enfeudarem aos interesses, sem reserva mental.
Gl
Os famosos índices de Gini, que medem o grau de desigualdade numa economia e numa sociedade, revelam bem que certos progressos se vão fazendo, mas muito lentamente.(...) Noutras palavras, os graus de desigualdade são, em Portugal, dos mais visíveis da Europa e do mundo ocidental. Com a ajuda dos trabalhos de Carlos Farinha Rodrigues e artigos de vários jornalistas ou comentadores, como em especial Alexandre Abreu, no Expresso, temos a clara visão de que os melhoramentos, por vezes reais, são no entanto frágeis e de pouca duração. Além disso, ficam aquém do que se passa na maior parte dos países europeus. Há, na sociedade portuguesa, poderosos factores de desigualdade social. Assim como fortes obstáculos à mobilidade social.(...)
ResponderEliminarAntónio Barreto, in PÚblico, 23/fev./2020
(cont.)
ResponderEliminarO Estado social português, cujo início pode ser datado do final dos anos sessenta, está em parte na origem de melhoramentos extraordinários, mas em parte falhou. Hoje, os sinais mais evidentes desse falhanço poderão estar visíveis no modo como pensões e salários mínimos evoluíram, assim como no modo como se faz a repartição social do rendimento.
É verdade que a evolução da produtividade foi fraca, o que reduz as probabilidades de melhoria dos rendimentos. Mas, mesmo com o fraco desenvolvimento económico das últimas décadas, o Estado português poderia ter feito melhor. Tanto para criar riqueza, como para a distribuir.
António Barreto, in Público em 23/fev./2020
(cont.) Ora, a verdade é que há uma dimensão da desigualdade particularmente presente entre nós. Os serviços públicos são iníquos e mal organizados. Todos os elogios que se fazem ao Serviço Nacional de Saúde, por exemplo, esquecem quase sempre que é esse mesmo serviço que, perante os fracos e os sem poder, demora meses e anos para uma consulta, uma análise ou uma cirurgia. O atendimento da maior parte dos serviços públicos (segurança social, serviço de estrangeiros, impostos, finanças, justiça, notariado e registos) é desorganizado e, com frequência, injusto, pois os poderosos podem sempre encontrar soluções. Há, nos serviços públicos, uma desigualdade invisível cruel. É essa a grande fraqueza do Estado social.
ResponderEliminarAntónio Barreto, in Público em 23/fev./22020
E mais ainda sobre o País das Maravilhas:
ResponderEliminar"As agências de comunicação, de meios e de publicidade são hoje os verdadeiros executivos do domínio da comunicação, sendo que a última instância do poder reside nas grandes centrais: o Governo, os partidos e os grandes grupos económicos. Entre todos estes, não tenhamos dúvida, o Governo é hoje o grande timoneiro da comunicação social, isto é, o mais feroz condicionamento da liberdade de expressão.
Como nunca antes, o Governo “marca as agendas”, selecciona as notícias e os estudos, escolhe os órgãos de imprensa que fazem jeitos, paga publicidade institucional, não responde a quem procura e investiga, alimenta a maior parte das agências de comunicação que, sem o governo, pouco teriam para fazer. Os noticiários das televisões parecem feitos nos gabinetes dos ministros."
António Barreto, in Público em 1/dez./2019
E mais isto sobre as nossas Maravilhas:
ResponderEliminar"(...)alguns jornalistas de esquerda silenciam quase tudo o que não convém aos seus amigos, condenam o que lhes cheira a direita ou a incomodidade. Os de direita, poucos actualmente, não se comportam de maneira muito diferente, só que argumentam quanto podem com as liberdades, dado que o governo fica à esquerda. A verdade, todavia, é que existe uma espécie de ambiente geral, de clima cultural ou de moda e espírito sempre disponíveis para agradar à esquerda, calar os defeitos, inventar conveniências e fabricar verdades, mas sobretudo condicionar e definir as agendas. Os mesmos lapsos, os mesmos erros, os mesmos defeitos, as mesmas medidas políticas (...) cometidos pelas direitas e pelas esquerdas têm tratamentos absolutamente diferentes. Condescendência, desculpa ou silêncio para a esquerda, crítica, intransigência e investigação para a direita. Esquecimento para a esquerda, memória para a direita. Nos tempos dos governos de Cavaco Silva não era muito diferente, só que os jornalistas se comportavam então com um pouco mais de liberdade e havia menos agências de comunicação. Os governos de Sócrates eram parecidos, só que mais brutos. Os de Costa refinam.
António Barreto, in Público em 1/dez./2019
De modo que não sei bem se isto ainda é uma democracia...
ResponderEliminarMas que gostava de ter uns óculos com lentes cor de rosa, lá isso gostava! Sempre via o país a cores...
«O bem-estar e o conforto da população portuguesa tiveram a maior importância ao longo das últimas décadas».
ResponderEliminar«O número de pensões da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentação passou de cerca de 260.000, em 1970, para mais de 3.500.000, em 2018».
«Também o Estado Social no seu conceito mais imediato (sobretudo Segurança Social, Educação, Saúde) cresceu e melhorou até ao fim do séc. de maneira muito significativa. Toda a população, empregada ou não, contributiva, ou não,foi integrada no sistema».
«SEM PERDER DE VISTA ESTE PROGRESSO NOTÁVEL, convém olhar para outros aspectos. Depressa chegaremos à conclusão que o Estado Social, além de ter vingado tb falhou».
António Barreto/ Público/ 23 Fev 2020
Se isto AINDA é uma democracia??!!
ResponderEliminarMas já alguma vez foi?!
A bem da DEMOCRACIA completemos o excerto do comentário do anónimo de 24 de Fev 2020 às 7:18, que retirou do artigo de A. Barreto, o que não lhe convinha:
ResponderEliminar«Os famoso índices de Gini que medem o grau de desigualdade numa economia e numa sociedade, revelam bem que certos progressos se vão fazendo, mas de forma muito lenta. E são facilmente postos em causa, COMO OCORREU DURANTE O PERÍODO DITO DE «ASSISTÊNCIA INTERNACIONAL» OU DA «TROIKA».
Noutras palavras, os graus de desigualdade são, em Portugal, os mais visíveis da Europa e do mundo ocidental...» etc.
As coisas não são a preto e branco, temos de saber criticar à direita e à esquerda, de forma isenta (isso sim é DEMOCRACIA) e não ficcionar que a esquerda faz tudo mal (ai meu Deus que maus que eles são!) e a direita faz tudo bem (assim sim, branquelas, certinhos, sem preocupações sociais, assim sim!), e vice-versa.
ResponderEliminarAnda tudo virado do avesso.
É o caso de Francisco Rodrigues dos Santos: com o seu ar de testemunha de Jeová ou de God´s Children, usa uma linguagem de esquerda, estratégica, sem deixar de recorrer às citações de cantores de intervenção.
Rui Rio mimético do PS, FRS mimético da esquerda. Discursos vazios, que não correspondem aos seus programas reais.
Mas hoje o JOGO POLÍTICO está bem à vista.
O que eu acho é que sim, é muito melhor viver em democracia, mas infelizmente as novas gerações não aproveitam esse facto. Não valorizam a educação, os valores nem a liberdade... isso sim é lamentavel...
ResponderEliminarMas que lata! Como a direita está preocupada com o SNS!!
ResponderEliminarComo tudo é manipulado!
Sim?! e então a que se deveu a "ASSISTÊNCIA FINANCEIRA INTERNACIONAL, vulgo TroiKA?
ResponderEliminarPois é... "transigência, falta de memória, esquecimentos", etc. para a esquerda, não é? Afinal exatamente como diz A. Barreto. Que até é PS...mas dos sérios.
Quem quiser e estiver interessado que se informe com mais detalhes sobre esta nova realidade do Hospital de Braga, que foi uma REFERÊNCIA até há bem pouco tempo, o melhor dizem... Pois bem, uma certa IDEOLOGIA já começou a dar os seus frutos: as greves recentes, outras já agendadas para o início de Março, barafunda na ala pediátrica, distúrbios que obrigaram à intervenção Da Segurança do Hospital, numa das alas previstas com 16 camas "enfiaram" 40 doentes, diminuiram o horário para as 35h (que dantes era flexível) obrigando com isso ao aumento de mais de 160 o nº de funcionários com custos de mais de 2 milhões de despesas mensais etc.
ResponderEliminarMas sobre este assunto, o melhor é ouvir-se o "Contra Corrente" de José Manuel Fernandes no Rádio Observador
Acrescento:
ResponderEliminaro dito "Contra.Corrente" está em podcast com o Título "Se os sindicatos mandam no SNS os doentes é que pagam".
Anónimo das 9:12
ResponderEliminarEstá desactualizado. Abarreto já foi do PS.
Julgo que continua fiel aos mesmos princípios que sempre nortearam a sua vida, mas demarcou-se ou riscou-se DESTE PS, o que se compreende...
ResponderEliminarE há outros nomes, também eles homens honrados e corajosos como se comprova neste texto de Francisco Assis de 19/out/2019
"Contrariamente ao que a dado passo se tentou fazer crer, a “geringonça” nunca correspondeu a um propósito devidamente pensado e amadurecido de superação de uma histórica inimizade parlamentar e ideológica entre os vários segmentos da esquerda portuguesa. Foi apenas e só um expediente usado para afastar o centro-direita do poder e garantir a constituição de um Governo do PS liderado por António Costa. Constatou-se, assim, o carácter muito precário desta solução vocacionada para uma durabilidade limitada e muito dependente da benevolência de circunstancialismos externos à mesma."
Vale a pena o resto da crónica sr lida, pela ponderação, seriedade e coragem demonstradas, depois da perseguição que lhe tem sido movida, sendo condenado quase ao ostracismo dentro do seu próprio partido.
Ficou a faltar este excerto do mesmo artigo de Opinião de Francisco Assis:
ResponderEliminar" Há quatro anos atrás opus-me com veemência à celebração de um entendimento parlamentar com incidência governativa entre o PS e os partidos situados à sua esquerda, acordo esse que viria a entrar na gíria popular sob a designação de “geringonça”. Fi-lo na convicção de estarmos então perante um expediente moralmente atacável e politicamente questionável destinado, tão somente, a permitir ao PS a formação de Governo após uma relativamente inesperada derrota eleitoral. Por ter tomado tal posição fui objecto de uma operação de execração pública minuciosamente levada a cabo nas redes sociais e de uma campanha de ostracização partidária que se traduziu no facto de não ter sido convidado para uma única iniciativa promovida pelo PS nos últimos quatro anos, mau grado desempenhar funções de deputado no Parlamento Europeu. Aquilo que constituía uma divergência legítima, afirmada com frontalidade e franqueza, foi tratada como uma verdadeira dissidência política e ideológica. Confrontei-me com tudo o que há de pior na vida partidária: o dogmatismo dos alarves, o sectarismo dos fanáticos, o cinismo dos oportunistas. Compreendi bem cedo que não havia lugar para quem questionasse a famigerada “geringonça”."
Não há pior cego do que aquele que não quer ver. Aqui está um retrato do governo em todo o seu esplendor!
António Costa não faz a mínima ideia para onde quer levar o seu país. Sabe que quer aguentar mais quatro anos, a fim de… ganhar mais quatro! Também sabe que gostaria que Portugal conseguisse chegar a todos os lugares comuns: mais saúde, mais educação, mais pensões, mais igualdade, mais cultura e mais sossego! Belo programa! Nada se passa e tudo deve continuar. Eternamente.
ResponderEliminarA. Barreto, in "O nada e o Infinito"- jornal Público
Alguns comentários mais optimistas sobre a nossa realidade, fizeram-me lembrar uma canção francesa cujo refrão dizia assim:
ResponderEliminar"Tout va bien, Madame la Marquise
À part ça, tout va très bien, Madame la Marquise,
Tout va très bien!"
É uma canção de 1935 que parodiava e denunciava a passividade da França face à chegada da 2ª Guerra Mundial. A letra troçava do optimismo dos franceses e dos seus governantes que não se perturbavam com a iminência do perigo.
"Tout va bien, Madame la Marquise" tornou-se por isso uma expressão proverbial para designar, hoje, uma atitude de cegueira, despreocupação e inconsciência perante uma situação desesperada que se aproxima e cujos sinais são já inquietantes.
Bom fim de semana, Helena
Gl
Não sou do PS mas acho doentia esta necessidade desesperada e cega da direita de arranjar pretextos para branquear as suas responsabilidades.
ResponderEliminarMau perder e histeria!
António Barreto andou a saltitar do PC para o PS, do PS para Francisco Sá Carneiro, de FSC para Mário Soares, de MS para a snobeira de Filomena Mónica, uma «discípula» de Vasco Pulido Valente, de quem foi namorada na juventude e de quem «herdou» o mau feitio. Por vezes, MFM escreve coisas interessantes mas outras, diz patacoadas incoerentes, que só têm interesse para ela própria. Não gosto de pessoas com mau feitio, há qualquer coisa de narcísico e intolerante, de falta de inteligência emocional, mas tb têm os seus lampejos e as pessoas são o que são. As pessoas ditas «livres» (será que isso existe mesmo, a liberdade de cada um é muito relativa, depende de uma rede de influências de que o próprio nem se apercebe) hoje já não me impressionam, prefiro as pessoas bondosas, atentas às outras pessoas, aos outros seres, pessoas compassivas, mas as que o são verdadeiramente como, por exemplo, Tolentino Mendonça, nãs pessoas xaroposas e delicodoces.
ResponderEliminarAnónimo de 28 Fev 2020, 9:12
ResponderEliminarIdem idem, à direita. Devolvo.
O PS e a direita estão profundamente feridos de corrupção (com todos os seus sujos ingredientes- favorecimentos, abusos de poder, fraudes várias, roubos, enriquecimentos ilícitos, etc., etc.) de forma devastadora da ética e da dignidade, com casos como Sócrates, para os primeiros, e de Ricardo Salgado, Duarte Lima (neste caso, alegado crime) e outros, para os segundos. Não há volta a dar.
Anónimo das 9:37
ResponderEliminarPois!... mas -suponho eu- nunca seremos governados por D. Tolentino de Mendonça, pois não?
Como pessoa apartidária afirmo que o 25 de Abril e a geringonça (palavra que tem sido traduzida em vários países) foram das situações políticas mais motivadoras, entusiasmantes, criativas, a que assisti na minha vida.
ResponderEliminarMuitos artigos poderia despejar aqui em defesa de ambos, mas acho que, em tal excesso, a citação de períodos e períodos de artigos de opinião, torna-se obsessiva e demonstra uma atitude professoral de direita de quem os posta, por falência da sua própria argumentação.
Bastava fazer referência aos artigos, uma citação ou outra, as pessoas vão ler, não são iletradas, não precisam de alfabetização de direita.
Mas que destrambelho!
Podemos e devemos criticar o estado do país, mas acredito que estaria muito pior nas mãos da direita.
Andam muito ansiosos os direitas!
ResponderEliminarAntónio Barreto não andou a "saltitar" de partido em partido. O seu percurso político está à distância de um clic na wiki.
ResponderEliminarNunca passou pelo psd, mas fez parte com outros outros socialistas (ex. Francisco Sousa Tavares, Medeiros Ferreira) do chamado Movimento dos Reformadores.
Transcrevo:" Medeiros Ferreira e outros elementos da ala direita e reformista do PS (incluindo António Barreto e Francisco Sousa Tavares) dissidiram desde em 1978 para criar o Movimento Reformador ou Movimento dos Reformadores, que em 1979 se juntaria à AD de Sá Carneiro (embora não tenha feito parte do Governo Sá Carneiro)".
Sobre a sua passagem breve pelo PCP, o mesmo fez Mário Soares. Podia citar muitos, muitos mais, até oriundos de outros partidos também extremistas. Mas seria deselegante fazê-lo. São nomes sobejamente conhecidos, ocupando cargos de relevo.
Não conheço A. Barreto, portanto não tenho nenhuma procuração para o defender. Apenas o leio e ouço nas suas aparições televisivas ou públicas sempre que posso. Se há homens íntegros, dignos, cheios de bondade, profundidade e sábios neste país, António Barreto é um deles.
Para não esticar mais o texto, digo apenas que Filomena Mónica é das mulheres mais interessantes e lúcidas deste país. Para além de ser imensamente desconcertante, qualidade que muito aprecio nas pessoas, porque são capazes de mandar uma pedrada neste charco.
Andam aqui pitonisas catastrofistas com os seus oráculos inflamados sobre o estado em que se encontra Portugal, em transe histérico e exacerbado sobre o abismo.
ResponderEliminarAs mesmas que diabolizaram a adolescente Greta e a etiquetaram de pitonisa.
SNS 12 anos de desinvestimento.
ResponderEliminarSobre Vasco Pulido Valente disse João César Monteiro «era extremamente verrinoso em especial com os mais fracos e, por outro lado, muitíssimo cuidadoso com as pessoas do poder». No entanto, nas últimas duas décadas VPV, o «catequista da desolução», com o cinismo e ferocidade habituais, passou a dar ferroadas tb aos governos.
ResponderEliminarSoturno, amargo, com «uma tristeza bestial», para além de desagradável, escrevia com o seu «olho desencantado», mas muitas vezes com «pura e simples má educação».
Figura antipática e complexa, não deixo de lhe reconhecer algum valor, mas não para ser elevado a mito, muito menos a génio.
Disse sobre os desfavorecidos «cada vez os detesto mais».
Para mim é uma figura de direita, mal assumida, que usou o bom feitio da esquerda a seu favor.
Esteve ligado ao PS, a Francisco Sá Carneiro, a Mário Soares, andou por ali sem convicção, sem outros objectivos que não fossem «safar-se» como ele próprio disse.
Nessa sua auto-análise reside para mim o seu valor.
Meu floco de batata liofilizada, meu olho de gato pardo amestrado, precisaste de te encostar às chamas da esquerda- solidariedade, luta pela igualdade, empatia- para encontrares o élan que não te habita. Bolsa e coração à direita, performance à esquerda, onde é que isso te leva!
ResponderEliminarAnónimo 29 Fev 12:58
ResponderEliminarVejo que é perita em desconversar!
O meu comentário, além de Tolentino Mendonça, referia-se claramente a António Barreto, Vasco Pulido Valente, Filomena Mónica...
Pois! mas- suponho eu- nenhum deles é ou será governante!
Filomena Mónica não está acima, nem fora do charco.
ResponderEliminarA Barreto está a criticar alguns aspectos do governo PS, não está a elogiar a direita!
ResponderEliminarVemos Francisco Assis criticar o seu partido com honestidade, António Barreto, que se assume de esquerda independente, criticar a esquerda, mas nunca vemos a direita fazer o mesmo, existe na direita uma cegueira desonesta e um triunfalismo de fancaria.
ResponderEliminarAnónimo de 2/3 às 17:21
ResponderEliminarAh!Ah!Ah!
Adorei essa minha nova apetência, a de desconversar. Claro que só um bom conversador é que me topava!
HSC o comentário sobre «desconversar» não era para si mas para o anónimo de
ResponderEliminar29 de Fev às 12:58.
Helena, provavelmente já deveria estar encerrado o assunto que pôs à discussão dos seus leitores, para que exprimissem as suas diferentes opiniões muito democraticamente. Mas acontece que estou impressionada com algumas coisas que li e que reflectem uma certa visão do mundo demasiado redutora, no meu entender. Tudo é Esquerda ou é Direita ! Ora isso parece-me uma atitude muito fechada e cristalizada no tempo (o "prec"já passou). Está mais que ultrapassado pensar-se que o mundo é assim. Basta olhar! As sociedades são dinâmicas e actuais, evoluem, estão em constante movimento, respondem a estímulos constantes. O Mundo flui!!! Ninguém pode ser etiquetado dessa maneira, Esquerda ou Direita, de forma tão básica e simplista. As pessoas são muito mais do que isso, têm uma grande complexidade, são multifacetadas. Ainda bem que as sociedades não têm apenas essas 2 cores, nem só essas 2 notas: seriam demasiado monocromáticas e monocórdicas. Que Mundo entediante seria esse!
ResponderEliminarMas como se isso não bastasse, alguns ( e só alguns) muito pouco democraticamente comportam-se como uma guarda pretoriana, hirtos, inflamados, de arma em riste, sempre prontos ao ataque, ou melhor dizendo, "malhando" naqueles que deles discordam. E nem uma palavrinha sequer sobre a dissolução das regras e dos procedimentos democráticos que são diária e reiteradamente pervertidos à vista de todos! Contemporizam com toda a espécie de transgressões.
E precisamente NÃO foi isso que fizeram ABarreto nem FAssis. Não silenciaram nem transigiram. (agradeço a possibilidade de os ler, já que não sou asssinante do Público).
Nenhuma das suas duras críticas tinha como objectivo fazer um elogio subentendido à direita, como é evidente. Ambos mostram a sua grande preocupação com o rumo que leva a nossa democracia. Ambos mostram a sua inquietação por estarem a ser postos em causa certos limites ao Poder ditados pela Ética. Ambos denunciam que esses limites estão a ser violados! Ambos põem em evidência que alguns dos nossos governantes consideram como válidos todos os estratagemas de controlo para se perpetuarem no poder (nem vale a pena enumerá-los, é só ler).
Quanto a mim, a ser feita alguma "divisão", é a que ambos os autores também fieram: a ética ou a falta dela na governação de um país, seja que partido fôr, Se não, há tudo para correr mal. E não é catastrofismo.
Gl