O texto que se segue são
retalhos de um outro maior, intitulado "O Retrocesso da Razão", de
Alexandre Homem Cristo, no jornal on line Observador, a propósito de uma certa
plêiada política qualificar Passos Coelho como xenófobo e Henrique Monteiro
como fascista.
Trata-se, evidentemente,
de dois insultos proferidos por aqueles que se consideram os arautos da verdade
absoluta e cuja noção de democracia é tão básica que só insultando entendem
convencer os papalvos.
O debate político em
Portugal está profundamente contaminado e há-de acabar por levar a um completo
desinteresse da política e a uma enorme abstenção. Tenho, como devem calcular,
uma longa e dolorosa experiência desta matéria no campo familiar...
"Como
se reconhece um fascista? A pergunta pesa e, para lhe dar resposta, há que
começar pela base: o que define um fascista? Ora, aqui há dois caminhos
possíveis. Por um lado, pode entender-se “fascista” através da sua definição
literal – alguém que defende um Estado autoritário e repressor das liberdades
individuais, que persiga minorias sociais, que abale o Estado de Direito, que
suprima os freios e contrapesos das instituições republicanas, que sufoque o
pluralismo, que oprima através da violência. Ou, por outro lado, pode optar-se
pelo uso popular e entender-se “fascista” como um termo retórico para insultar
qualquer indivíduo ou ideia que, independentemente do motivo, nos desagrade.
Isto é, como uma muleta de debate que, com o objectivo de desqualificar o
adversário (geralmente de direita), descobre nele uma associação (por muito
indirecta que seja) ao fascismo – sendo irrelevante a sua plausibilidade. Ora,
se o primeiro caminho é o lógico e correcto, o segundo é aquele que se vê ser
percorrido a galope no debate público, onde se desvenda um “fascista” em cada
canto dos jornais. E se a definição que conta é mesmo a segunda, então o
processo de reconhecimento fica simplificado: “fascista” é aquele de quem não
se gosta.
... O
ponto é que o debate público está inviável. Não se discute, desqualifica-se a
posição contrária. Não se olha aos factos, inventam-se associações degradantes.
Não se procuram evidências, seguem-se emoções. Não se respeitam os adversários,
convertidos em inimigos a abater sem escrúpulos. Não se pensa, insulta-se. Não
se cede, impõe-se a força da maioria. E, portanto, geram-se trincheiras em vez
de pontes e cisões em vez de consensos. Sim, dito assim parece assunto
transitório e sem importância. Mas um regime democrático, que por definição
vive de compromissos, não passa por isto sem feridas profundas."
Este
texto é o paradigma do que penso, hoje, da política em Portugal.
Democracia?
Onde? Só, como se vê, para alguns. Os outros, são meros proscritos a quem
podemos democraticamente insultar!
HSC
E já agora como é que define um comunista? Será que também não querem um estado totalitário, ateu e massificado, com extermínio de todos aqueles que não se submetem á cartilha ( ver URSS, China, Vietname, Camboja, , Frente Popular em Espanha) Existem francamente bem mais mau exemplos do que no fascismo. Cumprimentos
ResponderEliminarLogo a seguir ao 25 de Abril na terra onde residimos
ResponderEliminarAlhos Vedros, concelho da Moita, nós que nunca tínhamos
tido qualquer ligação à política, fomos apelidados de
fascistas só porque não aderimos ao Partido Comunista
que em eleições autárquicas ficou logo à frente dos
órgãos autárquicos, sobretudo Câmara Municipal e
Assembleia Municipal até hoje.
Não aderimos ao PCP como muita da população de A.V.
porque não sentimos "esse chamamento", mas com o
decorrer do tempo e conforme fomos adquirindo mais
conhecimentos, fomo-nos percebendo melhor e a entender
que a nossa opção foi a certa.
Desde 74/75 éramos para muitos que aderiram ao PCP
"fascistas", hoje não sei nem me interessa que dirão,
mas de facto é difícil ser-se democrata em certos momentos.
Os meus cordiais cumprimentos.
Irene Alves
Concordo inteiramente. E´ assustador e triste ao mesmo tempo.
ResponderEliminarJunta-se a arrogancia com a ignorancia, fazem-se juizos de valores em funçao de opinioes politicas, e o resultado é uma facada na democracia, a incapacidade de se discutir até os assuntos mais simples.