"Quando peço à minha filha mais nova para arrumar o quarto e lhe pergunto se já está a resposta invariável é "quase".
"Quase" é uma das palavras mais complexas da língua portuguesa. Pior que a firmeza de um "não" e a incerteza de um "talvez" é a desilusão de um "quase". "Quase" é o que podia ter sido, mas não se concretizou.
Costumo dizer à minha filha que gaste mais horas a fazer do que a sonhar, a concretizar do que a planear, a viver do que a esperar, porque, como alguém escreveu, "embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu".
Helena Ferro Gouveia in Facebook
Nunca se sabe ao certo porque é que certas coisas acontecem. Sou pouco frequentadora do Facebook, onde raramente escrevo, mas publico coisas de outros, que, por uma qualquer razão, exprimem coisas em que acredito. Ou seja, publico bonecos que falam sério. Apesar disso, ou por isso mesmo, tenho bastantes comentários e partilhas.
Reconheço que, para quem escreve, o Face é uma boa ferramenta de trabalho e sei que a sua qualidade depende do uso que dela fazemos. Mas o caracter de diário publico da vida privada das pessoas, que caracteriza muitos dos seus utilizadores, tem-me posto de pé atrás relativamente à possibilidade de lhe dar qualquer outra utilização.
Tudo isto para explicar que, num rápido zapping - que uma doméstica mudança de tecnologia agora me impôs - fui, sei lá como, dar ao texto que acima reproduzo.
Escolhi-o porque ele me me trouxe à memória, a terna lembrança de uma luta antiga que travava com os meus filhos e que nunca consegui vencer, pesem embora os esforços despendidos. É que tudo o que eu pedia estava sempre "quase feito".
O Miguel, mais preciso, respondia "quase, quase". E o Paulo, que numa primeira fase fazia que não ouvia, acabava por fim com um "tá quase". Ambos me obrigavam a dizer, entre dentes, "têm a quem sair"...
Mas viver muito tempo, também traz compensações. Como era de esperar, o caso havia de repetir-se com os netos que, sabendo da história, tinham modernizado a expressão, e respondiam, com algum humor, " está em vias de"!
Boa doutora Helena, é mesmo isso. Passa de geração em geração.
ResponderEliminarAbraços, não me esqueço de cá vir beber coisas lindas
Maria Isabel
Genial!
ResponderEliminarBelas recordações! Estou mesmo a ver a carinha deles...
O meu filho conseguia irritar-me com o mesmo tipo de respostas...
Saudades!
🌷
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ResponderEliminarDra. Helena,
O "está quase" é uma resposta que transita de geração em geração tal como o "já vai....."
Beijinho
FL
E a outra, quando a mãe, que sou eu, era professora e não admitia que qq um de nós chegasse atrasado: "tou indo mamã"!
ResponderEliminarDe deixar os nervos em franja e só melhorou quando um dia resolvi deixar um dos atrasados em casa...