terça-feira, 10 de março de 2015

Solidariedade e trabalho

Como deve acontecer a muito boa gente que, por algum motivo, se torna conhecida, também eu, com bastante frequência, sou abordada para fazer palestras, escrever prefácios, apresentar livros, dar opinião sobre medidas tomadas por quem de direito na área económica, como se fosse uma espécie de mulher de sete ofícios que nunca fui ou quis ser. Porque, se quisesse, estava na política ou passava por ela, para garantir o "tachinho" que costuma vir depois...
Já há bastante tempo - há pelo menos cinco anos - esclareci que se o objectivo daquilo que me pedem for de solidariedade social, então sim, fá-lo-ei gratuitamente. É dever cívico a que não falto. 
O restante, que implica trabalho pessoal, deslocações, alojamento, transportes, tem um preço, para além da contabilização destas últimas despesas. Ora quando  a pessoa que trata da minha agenda dá estas informações, verifica que há sempre uma certa surpresa do outro lado da linha, como se esperassem que tudo corresse a expensas minhas. No limite, lá fazem o favor de estarem dispostos a pagar as despesa de deslocação. Ou seja, eu andaria pelo menos, uma semana em cada mês, a trabalhar de graça para quem, no fundo, sempre ganhará alguma coisa com o meu trabalho...
Chega a ser impressionante ver, afinal, a pouca consideração que o "trabalho intelectual" merece, num país no qual até se assiste ao pagamento de "presenças" aos que, pelo "corpinho", se tornaram personalidades públicas, seja lá o que isso for.
Se eu quisesse fazer uma carreira nos bas-fond partidários, aceitar gratuitamente todos estes trabalhos, trar-me-ia, certamente, grandes benefícios. É por eles que se começa a ascensão politica no grupo em que se está filiado.
Não é o caso. Logo, o meu trabalho, como qualquer outro, tem um preço. E eu não pretendo colaborar no principio de que ele deva ser gratuito… 

HSC

4 comentários:

  1. Pois tem toda a razão. Eu gosto muito de trabalhar, e tento sempre fazer o meu trabalho com a melhor qualidade possível. Mas gosto que me paguem por isso. Maria L

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  2. Bom dia Helena!
    Concordo, está no seu pleno direito!


    Carla

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  3. Se tivesse Postado eu colocaria de certeza GOSTO. (sem ponto de exclamação)
    Uma Boa Noite.
    M.Fernanda Henriques

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  4. Cara Dra.Helena,
    O trabalho não remunerado, seja ele intelectual ou de outra ordem será sempre para quem usufrui dele como aquelas amostras que vão parar ao fundo da gaveta sem lhes dar-mos a devida atenção.
    Infelizmente o seu caso não é único.
    Um destes dias, uma amiga minha, estando desempregada resolveu constituir um empresa familiar através do Facebook a que deu o nome de il Gattozaffiro. Acredita que grande parte dos pedidos foram de amigas e ex-colegas a pedir "borlas" sem terem em conta que para além do tempo perdido os materiais também têm custos.
    Dá que pensar não é verdade?
    Tenha um fim-de-semana tranquilo e de muita inspiração.
    Cumprimentos,
    Rogério

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