Debati-me durante bastante tempo entre "filosofar" e
"praticar". Sentia que era mais virada para a acção, mas vivia
rodeada de "filósofos" que olhavam para mim com a condescendência
que, por norma, se tem por quem não possui tais atributos. Como fora a melhor
aluna do meu curso e namorava um intelectual romântico, tinham que me
"aceitar".
Os anos foram passando por mim e por eles - pessoas de passado
prometedor - e a vida foi-lhes retirando algumas utopias que viriam, nalguns
casos, a serem a herança transmitida aos filhos que, entretanto, tiveram. E
que, com tal património, acabariam a construir utopias bem diferentes. Andam
por aí a dizer coisas bem diversas das que ouviram aos progenitores.
Deixei, durante muito tempo, de conviver com eles. O namorado
seguiu o caminho que lhe apeteceu e o "seu" grupo também. Muitos
haviam de tornar-se gestores públicos ou políticos, com o Estado, agora
democrático, a garantir-lhes o respectivo múnus . Em qualquer dos casos, uma
parte significativa deles são o que hoje apelidamos de "velhos do
Restelo", pouco dados a abandonarem a prosápia de se terem como
referências do seu mundo.
Eu, tão velha quanto eles, continuei a desenvolver o lado prático
da vida. E, não tendo "passado filosófico", ganhei o direito a dizer
o que penso, sem grandes constrangimentos. O que me parece uma inegável pequena
vitória!
ResponderEliminarA intelectualidade e a Filososfia são extremamente apelativas, sobretudo se se namora um rapaz com tendência para devaneios, que obedece a éticas ortodoxas.
Com o andar dos tempos, chegamos à conclusão de que o lado prático é muito mais necessário para que o mundo pule e avance. A filosofia, a leitura desbragada, a razão e a lógica impedem os afectos mais primários ( essenciais), desprezam as pequenas coisas a sonhar com as grandes e só trazem frustração.
Sempre procurei o meio termo, embora depois da reforma, a acção tenha diminuído sensivelmente para dar lugar à reflexão.
Poder dizer o que pensamos sem grandes embaraços é realmente uma grande vitória. Além disso, a filosofia sozinha não fornece resposta para todas as nossas inquietações. No entanto somos bem mais felizes quando dizemos o que pensamos.
ResponderEliminarPorém, se há saber que dê direito a dizer-se o que se pensa - quando se pensa e se sabe porque se pensa- é a filosofia. Esses seus amigos, permita-me a dúvida, não devem ser bem filósofos. É que os velhos do restelo cabem nos versos, na vida real e quotidiana, nos romances, vivem dentro de cada um de nós (sim, mesmo os mais progressistas têm seu ladinho escuso de velhice amodorrada ao passado), mas não integram o pensamento filosófico.
ResponderEliminarAcrescento ainda que a filosofia não é propriamente uma fonte de respostas, é mais da pergunta, da procura incessante, da inquietação. Deve ser por isso que nem sempre nos acomodamos às verdades feitas e todos somos um pouco filósofos:)
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ResponderEliminarHelena,
sempre gostei de filósofia, uma das minhas disciplinas preferidas.
Com ela, aprendemos a filosófar,a ter poder oratório, por isso os politicos gostam tanto de mencionar os seus mentores.
Apesar de gostar de filósofia, numca tive poder oratório nem de acção. Mais tarde, a universidade da vida, dá-nos a tal coragem de filósofar e puder de acção.
Hoje, já tenho as 2 também as sinto como vitórias, dizer o que se pensa nem todos conseguem, agir em prol de, seja o que for também. Tudo é uma aprendizagem, um caminho construtivo.
Vença a si mesmo e terá vencido o seu próprio adversário.
Provérbio japonês
Carla
Bea
ResponderEliminarUsei sempre aspas nas palavtas filósofos e filosofar. É claro que me não referia à diciplina filosófica pura.
Gosto de meditar - uma forma me pensar - para compensar a vocação activa que sempre tive.
Não podendo ser diferentes, somos muito do que construímos nas nossas vidas. Porém há-os que se apropriam do que outros construíram e por isso às vezes não é muito fácil interpretar o seu perfil, entre o que dizem e o que realmente fazem faz tamanha diferença... Apesar de tudo as autenticidades sentem-se às vezes mais do que se vêem. Por isso estamos em paz, você, eu e tantos outros, ao contrário desses "velhos do..."
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ResponderEliminarBom dia Helena!
Hoje,está um dia lindo pelo menos por aqui.
Como sei, que gosta de culinária, deixo-lhe um blog cheio de coisinhas boas!
A pecado da gula, é um dos meus preferidos, estou cada vez mais apreciadora de comida diferente, da habitual que cozinhamos.
http://bibscozinha.com/
https://www.facebook.com/origemtransmontana
https://www.facebook.com/cantinhoaromaticas
Carla
...Palavtas...
ResponderEliminar...uma forma me pensar...
...diciplina...
No seu comentário á Bea.
Gralhas
Não seriam esses "velhos do Restelo" mesmo velhos já na adolescência?! Creio que sim.
ResponderEliminarAdamastor
Gralhas
ResponderEliminarAgradeço o seu cuidado. Mas acredito que todos saibam que elas se devem à rapidez com que escrevo e não à minha ignorância.
Muitos comentadores também cometem gralhas que não refiro, porque me interessa mais o que dizem do que a forma como dizem.
A pressa é inimiga da perfeição.
EliminarTodos sabem e Gralhas também.Muitos cometem gralhas e Gralhas também.Gralhas também é um cromo velho daqueles que ninguém quer para troca.Gralhas tem sempre cuidado consigo.As gralhas divertem.
ResponderEliminarGralhas é um tolo.
Gralhas
Numa aula de filosofia do secundário (já lá vão alguns anos), estávamos nós, putos charilas a argumentar com a professora o facto de que tínhamos dificuldade em entender a utilidade da filosofia uma vez que eramos mais orientados a "coisas palpáveis". Nisto, a dada altura a professora contra-argumenta: "Coisas palpáveis? Qualquer dia apalpo-vos a todos..."
ResponderEliminarAi se isto tivesse acontecido nos dias de hoje...