quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Uma certa morbidez

Uma malfadada intoxicação alimentar - gosto de comer e julgo, sempre, que nada me faz mal - atirou-me para chá e torradas em frente a um telejornal que eu já deveria saber, por experiência, que só agrava ou mesmo provoca qualquer mal incipiente que possamos ter. Foi o caso.
Durante dois terços do jornal de um dos canais noticiosos, assisti a todo o tipo de desgraças: um jornalista americano degolado, um homem que queimara com água fervente a filha bébé porque ela não parava de chorar, um incêndio que matara pai e filho, que já se encontravam litigados em tribunal, a guerra na Crimeia e na Síria, os bombardeamentos na faixa de Gaza, a eventualidade do Papa Francisco abdicar, enfim, até a venda do Hospital da Luz a um grupo mexicano. 
Pergunto: teremos todos de saber, ao pormenor - com fotos dramáticas -, estas notícias? Não chegará, já, a carga dos problemas nacionais para acinzentarem a nossa vida? Não haverá um editor que saiba distinguir o trigo do joio, o essencial do acessório?
Todo este apelo à violência não gerará mais violência?! Não haverá estatutos editoriais que ponham um limite a esta exploração do miserabilismo?
Só posso dizer que estamos a caminhar para uma sociedade cada vez mais alucinada e mais mórbida e que uma certa comunicação social tem grande responsabilidade nisso!

HSC

21 comentários:

  1. Ó dra Helena,as suas melhoras!
    É verdade,só desgraças na TV - como diria o outro:"o drama o horror!"
    Se não for a capacidade de desligar e filtrar o essêncial,é terrível.
    Até o nosso Ronaldo saíu lesionado do seu joelho,desta vez nem ele escapa.
    Que bom ter sol e poder ouvir música.
    Kkkkkkkk

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  2. A silly season já não é o que era, Helena. Ontem, no jornal da noite de um desses canais contei 12 desgraças seguidinhas. Depois do intervalo a coisa continuou; eu não.

    (As melhoras rápidas!)

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  3. Subscrevo inteiramente e nem a RTP1 e muito menos a RTP2, que é paga por todos nós, escapa "a esta exploração do miserabilismo".

    As suas melhoras.

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  4. Desejo a sua rápida recuperação dra Helena.
    E consulte o Boas Notícias no Google que é bem melhor,talvez já conheça!Aqui,a energia que fica é outra bem diferente...
    FT

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  5. Também tive uma curta intoxicação ontem aqui em Ofir. Senti-me mesmo mal e estava a ver que tinha de ir embora hoje, mas graças a Deus passou em sequer tomar nada...

    Hoje peguei no jornal no café onde fomos jantar agora mesmo e fiz exatamente o mesmo comentário para a minha filha: Caramba, que raio de notícias são estas para encher duas páginas ( o caso do bébé que nem quis ler). Já não compro jornais, não oiço TJ e mesmo assim não escapo ao fatalismo e estupidez dos editores, repórteres e jornalistas, venha o diabo e escolha....

    Basta de miséria....o FB então é a outra face da moeda é tudo belo, politicamente correto e lírico!

    Será que não há meio termo?

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  6. A comunicação social tem responsabilidades sim, nisso e noutras coisas, como o constante aviltamento da língua portuguesa, por exemplo.

    Quanto ao resto, cuide de si e desejo-lhe que recupere o mais rápido possível.(Temos de resto, um certo "magret" de pato a rir-se para nós de longe... ;)

    As melhoras e um beijinho :)

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  7. Por estas e por outras dou comigo a evitar ver telejornais.
    Gostava de poder aceder a uma informação honesta, clara e sem dramatismos e exageros a tocar o choradinho...
    E que nos desafiasse a pensar e a participar mais e melhor...
    Boas e rápidas melhoras.

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  8. Boas melhoras e rápida recuperação! Uma das coisas que ajuda nessas situações é Água das Pedras morna (repugnante),com efeito muito diferente do que se a bebermos geladinha.. Não é por acaso que nas termas se bebe assim. Por experiência própria posso afirmá-lo.

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  9. Realmente cara dra Helena dou-lhe toda a razão.
    Começei a ver e desisti,bendito Zapping e fiquei pelo futebol,ao menos vi um golo do Porto aos franceses.
    E vou ficar por aqui,porque a ver os telejornais é caminho andado para a "depré".
    E,Nani volta ao Sporting,é bom que entre com o pé direito.
    Melhoras da sua saúde e uma noite com tranquilidade.
    Saudações Leoninas

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  10. :-)))
    Será que ainda alguém a vai mencionar para um banho frio ao ar livre?!
    Fique boa depressa.

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  11. Falta jornalismo sério ao país.

    Melhorinhas

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  12. Concordo em absoluto. Os nossos jornalistas adoram romances de faca e alguidar. Não percebem que formatam as mentes dos espectadores com níveis de violência cada vez mais elevados. Sendo que, as mentes mais perturbadas e descompensadas (que são mais do que se pensa) acabam por recolher modelos, na banalização destas desgraças.
    Minha querida Helena faça greve às más noticias. Beijinho e abraço com votos de céleres melhoras.

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  13. :-)))
    Mas qual idade caríssima dra?!
    Tem um espírito e alegria que tomara muitos "jovens" !
    Quase que apostava que era capaz de alinhar :-)...isto se a água fosse quentinha! E olhe,eu só alinhava se fosse com baldes de champagne :-)))
    A 21:47

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  14. Agora tive que sorrir com o anónimo das 21:47 e a sua resposta.

    Essas dos banhos é uma ideia genial e por uma boa causa e acredito que se fosse desafiada aceitaria porque a Dª. Helena tem muita fibra, mas atenção que não lhe deitassem a água gelada e o respectivo balde, aí sim...todo o cuidado é pouco.

    Começou lá fora e agora cá dentro e a ajuda é para os nossos doentes que padecem dessa terrível doença que os torna prisioneiros de um corpo. Há 3 anos morreu uma amiga minha e acompanhei o seu percurso tão...assustador/sofredor e enquanto conseguiu falar era ela que nos animava e gozava com a situação. Gastos infindáveis para o seu bem estar e como ela gostaria de ter "vivido/presenciado" esta cena meritória dos "banhos gelados".

    Um abraço e uma boa semana

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  15. Pois, mas na verdade isto é uma faca de dois gumes. Será melhor ignorarmos que estas coisas acontecem? Será melhor, assobiarmos para o lado e fazer de conta que aquilo não existe? Pois, será ...

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  16. Anónimo das 10:09

    Suponho que ninguém aqui prefere a ignorância. O que se critica é a falta de qualidade da notícia: o abuso mórbido, a banalidade a criar estatuto, a falta de ética no desrespeito pela privacidade da dor, da tristeza, da miséria. Todos têm direito à sua dignidade, até aqueles que desconhecem tê-la ou são tão palermas que a querem esquecer à força de serem notícia.
    E é isso. Tenha um dia bom.

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  17. Boa tarde Helena!
    Espero que hoje esteja melhor!
    Concordo 100% consigo, já não consigo ver tanta barbaridade.
    Não quero ficar na ignorância mas por vezes sinto que o devia viver. As ditas noticias deixam-me tal forma triste que dou por mim a mudar para um canal mais lúdico, a RTP2 às 20 têm um programa de história muito bom, é com esse que nos deleitamos à hora do jantar, evitando assim que a minha filha de 8 anos veja certas coisas.

    "Nós precisamos entender melhor a natureza humana, porque o único perigo real que realmente existe é o próprio homem."
    Carl Jung

    Carla

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  18. Os critérios editoriais são o que são. E são péssimos.
    Quase aposto que nos bastidores das tv's se pensa, apenas, naquela coisa do 'share'. E o que vende, é mau dizê-lo mas corresponde à verdade, são as notícias como as que acaba de referir.
    Pior do que os tipos de notícia, é a sua mostragem em formato de exaustão.
    Temos o que temos, estimada Helena. Mereceremos mais?

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  19. A mim parece-me que as imagens dramáticas são as da guerra, e já não é pouco. Porque sobre os outros casos mencionados não vi qualquer foto com imagens do 'acontecimento'. Apareceu a casa ardida, e as imagens do predio onde vivia a menina.Nada mais. E tb há mais tolerancia para este tipo de jornalismo quando os intervenientes pertencem à chamada 'elite. Que bom que era que não se cometessem crimes, não houvesse guerras e não houvesse acidentes. Esse era o mundo ideal. Mas esse mundo não existe, infelizmente.

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  20. Não basta a miséria que grassa por esse mundo fora com a conivência de uns quantos cérebros ditos senhores do mundo, para ainda ter de levar com o pai da filha e o velho do pai do filho e mais não sem quantos familiares desavindos, tudo isto sinas mais que evidentes da sociedade que cresce neste marasmo de vida, não esquecendo o miserável espetaculo do um tal sr primeiro ministro que governa o pais com total indiferença pelo seu proprio povo.Por vezes chego a pensar e Deus me perdoe, se existirá neste cérebro enlouquecido algum acerto de contas com as dores da descolonização por que passou. Quase direi em tom jocoso Um caso de Policia.....

    B
    em haja pela sua sensatez politica DRa. Helena Sacadura Cabral

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