Sempre os conheci de mão dada um no outro. Era em casa ou por onde andassem. Parecia-me demais, mas muitas vezes pensei que era inveja minha disfarçada, já que o meu amor, embora muito afectuoso, não tinha por hábito manifestar-se assim em público.
Um dia, talvez uns trinta anos decorridos sobre este felicíssimo casamento, tive a triste ideia de ir almoçar a um simpático restaurante depois de uma interminável manhã de negociações.
Escolhi a mesa - os empregados já me conheciam - e fiquei junto de uma jovem que me parecia estar à espera de alguém. Entretanto, fui aos lavabos e quando voltei, o companheiro, de costas para mim, dava a mão à sua amada. Não pude deixar de me lembrar do Roberto - chamemos-lhe assim - e da sua "obsessão" como os amigos a qualificavam.
Mas o pior havia de vir quando ele se levantou e deu de caras comigo. Sentou-se de imediato e, de repente, nem mãos nem voz se destacavam na mesa. Fez-se um silêncio ensurdecedor e eu, que já tinha pedido a conta e que, para sair, tinha que passar frente a ele, fiquei sem saber o que fazer.
Decorreram uns minutos, paguei e preparei-me para o inevitável que, para mim, seria um mero cumprimento de circunstância. Não foi. Levantou-se , beijou-me, apresentou a amiga e ainda me convidou para tomar com eles um digestivo. A minha digestão estava, de facto, difícil. Mas não seria o limoncello que a iria facilitar.
Nunca, até hoje, falei deste encontro. Passaram uns dez anos sobre ele. Eles acabam de se divorciar. E acreditam, que saíram do tribunal de mãos dadas, para irem almoçar?!
HSC
Na volta divorciaram-se por questões fiscais...
ResponderEliminarDesculpe não conheço o caso, mas foi logo no que pensei.
Não, não. Eles já viviam separados há um ano e agora formalizaram o divórcio!
ResponderEliminarÁ primeira impressão, parece-me que a diferença também está na atitude. Ela não tem o mesmo valor para todas as pessoas...
ResponderEliminarMais um abraço :)
Boa tarde, Helena.
ResponderEliminarQuantos Robertos por aí... e esposas de Robertos, mãos dadas ou não.
Abço amigo
Em tempos de demonstrações de afecto exageradas, como são os beijos na boca entre pais e filhos, os abraços nos transportes públicos ou até cenas mais íntimas nos parques e nas praias, andar de mão dada é algo insignificante, como o dar o braço.
ResponderEliminarFaço-o por vezes com o meu ex- ( e já estamos separados hºa 12 anos), quando me custa a andar ou vamos por um trilho mais perigoso.
Não tem nada a ver com o amor que se finou, é mais a necessidade de segurança, de alguma proximidade e protecção.
Não ficaria surpreendida se visse casais que conheci apaixonadíssimos agora agarrados a terceiros com o mesmo ímpeto.
Hoje em dia - tempo das selfies - há um desejo louco de atirar à cara dos outros que não se está sozinho.
Cá para mim prefiro estar sozinha...
Boa noite!
ResponderEliminarSerá que o amor tem prazo de validade como os alimentos?!
Uns duram um mês,outros meses,alguns anos,e só o mel - penso eu - não estraga com o tempo?!
"Nunca digas nunca."
FT
Conheço algumas histórias parecidas com essa, Helena; e é talvez por isso que acredito muito mais em amores como esse seu de que fala, que sendo "muito afectuosos", não sentem necessidade de exibir em público o que sentem. ;)
ResponderEliminarBeijinho
Conheço alguns casos em que em público era só "amor" e na intimidade do lar já era outra coisa. Alguns até as agrediam.
ResponderEliminarMas, gosto de ver um casal, sobretudo passada a idade juvenil,de mãos dadas. Revela a tal cumplicidade, ternura que só os anos dão...
Tive um professor de Solfejo no Conservatório de Música do Porto, já bastante idoso que tinha uma relação com a esposa que enternecia qualquer um. Sempre de mãos dadas, palavras carinhosas, muito meigo. Ela faleceu e ele "sobreviveu" 6 meses. Morreu de
saudade. Ainda há casos desses que nos fazem acreditar no Amor.
Cumprimentos.
Uma história linda...Era para dizer mal?
ResponderEliminarVolteiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...Só agora reparei que este blog é da Helena.Então é para dizer que gosto de si,moça mulher linda inteligente e maravilhosa,poderosa e triste também.
ResponderEliminarUm beijo em forma e abraço*
Aviso:vou voltar sempre aqui!
perfeita a actuação do sr,reflectiu um pouco, decidiu-se, assumiu a situação, apresentou, convidou. aparentemente o divorcio já estaria em vista.
ResponderEliminarquanto a andar de mãos dadas na rua, pode ser motivado por varias razões, por gosto, por hábito, por comodidade, uma opção pessoal numa relação portanto, tal como o oposto, não dar as mãos.
episódio exemplar, as vidas são mesmo assim...
Aconteça o que aconteçer - "The Show Must Go On!"
ResponderEliminarES
Que as relações durem enquanto for bom para ambos.
ResponderEliminarJuntos ou separados,o importante é que sejam felizes.
ML
Boa tarde
ResponderEliminarnão conheço o caso ... percebo que talvez houvesse algo de exagerado na forma de demonstrarem o afecto. Não sei. Talvez fossem felizes na altura, talvez agora, divorciados, ainda o sejam mais.
Todavia, de forma alguma, acho o dar a mão exagerado e, se calhar, quem o faz nem sequer pensa muito nisso. É como que um hábito.
E, no Inverno, deve ser bem gostoso encaixar a mão uma na outra…
Cumprimentos,
Cláudia
As aparências, muitas vezes, iludem...
ResponderEliminarGosto muito de ver casais mais velhos de mãos dadas, mas nunca sei onde continua o amor e começam as aparências. Salvo aqueles em que a ternura salta aos olhos, penso sempre que essas atitudes ternurentas podem não traduzir a felicidade vivida.
ResponderEliminarMas, eu se calhar também gostava de me pavonear por aí... devo ser muito invejosa...(usando as palavras da Helena)
Abração