Confesso que sempre fui - ainda continuo a ser - uma pessoa muito sensível à inteligência. Foi, sobretudo, ela que me encantou quando escolhi não só o homem que desejava, como o pai que queria para os meus filhos. Aos vinte anos dessa época, era assim que eu pensava. E, apesar das vicissitudes da vida, nunca me passou pela cabeça dar-lhes irmãos de outro qualquer amor. Não estou nada arrependida.
Porém, com a passagem dos anos, aprendi que a inteligência e a cultura - sendo muito importantes - estão longe de ser o exclusivo pelo qual devemos guiar o nosso coração. Outras qualidades, menos "vistosas", superam aquelas duas que referi. Sei-o agora e, felizmente, soube-o a tempo de poder recuperar vivências que, de outro modo, teria perdido.
A atenção, a ternura, a cumplicidade, o humor, a bonomia, a bondade, a educação são, entre outras mais, qualidades tão ou mais importantes do que o brilho fugaz da inteligência e da cultura que, muitíssimas vezes, escondem deficiências de carácter que, essas sim, são irrecuperáveis. Aliás, aquela última pode, sempre, com esforço, alcançar-se. Quanto à primeira, a inteligência, é hoje ponto assente que existem pelo menos duas versões dela- a racional e a emocional - e que a que mais destacamos parece ser, infelizmente, a primeira.
Comigo passa-se o contrário. Prefiro de longe a segunda. O que não quer dizer que não dê importância à primeira. Apenas estou, hoje, longe de a situar no plano em que antes a tinha. O que me permitiu descobrir pessoas maravilhosas e me libertar de um certo elitismo cultural, de cujo valor real passei a desconfiar muito. Não há dúvida de que o tempo é o nosso grande professor, em particular, quando não nos recusamos a aprender!
HSC
Grande verdade e eu quero continuar a "aprender" todos os dias.
ResponderEliminarBom domingo
Olá Helena,
ResponderEliminarUma bela reflexão e, sabe?, muito útil a quem persegue qualidades que julga indispensáveis e menospreza outras que considera menores e que, não raras vezes, nem as vê.
Concordo inteiramente consigo. Há coisas na vida que são bem mais importantes que tiradas rasgadas ou citações a eito. Um sorriso, um olhar malicioso, uma piada, uma presença amiga quando ela faz falta, um gesto de compreensão, uma ajuda quando é precisa... coisas assim, muito simples mas que, conjugadas, definem uma pessoa e a podem tornar a companhia preciosa de uma vida.
Um abraço, Helena!
Revejo-me em cada palavra! Sou sua fã incondicional e espero ter o seu espírito daqui a alguns (poucos) anos!
ResponderEliminarLindo texto. Acho que ganhou um lugar no céu! :)
ResponderEliminarJá fui assim também. E geri a minha vida e tive filhos também com esse ideal. Agora, com o passar dos anos acho isso, tão incompleto, meu Deus!
ResponderEliminarOnde pára a ternura, a cumplicidade (importantissima), o humor e a tolerância?
Enfim...
Cumprimentos
Cara Helena
ResponderEliminarA cada dia gosto mais de ler tudo o que escreve. E tem graça que ao ler este post, ia pensando, que também é desta forma que agora penso em contradição ao que achava ser o certo aos 20 e 30. Talvez seja resultado do que vivemos, e de aos quarenta (no meu caso) nos conhecermos melhor a nós próprias, conseguirmos um grau de introspeção mais completo, não termos medo de perder aquilo que por vezes nunca tivemos, mas que aos 20 se pensava ter ou vir a ter. Seja feliz! E aproveite todos os momentos que a vida dá para fazer alguém feliz! Beijinho
É por isso mesmo que gosto tanto de si.
ResponderEliminarSaudades, com um beijinho e abraço grande
Podia ter sido Til a escrever este post!Ficava-me tão bem...
ResponderEliminarGosto de si!
Eu sei que já disse,mas já passou muito tempo (um minuto?)*
Ao ler as suas palavras sobre um casamento pareceu-me estar a ver-me ao espelho.
ResponderEliminarA minha situação nunca foi como a sua, mediática e nas altas esferas da sociedade, mas o que nos aproximou, vivendo um em Lisboa e outro em Coimbra foram exactamente as inteligências, a racional e a emocional, ambas unidas num Amor platónico, que redundou em casamento, sem grande noção do que era a Vida.
Os meus filhos são o espelho desta simbiose, inteligentes e menos emocionais do que eu desejaria.
Eu, emoção à flor da pele, sofri sempre muito apesar da admiração que sentia pela "sabedoria" e cultura do meu ex-marido. Até que me libertei como a Helena e nunca mais pensei em casar....
Percebo o que diz, Helena, mas que tem que haver um equilíbrio entre os dois lados.
ResponderEliminarEnfim, não a imagino a si, nem me imagino a mim, a amar alguém muito educado, terno, bondoso, ternurento e o resto, mas burro ou inculto...
Beijinho
E o elitismo cultural uma incapacidade de valorizar os outros decorrente da ausência de inteligência emocional.
ResponderEliminar(Acho que carreguei numa tecla, o que "levou" o primeiro comentário antes do tempo...:) )
Pois, o primeiro comentário, afinal, levou-o o vento :) Não há problema,repito: subscrevo inteiramente o que diz.
ResponderEliminarAEfetivamente