Elefante branco ou paquiderme?

Julgo que foi no dia 8 do corrente que se realizou o leilão da Casa Manoel de Oliveira. Terminado em 2003, o imóvel mantinha-se vazio. O que, se olharmos bem a imagem que acompanha este post, talvez não seja assim tão surpreendente...

Ninguém quis comprar o imóvel da Foz do Douro, projectado em 1998 por Souto de Moura, com o fim de servir de residência e depósito do espólio do cineasta. A Câmara do Porto pediu pelo imóvel a quantia de 1,58 milhões de euros. 

Mas há uma novela por de trás deste edifício. Como costuma haver sempre por detrás deste tipo de obras megalómanas, que só por serem de autoria de famosos arquitectos, não são questionadas. Eis, então, a história.

Em 2001, Oliveira não esteve presente na cerimónia que havia de marcar o início das obras de construção. E, seis anos decorridos, em 2007, o cineasta acabaria por tornar público que era alheio a todo o processo. Ou seja, a Casa Manoel de Oliveira não existia enquanto instituição.  O rol de intenções viria em seguida.

Pinto Ribeiro, o ministro da Cultura da época, defendeu a extensão duriense da Cinemateca Nacional. Já a ministra Gabriela Canavilhas, quando ocupou o mesmo cargo, defendeu a Casa-Museu Manoel de Oliveira. O problema é que este  a rejeitou.
Finalmente, a Fundação de Serralves assinou um protocolo com o cineasta para a construção da Casa do Cinema (anfiteatro e estúdio) que leva o seu nome e cujo projecto é de outro monstro sagrado, o premiado Siza Vieira.

E é assim que ficamos todos nós com um elefante branco, cujo destino mais certo é o de se tornar, pela degradação temporal, um verdadeiro paquiderme!

HSC