Gosto de livros, da companhia perene e como tal insubstituível dos livros. Gosto do contacto físico com os livros, de lhes sentir o peso ou a leveza. Da maneira como se abrem, solícitos, à minha expectativa, às minhas interrogações, ao meu prazer de os descobrir. Da maneira como se fecham, ou com um som cavo de resignação, ou suave e discretamente como um “até já”. Gosto de “trocar uma palavra” com o livro e de que o livro troque palavras por atenção da minha parte. Gosto de olhar as páginas de alto a baixo e reparar no que lá não está quando alguns intervalos das palavras parecem, no conjunto, rastos de lágrimas que levaram, para sempre outras palavras que mais falta faziam mas que, discretas, preferiram o anonimato. Gosto dos livros que me fazem conviver com o autor ao partilhar comigo a escolha criteriosa dos verbos como notas de música numa escala, o percurso às vezes breve dos substantivos que aparecem e desaparecem discretamente, a subtileza, qualidade e abrangência dos adjectivos. Enfim gosto dos livros que sinto vivos e dos livros que falam de ser livre.
Estas notas foram-me dedicadas por um grande amigo, Eduardo Pinto Basto, um poeta de quem gosto muito. São tão essenciais que resolvi partilha-las convosco.
HSC
Obrigada por essa sua generosidade de partilhar connosco tão bonitas palavras. A mim, tocam-me especialmente, talvez por ter também a paixão dos livros que têm acompanhado a minha vida toda, sendo professores, companheiros, dissecadores de alma, reveladores de outros mundos...
ResponderEliminarNão conheço (hélas) Eduardo Pinto Basto. Mas fiquei curiosa.
Um beijinho, Helena!
Grato pela partilha, HSC !
ResponderEliminartalvez seja útil ao Grifo Planante !...
Melhores cumprimentos.
Obrigada pela partilha.
ResponderEliminarÉ bom ler palavras bonitas.
beijinhos de bom fim de semana
Boa partilha
ResponderEliminarObrigado, pela partlha, amo livros, são a minha companhia, são o alimento para a minha alma, na minha luta diária contra a doença, são eles que me levam para longe, numa viagem de palavras que me permitem saborear o conhecimento e despertar em mim o querer mais e mais ... obrigado Helena
ResponderEliminarMaravilhosas notas, com uma tal grandeza, que transcendem o conceito daquilo que é, apenas, “gostar de livros”... Muito obrigada pela partilha.
ResponderEliminarHelena, fiquei curiosa. Será que o ilustrador é o pintor Luís Pinto Coelho? ou, o homónimo, que é autor de banda desenhada? (não me parece, mas, nunca se sabe!...)
Abraço grande.
Querida Teresa
ResponderEliminarSão do pintor, sim!
Curiosidade sanada!!... Agora, já posso anexar, também esta obra, ao rol do pintor.
ResponderEliminarMuito obrigada pela informação minha querida Helena.
Boa noite para si, com um grande abraço.
voltei:
ResponderEliminarpara repassar os meus dedos sobre estas notas, porque sempre que o volto a fazer me arrepio:
é bom gostar de livros, é como quem gosta de gente que gosta de nós:
isso... dissecá-los, senti-los, vivê-los, andar com eles de um lado para o outro, como quem usa um vestido confortável, lê-lo pelo fim ou pelo meio, voltar ao principio, sublinhar, dialogar...
gosto de vir aqui!
abraço.
Linda modo de definir o livro.
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