...Habituei-me a ouvir e a respeitar D. José Policarpo. Um homem que soube projectar uma outra dimensão da Igreja portuguesa, pontuando o seu discurso pela lucidez. Sinal da sua atenção aos problemas do seu tempo e que, ao contrário do que alguns teimam em rejeitar, são também os do seu templo.
Marcou a sociedade portuguesa com a oportunidade da sua
intervenção cívica, com a autoridade do conhecimento e da razão, e tentou
renová-la à medida das suas possibilidades.
Muitas vezes discordei do clérigo, poucas do homem, porque
respeitar é também compreender o outro na discordância. Talvez que o facto de
ser um fumador contribuísse para marcar a diferença num mundo que aceita
sem resistência o cada vez maior número de espartilhos à liberdade individual
em nome de uma sociedade asséptica e amorfa.
...Com menos uma voz como a dele não será só a Igreja a
perder. Perdem todos. Ateus e agnósticos incluídos. Pela simples razão de
que a humanidade não tem credo, cor, raça, ideologia ou sexo, e
depende de homens como ele.
(Sérgio Almeida Correia in Delito de Opinião)
Faço
minhas as palavras de Sérgio Almeida Correia. D. José soube renunciar quando
entendeu dever faze-lo à sua condição na hierarquia da Igreja. Mas jamais
renunciou à sua condição de pastor dos mais desfavorecidos ou à sua condição de
cidadão e consequente intervenção política.
HSC
Também o admirava muito.
ResponderEliminarHá pessoas que nascem assim ou aprendem a dizer as palavras certas e equilibradas a cada momento sem perder a coerência nem exibir demasiado a frontalidade.
A sua diplomacia deixa marcas e a sua humildade leva-os a afastar-se no tempo certo.
Equidistante entre as coisas da Igreja e as dos Homens, criava discretas pontes de tolerância e usava a palavra e o silêncio com a mesma sabedoria.
Tenho pena... mas talvez Deus esteja a precisar dele mais perto...
Que dizer relativamente a estas suas duas afirmações proferidas antes da sua resignação? Transcrevo: "«Casar com muçulmanos pode causar «um monte de sarilhos».
ResponderEliminar«Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Ala sabe onde acabam».
Não me digam que estão fora do contexto porque as disse no contexto próprio e claro mt criticado na altura!
Onde estão as pontes de tolerância que o anterior comentador refere? E serão estas palavras proferidas intervenção adequada quando se tentam apaziguar situações de conflito?
O Homem parte mas a Obra fica.
ResponderEliminarNão chores porque partiu,agradeçe a Deus porque tiveste!
Os sinos no céu vão tocar e os anjos estão á sua espera.
Que as ovelhas sigam humildemente o caminho de tão Bom Pastor.
Paz á sua alma!
Ex.ma Sra dra Helena em homenagem a D Policarpo deixo-lhe um concerto de vozes de anjos muito bonito,cultivando assim o diálogo inter-religioso que o mesmo tanto apreciava.
ResponderEliminarhttp://youtu.be/km5KXNZOwqs
E também uma rosa de porcelana
Matumbo Feliz Kifala
Se a Helena me permite gostava de meditar com a "nossa" Dalma, o seguinte:
ResponderEliminarTambém não gostei da afirmação a que se refere e o momento foi o pior.
Desencantou-me um pouco. Pensei na altura: mais um a desiludir-me.
Mas fiquei a pensar no assunto...
De facto, não foi politicamente correcto( o que nele era uma novidade) mas, todos nós sabemos que os "casamentos" entre religiões ou mesmo entre culturas diferentes são muito arriscados logo à partida, por muito que as pessoas se amem.Há demasiados factores externos a pesar nessa união.E depois, vêm as cedências, quantas vezes com a anulação de um dos dois e das suas convicções.
Poderá dizer-me que isso acontece entre qualquer casal e é verdade, mas nestes casos, a semente da discórdia já lá está e traz um peso de séculos e gerações.
Toda a gente tem um momento menos bom( para mim ainda houve outro de que não gostei) mas do que conheço e do que me contam, continuo a acreditar que em quase todos os momentos da sua vida, tentou criar essas pontes, verdadeira e discretamente.
Acho que deu o seu melhor. E nos tempos que correm...
Que descanse em Paz.