Roubada hoje ao Pedro Correia no blog Delito de Opinião, aqui fica uma pequena amostra do charadismo que campeia nas diversas redacções:
..."falta cada vez menos para o kick-off deste jogo"
"alternar entre o aceleramento, o giroscópio e os dois joysticks"
"a proposta tem vários regimes e vários períodos de phasing out"
"o processo devia ter sido muito mais friendly user para os utilizadores"
"o event designer conta como gere a profissão"
"podia ser um storyboard"
"temos de buscar clusters de desenvolvimento"
"não se consegue compreender porque é que há este delay"
"as teorias de agenda-setting"
"criámos todo um sistema de back up"
"downgrade sobre a dívida portuguesa"
"o presidente fez o takeover"
"ele estaria a causar twitter storms constantemente"
"o mercado de credit default swaps atribui a Portugal uma possibilidade dedefault"
"case study na habitação"
"retalhistas omnichannel"
"hotel em Armação de Pêra é All inclusive"
"reestruturação de programas do daytime da SIC"
"se o governo quiser fazer um restyling, tudo bem"
"acessórios must have da estação"
"ficámos a saber o breakdown dos chumbos"
"é economic adviser do Governo"
"este país adora quick fixes"
"seria um trabalho de accountabillity útil"
"os estúdios a olharem ao espelho num blacklot em Hollywood"
"os respectivos artwork e streaming"
"Portugal tem de descer os salários em relação ao core da zona euro"
"o partido funciona por key words"
"livrarias queer migram para a Net"
"a última filosofia para superar crises conjugais é o coaching familiar"
"sou uma fashion victim"
"vai ser criada uma safe house em Lisboa"
"poderá utilizar o crowdfunding"
"o governo não pode ceder nos valores core"
"tentativa de criação de um catch-all party"
"Ucrânia e Polónia preparam-se para o seu close-up"
"as contas são o nosso bottom line"
"Bolsa alvo de ataque de short-selling"
"ao Chelsea sai quase sempre bem o papel de underdog"
"um daft punk em pose de artes marciais"
"receio de ficar fora do loop"
"ex-ministro recomenda a criação de um imposto one shot"
"o percurso foi feito para ser TV-friendly"
"o investidor segue uma estratégia passiva de buy-and-hold"
"a dialéctica entre believers e haters"
"o cinema teve outros provocadores e outros pranksters"
"há muito ganhou o gosto do gimmick"
"anunciada por uma espécie de cliffhanger"
"este projecto é um wake up call fenomenal"
"o back-to-basics está para ficar"...
Conseguiram decifrar? Não? É natural, porque deve ser mesmo esse o objectivo!
HSC
Concluindo e resumindo, e à maneira portuguesa, uma "merda" de texto.
ResponderEliminarAberrante e tristemente real!
ResponderEliminarO meu 'brain process' está a levar o seu tempo.
ResponderEliminarSão tudo 'senhas' de 'seitas' eivadas de secretismo. É como uma maneira de vestir e um corte de cabelo. São o abre-te sésamo de pertença a um grupo de iluminados.
ResponderEliminarE depois admiram-se que existam praxes.
Por outro lado, até estão de acordo com a realidade: na realidade portuguesa nada daquilo existe na prática, só existe na esfera do faz de conta.
Sei de um gestor que além destas palavras nos emails, escreve sempre para terminar ASAP (as sone as possible).
ResponderEliminarE num ATL de miudos de 8,9,10 anos
a certa altura param de brincar para um briefing.
E depois sabe-se pouco português
...e assim se vai (des)comunicando.
ResponderEliminarPois o objectivo é mesmo esse Querida Helena.Promover a ignorancia, dá-lhes um jeito.Até que eu possa hei-de evitá-lo.
Entendo que lhes fazem muita falta os alertas linguisticos, os conhecimentos e a arte e empenho dos tradutores profissionais.
ResponderEliminarL.L.
E ainda hoje, a caminho do trabalho ouvia num noticiário da Antena 1, uma senhora que referia a meio de uma notícia sobre vacinas que "tinham aparecido umas headlines na semana passada";
ResponderEliminarNo regresso a casa, na Antena 3, um jovem refere que haviam "desenvolvido uma app mas apenas para devices móveis.
E eu a lembrar-me das vezes que os Prof. Jorge Miranda nos obrigava a repetir no anfiteatro 1 "Lienchetenchetaino"!
Tive oportunidade de ler o texto hoje no Delito, porque gosto muito de ler Pedro Correia e já algumas vezes arrastei textos para o meu espaço (informo sempre o autor que o fiz ou pretendo fazer)e achei o texto excelente, nada que Pedro Correia não nos tenha habituado.
ResponderEliminarPertinente, bem escrito e fez-me acordar um pouco, eu que por vezes escrevo uma ou outra palavra em inglês (sem exageros) terá a ver com a profissão e com o facto de gostar bastante da língua.
Tratando-se neste caso de jornalistas a coisa é grave, e por que não dizê-lo... ridícula.
Well done a lista de Pedro Correia
ResponderEliminarA maioria não consegui!
ResponderEliminarIsso é uma pequena amostra do país real que temos, já que é fino, muito fino aplicar palavras indecifráveis e ou estrangeiras para a maioria do povo que os escuta ou lê.
Já não nos basta o acordo ortográfico agora é esta modernice.
Enfim!
Ó dra Helena,
ResponderEliminarFui possuído por um inconseguimento que me deixou frustrado.
:))))
Quando decifrarem digam...
ResponderEliminarBeijinhos
Vânia
Depois dizem que a Margarida Rebelo Pinto não é lida... enfim, tendências.
ResponderEliminarUma minoria "intelectualóide" decidiu que a maioria dos portugueses deve, obrigatoriamente, entender esses códigos linguísticos. No entanto, apesar de serem verdadeiras pérolas jornalísticas, não conseguem bater o discurso da Presidente da AR e o seu "inconsequente".
ResponderEliminarA mim, pareceu-me um discurso hippie num qualquer Festival de Verão... Aquilo não é nada, a não ser um chorrilho de disparates com palavras de "sete mil e quinhentos".
Isabel BP
P.S. Cara Helena, ausente por questões de saúde, mas com saudades de a ler :)
Ao terceiro, já tinha partido para outra...
ResponderEliminarObrigado, HSC.
É o país de "teligentes" que temos.
Melhores cumprimentos.
Não é necessário o uso de palavras inglesas para se ter uma linguagem hermética e indecifrável.
ResponderEliminarMesmo usando o português isso acontece. Por exemplo alguns médicos, utilizam muitas palavras com as quais pretendem 'dignificar' e mascarar o seu desconhecimento ou mesmo ignorância. Lembremos 'virose', etc.
Essas palavras inacessíveis aos não iniciados, ou incompreensíveis, são um modo de exercer poder e manipulação, ou pretensiosismo, e ignoram e desprezam completamente as pessoas com quem estão a falar.
Falam sempre para um público ideal ou então nunca saem do monólogo.
Percebo... Mas para quem cresceu multilingue isto é... heaven:)
ResponderEliminarMuito engraçado, este post ( cá está uma palavra a invadir-nos).
ResponderEliminarSim, o "inconseguimento" é bem pior, a não ser na literatura, estas "fugas à norma " não são permitidas.
Há por aí muito quem nos queira contar histórias para adormecer.
A contaminação linguística , a invasão anglo-saxónica /empresarial que já foi dos franceses, etc, é inevitável.
Enquanto não falarem chinês, tudo bem.
Uma boa notícia, sobretudo para os celíacos ( e toda em português):
ResponderEliminarA Universidade de Coimbra acaba de atribuir o Prémio Portucel Soporcel ao projeto de tranformação da castanha em farinha, que é uma farinha isenta de glúten, desenvolvido por uma engª do ambiente.
Este prémio insere-se na categoria 'Gestão sustentável da Floresta', no âmbito da 6ª edição do Concurso Arrisca 2013.
A farinha de castanha, com uma procura crescente devido à ausência de glúten, em Portugal era importada até aqui.
sorri deliciada ao ler a expressão "friendly user" por ser um disparate. a expressão correcta é "user-friendly" e qualifica algo de fácil utilização ou compreensão. "friendly user" é, portanto, muito pouco "user-friendly" :-)
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