quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A emigração francesa

O último LE POINT aborda de forma bastante extensa o problema da saída de cérebros franceses em busca do sucesso. É um número precioso na explicação de um fenómeno que se terá agravado com a globalização, que a crise tornou mais crucial e que está longe de ser apenas nacional ou consequência exclusiva de medidas governamentais.
O retrato robot do francês expatriado, traçado com base no "Inquérito sobre a expatriação dos franceses", não deixa de ser curioso. Assim:

1. É, sobretudo, homem e jovem (54%), com idades compreendidas entre os 26 e os 40 anos.
2. É muito mais "diplomado" do que o francês comum e o seu nível salarial líquido declarado, quando trabalha, é em 52% dos casos, superior a 30.000 euros anuais.
3. 33% são quadros de empresas, 15% quadros da função pública, 6% chefes de empresa com mais de 10 assalariados, 3% técnicos e 1% artesãos.
4. 49% vive na Europa,13% na América do Norte, 9% no Próximo e Médio Oriente, 8% na Ásia, 7% na África francófona e 6% na África do Norte.
5. Os franceses são a primeira comunidade na Bélgica, a segunda no Luxemburgo, a terceira na Suíça, a quarta em Israel, a sexta no Reino Unido.

Creio que, retirando algumas especificidades, o nosso robot poderá, na essência, não ser muito diverso deste. A grande diferença é que a maioria destes expatriados poderia arranjar trabalho em França. Se saem é porque têm ambições, desejam voar mais alto e mais depressa ou não estão disponíveis para pagar o alto nível de impostos no seu país. Trata-se, portanto, de uma opção pessoal. Não de uma imposição.
"...Partir não é em si uma infâmia, uma renúncia ou um descrédito. Pode-se amar um país e deixa-lo...desde que seja para se retornar melhor." 
O drama é quando nem sequer se volta.

HSC

7 comentários:

  1. Nesta aldeia tão global, trocar de lugar até nem era importante se isso não significasse o desinteresse por aquilo que antes cultivávamos e dependíamos estreitamente a "família"!
    esta é apenas uma simples interpretação...
    Beijinhos, Zia

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  2. sim, não é uma saida desesperada, para sobreviver, os britanicos tambem saiem muito, dos europeus são certamente os que têm a maior diaspora no mundo, já bem antiga, tambem a noruega com os altissimos salários atrai os alemães bem quallificados, petroleo, energia, informatica, universidades, quem diria que os alemães emigram, pois sim, há a emigração triste e há a emigração normal, assim é a coisa, etc

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  3. Eu (nós) pensava que a minha roupa estava branca... Afinal não é só por aqui que se emigra. ah ah ah .

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  4. Uma pergunta: quando escreve 30 mil, líquido, refere-se a um mês ou a um ano? É que, quando ouvimos falar em valores altos, por vezes, fica-nos a dúvida...

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  5. Anónimo das 14h34
    Tem razão na sua dúvida. Já acrescentei. É anual.
    Obrigada!

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  6. A mobilidade entre países tem de ser encarada positivamente, se não for unilateral, se não for forçada, se existir retorno (seja ele qual for)e se emigrantes de outros países também vierem para Portugal, o que tem diminuído.

    É importante vermos tudo com novos olhos, ousar hipóteses a que não estamos habituados, para encontrar novas soluções. Não podemos querer que tudo seja de acordo com a ilusão que tínhamos.

    Portugal tem tendência para viver num clima de ilusão, o que é diferente de sonho.

    Mas o pior é que o sonho de muitos é viver bem, sem grandes esforços, e os outros que se lixem.

    Impressionou-me o estudo que foi feito sobre a falta de solidariedade e de preocupações com os outros, dos portugueses, quanto mais instruídos e ricos.

    Quanto mais ricos, esperava.
    Quanto mais instruídos, não.



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  7. Todos os dias sentimos Portugal a desintegrar-se, vai-se reduzindo um País com tantos anos de historia.

    Os nossos jovens, e ja não só, procuram melhores condições de vida e encontram-nas fora daqui.

    Portugal envelhece a olhos vistos, a natalidade não preocupa quem governa, daqui a uns anos o que será deste país?

    Talves apenas uma colonia de férias e para quem?

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