Confiança?!

“Confiança dos cidadãos nacionais nos partidos atingiu recorde negativo histórico e já é inferior a metade da média comunitária (19,6%). Crise, medidas de austeridade e alternância no poder são alguns dos factores explicativos da ruptura.”

Só 9 em cada 100 portugueses acreditam nos partidos. É verdade que ainda há quem esteja pior. É o caso Grécia (4%), da Eslovénia (4%), Espanha (5%) e da Itália (7%). Iguais a nós apenas a Lituânia. No polo oposto está Malta com 46%.

Não é apenas a austeridade que explica esta fractura. De facto, subsiste, a nível nacional, um problema de cultura política, a que não é indiferente o desgaste de partidos que há 30 anos tinham a confiança da opinião pública e que a perderam pela hipocrisia programática que praticam. Portugal tem uma direita e uma esquerda que estão velhas, cujo discurso é o mesmo de há três décadas, num mundo que nada tem de comum com o de então.

Estes números traduzem muito claramente o desencantamento do homem comum, que apenas está a dar sinais para o interior do sistema político e que este insiste em não ver.

O distanciamento dos cidadãos portugueses e de alguns europeus relativamente aos partidos e instituições que os representam, é apenas um dos indicadores das falhas de um sistema que, de democrático, só tem, cada vez mais, o nome.

Há outros sinais, tão ou mais importantes do que este, que vêm corroborar o progressivo afastamento entre o país real e as instituições partidárias que, infelizmente, são os únicos redutos de onde saem aqueles que nos governam.

HSC