segunda-feira, 26 de agosto de 2013

In memoriam

“... António Borges estava muito doente, como todos os que com eles trabalhavam podiam testemunhar. Isso notava-se de forma progressiva. E isso também tornava mais admirável, aos olhos dos seus interlocutores, a sua imensa coragem, o modo empenhado como continuou a dedicar-se às tarefas profissionais, a agudeza de espírito que revelava, o discurso impecavelmente articulado que desenvolvia. Não obstante a sua notória fragilidade física, nunca perdeu o sorriso. E até o humor...”
(Francisco Seixas da Costa in http://duas-ou-tres.blogspot.pt)


Segui, como muitos colegas meus, o percurso de António Borges. Ele, como Maria José Nogueira Pinto, pertenciam ao grupo dos católicos que eu admirava, por conseguirem manter uma coerência muito rara entre religião, vida pessoal e vida política.
Ambos souberam dar - concorde-se ou não com o que defendiam - um exemplo de coragem invulgar face a uma doença devastadora, trabalhando até ao último sopro de vida. Só posso estar do lado de quem vive deste modo, pese embora nem sempre ter concordado, no plano económico, com as suas propostas.

À Família de António Borges, os meus sentimentos e o meu respeito.

HSC

22 comentários:

  1. Paz à sua alma. E concordo que foi um homem de coragem, quando disse que os portugueses ganhavam muito e quando defendeu e aconselhou a austeridade como o caminho a seguir.E coerência, então nem se fala, pelos mesmos motivos
    Custa-me que se dê tanto valor a este tipo de trabalho, e duvido sempre se quem, do alto do seu conforto, emite opiniões e sugere medidas assim, mas pronto, temos de respeitar.

    ResponderEliminar
  2. Que importam as suas posições políticas? Só temos que admirar a sua honestidade e coerência e sobretudo coragem de continuar lutando pelo que acreditava até ao último momento.
    Pudesse a maior parte de nós ser assim ...

    ResponderEliminar
  3. O Doutor António Borges não é, de facto, da minha simpatia política. Mas como se trata de uma pessoa muito nova para desaparecer vítima de uma doença tão má, merece todo o meu respeito.
    A toda a família os meus sentidos pesames.
    maria isabel

    ResponderEliminar
  4. Concordo inteiramente, Helena e, se me permite, uno-me a si na expressão dos meus sentimentos e do meu respeito à família de António Borges.

    Isabel Mouzinho

    ResponderEliminar
  5. O que acho curioso é esta simbiose entre ser-se católico para alguns, como Borges e apoiar e defender determinado tipo de políticas que atentam (da pior forma) indiscutivelmente contra os mais desfavorecidos. Se Cristo fosse hoje vivo, não duvido que o repudiaria e correria com ele como fez com os vendilhões do Templo.
    Infelizmente, a Igreja está hoje cheia de católicos como Borges, pessoas desapiedadas, sem um pingo de sensibilidade social. O oposto daquilo que a Igreja, na sua essência, diz defender e defendeu na sua génese.
    P.Rufino

    ResponderEliminar
  6. Homem com letra grande. Que descanse em paz que se purificou nesta vida.
    Abraço, lb/zia

    ResponderEliminar
  7. Subscrevo o comentário de "P.Rufino"!

    ResponderEliminar
  8. Homens de convicções e mentes brilhantes,penso que nunca serão bem amados,seja no que digam ou no que façam,sempre incomodam...a mim incomodou-me que tenha partido tão cedo,mentes como a dele precisam-se mesmo a incomodar
    Pena...
    Cumprimentos
    Fátima Duarte

    ResponderEliminar
  9. A morte não santifica ninguém.

    O comentador P. Rufino, como seu comentário sintetiza o essencial do meu pensamento sobre Borges.

    ResponderEliminar
  10. Caro Carlos Fonseca
    É verdade que a morte não santifica ninguém. Nem a vida chega, muitas vezes, para tal.
    Mas a dignidade com que se morre, crente ou ateu, diz alguma coisa sobre pessoas que todos nós conhecemos muito mal.
    Não conheci António Borges nem Maria José Nogueira Pinto. Apenas sei que gostaria de poder encarar o meu fim com a nobreza com que eles o fizeram. E o mesmo digo do meu filho Miguel, que sendo ateu - dizia ele - morreu com enorme dignidade.
    É isso que, penso, a morte provoca nas pessoas.

    ResponderEliminar
  11. P. Rufino, de acordo. Isso também eu não entendo. Tantas idas à casa de Deus e tão pouco preocupado com as questões sociais. Não se entende, de facto. E, tal como li por aqui, a morte não santifica ninguem.

    ResponderEliminar
  12. Quanto a fazer falta...por favor, não precisamos de quem defende baixos salários e medidas de austeridade que não suportamos. Especialmente vindo de quem nem sequer imagina o que isso é. A morte lamenta-se sim, mas queremos pessoas de fortes convicções, sim senhora, mas com um pingo de sensibilidade pelas questões sociais.

    ResponderEliminar
  13. É mais possível manter-se quando se pode usufruir dos melhores tratamentos.

    Mas DIGNIDADE!! Não posso concordar que Borges tivesse dignidade, por melhor que se cuidasse e apresentasse.

    Muitas vezes a imagem é só isso, imagem. Mas vivemos na sociedade da imagem, a imagem devora tudo o resto.

    Vi numa entrevista os seus olhos frios e baços de tubarão. O seu aspeto metálico e desumano arrepiou-me.

    É ISSO QUE DELE RECORDO.

    Agradeço a P. Rufino por ter sabido dizer aquilo que eu gostaria de ter dito.

    DIGNIDADE TINHA MIGUEL PORTAS QUE MUITA FALTA FAZ A PORTUGAL.
    DEIXO AQUI A MINHA HOMENAGEM E A MINHA SAUDADE A MIGUEL PORTAS.

    ResponderEliminar
  14. E uma vez mais uma saudação ao comentário lúcido do P Rufino.

    Não vejo nenhuma coerência entre o que defendia o A Borges e a doutrina Cristã, aliás acho que a sua vida pública/a defesa das suas ideias, tornadas públicas, evidenciaram bem o absurdo da vida, a profunda idiferença e até o desprezo pelo sofrimento das pessoas.
    Custou-me muito ver o nome da Maria José Nogueira Pinto misturado neste post!


    ResponderEliminar
  15. É bem certo que somos escravos das nossas próprias palavras. Creio que António Borges ter-se-ia arrependido de ter feito algumas afirmações, por isso tenha criado tantas contestações.

    ResponderEliminar
  16. Sem duvida, Helena!!
    O seu comentário corrobora aquilo que eu sinto e que gostaria de ter expressado, como fez, através da escrita.

    ResponderEliminar
  17. Helena
    Tenho sempre bem presente na memória um post que escreveu sobre algumas personalidades,alguns considero meras personagens,que conheceu no BdP.
    De António Borges pouco sei,mas pelo que via e ouvia achava-o muito agarrado ao seu motto I, me, myself e isso nunca o favoreceu.
    Um abraço,
    José Manuel Correia

    ResponderEliminar
  18. Minha Senhora,

    Também eu tinha por Maria José Nogueira Pinto, o respeito que não consegui ter pelo dr. António Borges. O que não significa que faça parte dos muitos que se regozijaram com a sua morte.

    Quanto ao seu filho Miguel, penso, pelo que escreve, que morreu com a mesma dignidade com que sempre o vi em vida. Para escrever com toda a franqueza, digo-lhe, pedindo desculpa se pareço áspero, que me parece desajustado referi-lo nestas circunstâncias.

    Miguel Portas era um homem para quem a política não era uma alavanca para o sucesso. Pelo contrário, enquanto político, nunca deixou de parte a componente da nobreza que é (ou deveria ser) a essência da função quando exercida com integridade, a favor do País, logo do Povo.

    Que saudade!

    ResponderEliminar
  19. Helena,
    O Miguel é um ser humano de grande dignidade e manteve até ao momento em que partiu,mas não nos deixou.É sempre um gosto poder falar dele.
    Infelizmente A.Borges sempre praticou o motto I,me,myself e vai ser esquecido.
    Um abraço
    JM Correia

    ResponderEliminar
  20. Revejo de memória os políticos atuais de vários países e não vejo ninguém com uma imagem tão hierática, tão gélida, tão afastada da natureza e do humano, como a de A Borges. Tenebroso.

    Anestesiado desde sempre pelos seus milhares livres de impostos, ele sim transmitia desprezo pelos desfavorecidos, a quem os neoliberais consideram falhados, incompetentes, sabidos e pedinchões.

    Nem a doença lhe trouxe compaixão!

    ResponderEliminar
  21. a imagem que fica dele para quem não o conhece pessoalmente ou proximamente, ou profissionalmente, é o de um fundamentalista do neo liberalismo, dum ideólogo do regime, não é portanto uma imagem simpatica a que nos apareceu a dizer certas coisas, receitas economicas desumanas, etc, na televisão, para milhares é essa imagem que fica dele, era um homem frontal, dizia o que pensava, assim o elogiam comentadores, pois o mundo está cheio desses homens frontais que aplicaram as suas ideias, ou quiseram aplicar, muitas resultando em enormes desastres e sofrimento, outras no entanto boas, diga se, a imagem que me ficou de a borges não me é nada cara, digo o frontalmente

    ResponderEliminar
  22. Caros comentadores
    Repetindo o que disse noutro post, por aqui, os comentários sobre António Borges estão terminados.
    Existem outros blogues onde os mesmos serão bem vindos.

    ResponderEliminar