Existe hoje no nosso país aquilo a que eu chamo uma geração cheia de si. Explico melhor. A liberdade de imprensa com os seus colunistas fazedores de opinião e a televisão com os seus frente a frente de homens e mulheres saídos da política e pouco experientes dos corredores do dia a dia, acabaram por dar ao cidadão comum uma nova dimensão de conhecimento económico.
Na actualidade, qualquer um fala do spread com que paga a casa, das imparidades, da dívida pública, das valências, das maturidades, enfim, de tudo e mais alguma coisa, em que se tornaram subitamente especialistas, por mor, acredito, do que a comunicação social lhes transmite.
Claro que se lhes perguntarem como é obtido o dito spread, ou a diferença que existe entre as várias componentes da dívida, a coisa já se torna mais difícil...
Ultimamente tenho sido confrontada com debates televisivos de um nível que mete dó. Já não se trata da lenga-lenga dos políticos encartados. Com a crise teve que se descer de nível, e por isso o que temos são apenas aqueles que "acham" que sabem de tudo e se podem, por isso, arrogar o direito de considerar estúpidos os que têm a ousadia de confessar a sua ignorância sobre determinada matéria.
Na televisão há duas grandes áreas: a informação e o entretenimento. Qualquer delas, a meu ver, deveria merecer igual consideração. Até porque através desta última, considerada menor, se pode transmitir muito ingrediente que interessa à primeira, tida por maior.
Todavia, o crivo tem descido tanto que a informação dá vontade de rir e o entretenimento dá vontade de chorar. Ora é desta enorme confusão que nascem os tais "cheios de si" que se olham como únicos, insubstituíveis, e dão a impressão aos outros que se eles não existissem o país não sobreviveria. Ou melhor, reduzir-se-ia ao tamanho do seu umbigo...
Dão-me tanta vontade de rir, que quando os oiço não chego a perceber qual a área televisiva a que pertencem!
Nem sei a que título pagamos uma taxa...
ResponderEliminarAliás, salvo o MRS e o MST, não me interessa saber o que os outros pensam !
totalmente de acordo, por isso mesmo já quase não vejo tv, os debates e comentarios e comentadores repetem-se até ao infinito; por seu lado, a diversão, entretenimento, reduziu-se e chegou a um nivel lamentavel de falta de qualidade.
ResponderEliminare tanto que precisamos de bons programas de humor, variedades, teatro, documentários sobre vários temas, que nos distraiam de maneira saudavel!!
Tantos a falar e tão pouco se diz, mas, pelos vistos, têm audiências!
ResponderEliminarA conclusão é de que estão a contribuir para tapar a miséria em que se vive e a prepétuar a acultura...
Ensinaram-me que se viam os princípios pelos modos como se comia à mesa, e agora dou a presenciar que 90%, ou por aí, não o sabem fazer e é muito grave!
Onde se meteram os "princípios elementares da cultura"... não se tem tempo para educar ou até isso está a desaparecer???
Um feliz domingo de sol!
lb/zia
Ahahahahahahha lavou-me a alma D.Helena, eu, que pertenço á classe dos ugnorantes (aos olhos deles) alguem que facilmente se manipula. Eu, e volto a repetir e a assumir, que pertenço aos ignorantes que têm consciência que nada sabem, sei, que os cheios de si, sabem muito menos que eu. Lavou-me a alma... obrgada e um feliz domingo
ResponderEliminarOlá minha querida Drª Helena!
ResponderEliminar"Assino por baixo", tudo o que escreveu. E adorei o pensamento de Bertrand Russel.
Eu acrescentaria: "A ignorância é muito atrevida"; "O sábio quer aprender, o ignorante diz saber"; "não convence quem disser, prova apenas quem fizer".
Um Abraço e um bom domingo.
Maria (a sua seguidora intermitente)
Embora o palavreado oco e pomposo nos canse , sufoque e deforme assuntos importantes, podemos desligar a tv.
ResponderEliminarAlem disso, temos a internet que tambem pode servir para nos informar das aldrabices e trapalhadas que antigamente podiam ser escondidas e adulteradas durante decadas.
Precisamos de agir e bem pois temos dados mais que suficientes.
Falta-nos apenas coragem moral que o seu Miguel, por exemplo, tinha em doses cavalares.
Por isso tudo é que ando tão afastada da TV.
ResponderEliminarJá chega no dia-a-dia a quantidade de disparates que ouço à conta dos actuais "especialistas" em todas as matérias. E o problema é que se convencem que sabem mesmo de tudo!
Isabel BP
Sem dúvida. Exibem-se hoje em dia certezas de uma maneira muito arrogante e confundem-se as dúvidas com falta de personalidade. Grande post e frase, logo abaixo :)
ResponderEliminar(Tenho na manga um post que já tem título - em inglês - e tudo, sobre isto mesmo. Pego-lhe assim que tiver alguma inspiração e tempo.)
Parabéns. A senhora colocou em palavras o que sinto e penso. Abençoado dom da escrita com que foi agraciada.
ResponderEliminarAbraços, Maria Carvalho
Excepcional "carton"!
ResponderEliminarQualquer dia acontece- lhes como à rainha da Branca de Neve, um dia o espelho responde-lhes que já não são eles que sabem tudo e até tenha a coragem de lhes chamar patetas!
São pedantes enfáticos da lábia.
ResponderEliminarS. Salgueiro
Completamente de acordo.
ResponderEliminarFátima Freitas.
A citação de Bertrand Russell, define fielmente a situação e o estado a que isto chegou! Quando há uma crise económica, uma crise social anda sempre associada e "em casa de cegos, quem tem olho é rei!"
ResponderEliminarMomentos difíceis estes e assustadores!...
Uma óptima semana, querida Helena!
Subscrevo totalmente e só lamento que o governo não passe essa informação e ou alguém mandatado...e quando o fazem, que é tão raro...não dizem nada e quando dizem, nada se percebe, daí não ligar a televisão e já nem os ouvir.
ResponderEliminarDou-lhe dois exemplos demonstrativos do que acabou de dizer:
ResponderEliminar- Os comentadores do "Eixo do mal": o intuito inicial era o de ser um programa de entretenimento com umas larachas políticas aqui e ali. Actualmente, não passa de um painel de "tudólogos" que falam profusamente sobre economia e política em tom panfletário. Se eu quiser ter vergonha do meu país, é só ver aquela espécie de programa;
- Os comentários económicos do Miguel Sousa Tavares: custa acreditar que um profissional com a vasta experiência televisiva, se aventure a tecer os mais díspares disparates económicos que já ouvi na minha vida. Isto tudo, com aquele seu olhar e bafo de "bisonte" enraivecido.
Há mais...
ResponderEliminarSe Bertrand Russell (18 Maio 1872 – 2 Fevereiro 1970) escreveu aquilo na Grã-Bretanha do meio do século passado foi decerto porque as coisas já eram , porque sempre foram , assim .
Não me parece que estejam muito piores , há é muitíssimo (incomparávelmente) mais gente a ter acesso à informação e com capacidade de analisar e discernir , o que deveria levar a um aumento da exigência .
Mas não leva , os imediatismos imperam .
De resto já muito antes Thomas Jefferson (13 Abril1743 - 4 Julho 1826) tinha dito que “O homem que não lê nada é mais culto do que aquele que só lê os jornais” .
Mas precisamente porque as pessoas têem tanto acesso a toda a informação por outras vias é que cada vez menos percebo porque é que insistem em pespegar-se em frente aos televisores (masoquismo ?)ou a lerem só um jornal (normalmente o que escreve aquilo que gostam de ler).
Pela minha parte fez agora 19 anos que me deixei disso e não me parece que corra o risco de recaída nenhuma .
Acabo assim , já que estou com o balanço todo , a citar Groucho Marx
(2 Outubro 1890 – 19 Agosto 1977) :
"Eu devo dizer que acho a televisão muito educativa. No momento em que alguém a liga vou ler um livro."
Conselho sábio .
RuiMG
acabei, hoje, de mandar cortar a televisão por cabo,...já que não posso fazer mais nada, para acabar com o nível de indigência a que chegou a TV, deixo de pagar para ver lixo...
ResponderEliminarPois... Na linha do que pensa uma Lua em jeito de Bandida "de 'sabões' estão os media cheios"...
ResponderEliminarAssistimos, actualmente, nos nossos media, sejam eles audiovisuais, radiofónicos ou impressos, às 'sabonices' de uns quantos opinion makers (alguns surgidos sabe-se lá de onde e com que equivalências universitárias), outros bastardos da política, que parecem considerar este nosso Povo Luso como mentecapto, retardado ou seja lá o que for que signifique ignorante, na vã e óbvia tentativa de manipular a opinião pública, com os 'amens' dos patrocinadores informativos, mais apostados em 'shares' e sensacionalismo do que em, verdadeiramente, informar...
Nos meus tempos de estudante de Jornalismo, ainda a licenciatura não tinha alvará oficial, chama-se àquilo 'jornalismo amarelo', sensacionalista...
Acresce que alguns desses 'suprassumos da batateira' nem Português de Portugal sabem falar, com ou sem (de)acordos ortográficos...Veja-se o caso de um certo Senhor Professor profícuo comentador que, do alto da sua 'sapiência' proferiu um 'ele absteu-se' quando deveria ter afirmado 'ele absteve-se'... (esta nem a Santo Acordo Ortográfico 'alembraria', pensa uma Lua de que...)
Sendo certo que jamais esses ditos 'sabões-de-trazer-por-casa-mal-enjorcada' poderão representar esta gloriosa Nação com cerca de 900 anos de uma História recheada de valentia e coragem...
Isto dito: Portugueses acautelai a vossa sanidade mental e especializai-vos em 'zapping', audição selectiva e acuidade visual... ;)
Assinado: Lua em jeito de Bandida (de seu nome Zita Oliveira) :)
Minha querida Helena
ResponderEliminarGiro giro é vê-los sabiamente a falar de política e de economia e no dia seguinte, os mesmos, altamente especialistas em futebol.
A gente fica prostrada perante tanta polivalência.
Eu por mim, que Graças a Deus, sou normal, vou ali num instantinho ver a novela, tá?
Os textos são melhores e os actores são mesmo actores.E "estudaram" para isso.Oh oh!
Abracinho.