Há, de facto, idades específicas para quase tudo. Explico-me. Há idades para estudar, para aproveitarmos a juventude, para constituirmos família, para nos desfazermos dela, para sermos avós, enfim para se ser uma imensidão de coisas.
O problema surge, quase sempre, quando qualquer destas modalidades surge fora da época que lhe está destinada. Assim, ser pai no tempo dedicado à segunda metade da vida, nem sempre é decisão feliz. O mesmo para um divórcio quando as bodas de ouro foram celebradas.
Vem tudo isto a propósito do que tenho observado e até da minha própria experiência. O único "desatino" que ainda mantenho é a casa, inicialmente destinada a uma família de quatro elementos, que a foram sucessivamente deixando para constituir a sua própria vida. Um tempo houve em que os aposentos dos filhos viraram aposentos dos netos. Mas também estes começaram a crescer e eis que o meu mais velho, em vésperas dos seus dezanove anos decidiu, com dois amigos, estudar e trabalhar e alugar a sua própria residência. Admiro-o por isso, dado que fiz o mesmo quando tinha vinte anos. A diferença é que antes, foi um choque - menos para a minha mãe, que sempre viveu à frente do seu tempo - e hoje o André tem a compreensão de todos nós.
Aqui nos Açores tenho pensado bastante nisto. O meu filho Paulo é temperamentalmente igual ao Pai. E eu dou comigo a rir de gosto, porque volta não volta, revivo com ele situações típicas de um passado distante. O que prova bem que há também uma altura em que os filhos, casados, solteiros ou viúvos, devem viver na sua própria casa.
Em tempo de férias e no meu estado de espírito, a situação diverte-me. Mas será que eu e ele sentiríamos este prazer mútuo se vivêssemos sempre juntos? Duvido!
Todos os pais deviam pensar nisto a tempo, de modo a dar aos filhos as asas de que eles precisam para voarem sozinhos...
HSC
Cara Helena, muito embora isso possa passar despercebido a muitos pais, dar asas é uma das essenciais tarefas que todos têm em braços. A nossa vertente emocional acaba por não ajudar, e afasta-nos da perfeição animal, neste campo. Tenho pena que muitos não o percebam, ou que o façam tarde demais... Boas férias para si.
ResponderEliminarque engraçado falar de como deveriamos dar asas as filhos de forma a que eles voem e construam a sua própria vida, fiz isso e sinto me feliz uma vez que os três o fizeram contudo ainda encontro quem me diga que fiz mal, uma vez que fiquei só! helas! como é bom vê-los a fazerem o seu vôo, como eu o fiz numa altura em que fui vista como uma... .
ResponderEliminaré só pena que agora não haja grupos de pessoas com mais de 65 e que fizeram a mesma escolha.
feliz estadia com o seu filho nessas lindas terras. todo carinho e muita força!
lb
p.s. uma vez que essas paragens lhe podem trazer alguma nostalgia,que poderá ser dolorosa...
A 'libertação' atempada e adequadamente feita só traz benefícios.
ResponderEliminarCumprimentos
Boas férias Drª.Helena.
ResponderEliminarNão passa dia nenhum que não vá direitinha ao seu fio de prumo.
Tudo o que escreve me lava a alma.
Obrigada.
Foi o que eu disse no comentário anterior... se tivéssemos vividos sempre perto e convivido frequentemente talvez este reencontro, totalmente inesperado, nãao tivesse sido tão bom!
ResponderEliminarQuanto à relação pais e filhos, acredito que será a mesma coisa: chega um momento em que precisamos do nosso canto (falo enquanto filha, claro).
Eu tenho que ter em conta a sua própria esperiência e considero
ResponderEliminarque tem razão. Mas não há momentos
em que gostaria de ter mais gente
em casa? E as noites suporta-as bem
na solidão de estar só? Aliás, eu,
é o que mais temo.
Boas férias.
Bj.
Irene Alves
cheia de razão como "quase" sempre... 8-D
ResponderEliminarTambém estou sozinha há anos. Hoje juntámos-nos em casa de uma das filhas, portanto, eu, a minha mãe, duas filhas, dois genros, 4 netos, duas gatas e um cão minorca...ah e 3 tartarugas. Uma bagunça e alegria como sempre...e concordo consigo...nunca seria a mesma coisa de "vivêssemos sempre juntos" porque ganham-se outros hábitos e gosto tanto, mas tanto do meu sossego:)
ResponderEliminarContinuação desse merecido descanso e deixe p'ra lá "os papelitos dos seu filho"!
O que se aprende ou apreende quando se passa por este "fio de prumo". Distante fisicamente na bela ilha de S. Miguel, a nossa amiga Helena vai partilhando com os amigos ou leitores o que o ambiente lhe inspira nesses encontros consigo própria. Obrigado por conversares connosco por este meio em que a presença amiga se torna quase real. É tal sabedoria que não vem dos livros, resulta da experiência da vida e da reflexão sobre o que a vida nos proporcionou. A humildade com que se analisa o passado também ajuda...
ResponderEliminarJosé Honorato Ferreira
Que bela lição de sociologia! Estou de acordo com tudo o que diz. A todo o momento encontramos resultados dêsses êrros, que não actuaram no tempo certo. Boas férias, Dra. Helena.
ResponderEliminarCara Helena:
ResponderEliminarTambém o fiz aos vinte e um anos. Fui mal visto nessa época, apesar de ser rapaz, mas não me arrependo nada.
Hoje em dia custa-me ver filhos a viverem com os Pais aos 36 anos, ainda que isto esteja tudo muito difícil (€), mas não é justificação suficiente.
Continue a respirara o bom ar tranquilo dos Açores.
Raúl.
Muito boa mais esta sua crónica em viagem. De facto, há idade para todas as vivências. Os filhos deviam dar uso às suas asas assim que sentissem confiança para voar, pois só assim saberão conduzir o avião da vida!...
ResponderEliminarContinuação de boas férias e estou a adorar essas férias,mesmo virtualmente.
Um beijinho
maria eduardo