Há domingos pesados. Daqueles em que, parece, só temos obrigações. Aconteceu isso comigo este fim de semana. Acordei com pena de mim, o que felizmente é raro. Mas quando acontece, nada me salva de me fechar no meu canto, pôr boa música e não atender telefones. Como um caracol que se fecha na sua concha.De repente, sem aviso prévio, dei-me conta que os filhos eram cada vez menos meus, que aquilo que os tornava felizes não me dava alegria, que um dos netos fizera 18 anos e atingira a maioridade e que, finalmente, tinha de tomar decisões que me protegessem desta nova realidade. A qual, afinal, era apenas ter filhos que tinham uma vida para viver e que o que mais precisavam era ter-me como o "back office" para tudo o que nela pudesse correr menos bem.
A verdade é que as mães não deixam, nunca, de o ser. E de antever, sempre, preocupações futuras. Julgo que acontece a todas. Esta semana deu-se comigo.
Talvez para me relembrar que sou completamente normal...
HSC
Podiam ser minhas estas palavras! Também eu tenho dias e madrugadas assim! Os meus são mais novos mas, das asas que cresceram e os fizeram voar, só restam umas plúmulas junto a mim para que não me esqueça de pensar neles em todos os minutos do meu dia.
ResponderEliminarai este cordão tão forte e tão intenso que nos faz viver a vida deles fazendo de conta que vivemos a nossa!
Gosto de si e do seu blogue.
Eulália
Até nisto temos a mania de ir contra a Natureza...
ResponderEliminarHelena,
ResponderEliminarOu isso no blogue é um new look muito avant-garde ou a formatação está um pouco desfigurada.
Mas deu para ler.
E quero dizer-lhe que, ao ler a notícia no Expresso sobre o seu filho, pensei 'a Helena deve estar toda orgulhosa'.
Tenho discordado muito e muitas vezes dele mas reconheço-lhe muitas qualidades e acho que, como mãe, tem todas as razões para se sentir orgulhosa e feliz por ele.
Mas digo-lhe que, se fosse com um filho meu, eu também andaria sempre preocupada, com a exposição a que a actividade dele(s) obriga, com receio que dissessem mal dele(s) e o(s) magoasse(m), com o não descansar(em) como deve ser, com medo que não tivesse(m) tempo para se preparar(em) bem, etc. É que consigo ainda por cima é uma ralação a dobrar.
Percebo muito bem o que é ver a vida a passar e cada um a organizar-se para seu lado. Mas é isto mesmo. Cabe-nos a nós ter autonomia a todos os níveis, termos a nossa própria vida e vivê-la muito bem, com energia e alegria e disponibilidade para os apoiar em tudo o que precisarem.
(Helena, se achar que este comentário é demasiado pessoal, não publique, está bem? Esteja à vontade, percebê-la-ei lindamente)
Pois, ser mãe e a antevisão das preocupações futuras. Nada a fazer, é assim mesmo.
ResponderEliminarCara Helena,
ResponderEliminarMeu Deus, fez-me lembrar a sua primeira presença no Eterno Feminino, em que falava do síndrome do ninho vazio. Das vantagens e desvantagens, e de tudo o resto...
Maus presságios são sempre proeminições que devemos ouvir, sobretudo se vêm do nosso coração !!!
ResponderEliminarIsso já aconteceu comigo e tenho 2 filhos de 35 e 34 anos, que querem viver a vida deles...
ResponderEliminareu também já decidi viver a minha...
bj
Cara Helena,
ResponderEliminarNão se preocupe é só mais uma nostalgia de domingo.
Como eu a comprendo. E como o seu belo texto é o que todas as Mães sentem.
Só não tenho netos nessa "maiorida-de".(e ainda bem,por enquanto as preocupações são outras, a sua minoridade e gargalhadas dão-me alento).
Os filhos crescem, ganham asas e voam, mas contam sempre com o ninho, muitas vezes para os porem de novo no ar, e, temos de estar no nosso posto, pois os seus voos não estão faceis.
Mas, e os nossos? Tambem não foram fáceis, lutámos subimos, mantivémo-nos no ar muitas vezes sózinhas. mas os tempos eram outros.
Mais uma vez, não pensando: e nós?
vamos dando graças a Deus por nos ter deixado vê-los crescer pela nossa mão.
Mãe sofre...mas o que sofrerá uma mulher que nunca foi mãe? Não quero imaginar...
ResponderEliminarTudo de bom para si.
Bem haja por ser como é. :)
OLA LINDA E RADIANTE SENHORA BOM DIA,
ResponderEliminarAgora de regresso a Lisboa e com esta caixa magica a funcionar devidamente, aqui estou eu finalmente a enviar-lhe os meus sinceros PARABENS pela linda pessoa que é .
Ao longo de muitas décadas (pois sou uma rapariga da mesma colheita -62 anos – será???) tenho-me deliciado com a verdade e a alegria com que escreve e fala. OBRIGADA
Os dias de Inverno acontecem a todos nós e depois desse domingo que fala, o sol já voltou a brilhar e mais radioso que nunca…. Verdade.
Aqui vai um lindo poema ….. (em brasileiro ), que me ensinou “ a vida empresta-nos os filhos” e eu como mãe de 3 espectaculares crias, aprendi a muitos anos essa bela e útil lição.
Com todo o respeito “Gosto de ti” CILA
Os Filhos
(Do Livro "O Profeta " KAHLIL GIBRAN)
Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou:
Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis dar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na direcção do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projectem rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.
Querida Helena,
ResponderEliminarComo eu a entendo.
Como entendo estas mães e avós que afinal acabam por ser o espelho dos nossos receios, das nossas preocupações. Acabamos por perceber que a vida é mesmo assim e que as vivências - alegrias e angústias - se repetem geração após geração.
Beijinhos grandes
Eu sei que o tema é outro mas a FOTOGRAFIA SÉPIA ficou, persiste em mim e traz passado, aquele passado de velhos álbuns de cantinhos prateados e folhas de véu de noiva ou das caixas de lata com um cheiro único,onde se acumulam memórias das mesmas praias, só nós mudámos...
ResponderEliminarArriscaria anos 30/40, eles de camiseta "interloc" de cavas, elas ousando uns fatos de banho com uma composta saínha, murinho visual para os mais atrevidos. Nenhum deles deixava no entanto de apreciar "uma perna bem torneada" garante a minha mãe.
Ia-se à praia em grupos. Saía-se de casa cedo, várias carroças para quem não tinha automóvel,petiscos vários para depois daquele atrevido banho colectivo e quantas vezes o calor e o mar e o corpo descoberto não decidiam escolhas e namoros futuros.
Fundamental era mesmo a fotografis. Alguém levava a "Kodak" e eram domingos quase perfeitos.
Com uma excepção de relevo. Pobres crianças da altura. Poucas se livravam do "saudável" mergulho imposto pelos crescidos, barbárie que afastava tantos do gosto pela praia enquanto pequenos...
Quem não tem fotografias destas em casa? A mim encantam-me.
Contam tantas e tantas histórias do antes, caminhos para chegar a nós que tão diferentes somos.
Apenas o mar é o mesmo...e será.
Estimada Helena,
ResponderEliminarNão pergunte como mas li este seu texto e percebi-o como se fosse meu. Não posso falar-lhe como mãe, que não sou, mas posso falar-lhe como filha. Desde cedo quis sair de casa apesar de estar muito bem dentro dela. Com 18 anos fui estudar para fora e provei a todos e a mim mesma que conseguia tomar conta de mim. Desde esse momento a sensação de poder do "não preciso de ninguém" fez-me hinchar de orgulho. Hoje, olho para atrás e sinto que devia ter deixado que cuidassem de mim mais tempo...
Com tudo isto o que lhe quero dizer é que uma mãe faz sempre falta. Muitas vezes os filhos não o manifestamos, tentamos mostrar que somos fortes mas, falo por mim, nos momentos mais difíceis ou de maior debilidade o primeiro pensamento vai sempre para o conforto da mãe quer seja pela necessidade do seu abraço, das suas palavras, quer seja pela sorte de sentir que ainda temos mãe (mesmo que fisicamente não estejamos juntas). Ter uma mãe é ter um amparo e todo o ser humano precisa de essa salvaguarda, mesmo que não se aperceba disso.
O seu papel será sempre importante na vida dos seus filhos nem que seja só pelo facto de eles saberem que a Helena está "aí".
Um beijinho,
Mariana