sábado, 4 de dezembro de 2010

Dos homens e dos deuses

Eu não queria ir ver o filme. Em Dezembro nunca ando feliz e adivinhava que o tema me não contemplaria sorrisos. Mas fui, atendendo às solicitações familiares.
O caso relatado é verídico e passou-se em 1996. Portanto, há uma dezena e meia de anos. Arrepia só de pensar nisso.
Trata-se do quotidiano de sete monges da Ordem Cistercience da Estrita Observância que serão raptados e mortos em Tibhirine, uma aldeia da região do Magrebe argelino. A fita relata a sua vida "antes" desse rapto. Além da vivência duma fé há um outro retrato, absolutamente irrepreensível, do que pode ser o despojamento humano.
O meu sentir, a minha visão, a minha comoção como católica é, certamente, diferente da ótica que um ateu terá. Ainda bem. Porque se ali está a imagem da força dos que crêm, está, também, igualmente vivida, a dúvida, o medo, a incerteza daqueles que, um dia, decidiram "acreditar". E está a estupidez da guerra, a sua violência, a sua barbarie. Sobretudo quando essa guerra é basicamente uma questão de poder.
Trata-se de uma película lindíssima. Muito dura. Não será para se ver no estado de espírito que é o meu neste último mês do ano. Mas é indispensável vê-la seja qual for a posição religiosa que se tenha ou até não se tenha. Porque é um necessário murro no estômago!

HSC

2 comentários:

  1. Dezembro também é sempre para mim um mês complicado, devia chegar ao fim mais depressa que os outros meses.
    Esse filme obriga-nos a fazer uma coisa que muitos de nós não fazemos habitualmente. Parar para pensar.
    Por vezes só se pára para pensar...quando se leva um murro no estômago.

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  2. Obrigada pela sugestão, Helena.
    tenho uma tremenda admiração pela ordem de Cister. Pelo seu passado e pelo seu presente (ou não tivesse vivido 21 anos mergulhada em simbologia cisterciense, residindo em Alcobaça).

    A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre edita, anualmente, um documento sobre a perseguição da(s) Igreja(S)no Mundo! E arrepia pensar que, ainda hoje, haja quem possa ser tão barbaramente perseguido pela sua relação com uma divindade!

    Um abraço

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