As agências de rating, que nasceram para analisar a qualidade da economia dos países e, consequentemente, a nossa capacidade de pagar os compromissos externos, decidiram punir três países ao mesmo tempo. Os helenos passaram para o escalão BB+, que roça o que se chama em gíria económica de lixo, os portugueses desceram dois escalões e estão agora no A-, e os espanhóis estão na posição A.
Embora "com o mal dos outros todos nós possamos bem", aqui a asserção não é válida, porque o mal dos outros não só nos contagia, como nos fecha mercados essenciais. A nova classificação de Portugal, a mais baixa de sempre, coloca-nos como o segundo país mais arriscado da Zona Euro. E, dado que desde que o PEC foi aprovado em Bruxelas decorreram apenas alguns dias e nada de especial se passou na economia nacional, este trambolhão só pode ser consequência de movimentos especulativos que nos estão a atirar para um beco de saída muito estreita, que vai tornar necessárias medidas ainda mais restritivas.
Volto aqui a perguntar porque é que se não faz um empréstimo nacional interno, excepcional, devidamente garantido - para que se não mudem a meio as condições de subscrição, como aconteceu com os Certificados de Aforro -, que mobilize as poupanças nacionais e evite a escalada de juros de que estamos a ser alvo? Por muito pouco que conseguíssemos, essa prova de solidariedade serviria de estímulo e de poupança, porque os juros pagos seriam sempre inferiores ao que nos estão a cobrar lá fora.
Que medo é este? Medo de sermos comparados a Sarkozy? Porquê? Porque é de direita? Mas o que é este governo? De esquerda? Alguém acredita nisso? Medo de quê, afinal?
HSC
A proposta que aqui faz, cara Helena, de um empréstimo nacional interno, é, teoricamente, interessante. Mas, se os meus parcos conhecimentos económicos me dizem, tal implicaria, por exemplo, como alguns arautos em certa imprensa o terão defendido, que víssemos os nossos 13º meses (e se calhar os subsídios de Natal, lá mais para diante) retidos como Certificados de Aforro, etc. Ora, numa altura em que se não irá registar, e compreensivelmente, aumentos salariais (na Função Pública), até 2013, segundo creio, em que muitas famílias têm pelo menos um seu elemento no desemprego, ficar sem essa quantia extra, seria quase como amputar um membro ao corpo de alguém. É que a tal solidariedade dificilmente seria solicitada aos gestores públicos e seus salários e prémios, aos deputados, aos gestores e administradores de grandes empresas privadas, a quem está à frente de determinadas instituições do Estado (como, por exemplo, no Banco de Portugal, entre outras), aos nossos amigos banqueiros, etc, etc e tal. Estou inteiramente de acordo que se exijam e façam sacrifícios, mas na proporção de cada vencimento, cada salário e se obrigue que mais tem a pagar mais e quem menos tem a pagar menos. Não vi, nem ouvi, ou mesmo li, de ninguém, quer nos círculos bem pensantes da política e da imprensa, por exemplo, propor igualmente aquilo que defendo já há algum tempo, um política fiscal, paralela a outras medidas de emergência, mais justa, que vá buscar mais IRS a quem mais ganha (e não passar de 42% para 45%, mas para 65%, por exemplo, como sucede noutros países da União Europeia), que aumente razoavelmente o IRC da Banca privada (medida esta aliás que, segundo ouvi um dia destes num telejornal qualquer, estará a ser considerada pela Comissão Europeia, porque, em sua, dela C.E., opinião “no fim de contas teria sido em boa parte por causa da Banca privada que se chegou a onde nos encontramos, em crise económico-financeira grave”), que crie incentivos (fiscais e de apoio) à importação, que obrigue a CGD a baixar os juros de empréstimo, designadamente junto das empresas com capacidade de vingarem, que obrigue a GALP, por exemplo, a praticar preços dos combustíveis ás empresas industriais e agrícolas, com vista a baixar parcialmente os seus custos de produção (naturalmente que as pessoas singulares ficariam de fora destes descontos), e por aí. Só depois disto ter sido posto em prática, se poderia avançar no tal empréstimo nacional interno e mesmo assim, alguns segmentos da população activa deveriam ficar de fora, tendo em conta os seus miseráveis salários. O que me espanta em muito do que se tem dito é a total ausência de solidariedade por quem tem menos e vive pior, e total protecção dos interesses de quem tem mais tem. Isto que aqui digo nada tem de esquerda, recuso terminantemente essa estúpida dicotomia que já deveria, em pleno Século XXI, ter desaparecido, é tão só uma questão de justiça (social), de democracia e, acima de tudo, de Decência Moral! Que neste país não existe.
ResponderEliminarP.Rufino
Helena
ResponderEliminarOntem foi esse o meu tema de conversa com um jovem bancário de ISE para ISCTE. Resposta do jovem: os bancos não querem porque era desviar poupança que mais a mais se melhor remunerada obrigava a mais baixas taxas de remuneração.
Face a isto e ao início de uma análise às despesas dos serviços integrados por classificação orgânica que lhe deixo aqui,
1. COMO POUPAR SÓ COM OS ENCARGOS GERAIS DO ESTADO E A PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS 211 MILHÕES DE €
As despesas do Estado por classificação orgânica permitem inferir como poupar:
* a AR representa cerca de 100 M€, representando assim para o Estado qualquer coisa como 435 mil euros por deputado. Diminuindo os deputados de 230 para 130, poupar-se-ia só aqui cerca de 43 M€.
* os 17 M€ da PR poderiam facilmente, a bem do apregoado bem da nação, comprimir-se para 7M€, o que representaria mais uma poupança de 10M€.
* a extinção do Tribunal Constitucional, com passagem desta função para os Tribunais comuns, pouparia mais 6M€.
* no TC não se pouparia mais um tostão, dado que a sua manutenção promove pelo menos a travagem da despesa.
* O Gabinete do Representante da República na RAAçores significa 360M€; o da Madeira 204M€, factualmente quase o dobro.
* A administração local representa um custo de 2490M€. Partindo do pressuposto que a população das Regiões autónomas representam 5% do total da população do continente e ilhas, facilmente se percebe que a regionalização das ilhas sai cara, dado que 5% da verba para toda a administração representaria por alto cerca de 125M€, muito longe dos 560M€ atribuídos às regiões.
* Dos gabinetes dos senhores ministros retirava-lhes, dos cerca de 12M€, uns 2M€ a título de solidariedade com os desempregados e os reformados.
* Os serviços de apoio e coordenação, órgãos consultivos e outras entidades da PCMinistros, cerca de 167M€, poupava-os quase na íntegra, para cima de 150M€, dado representarem o maior escândalo da vida política e um atentado ao povo soberano. Apoio e consulta voltava para os órgãos da administração pública e acabava-se com o Estado dentro do Estado.(A Continuar e a transportar): 221M€ de poupança
...temos todos de ponderar o nosso visto para terras de Samba. Eu por mim já não aguento tanta ganância e incompetência.
Caros P.Rufino e Causa Vossa
ResponderEliminarO empréstimo não nos retiraria nada. Nem Natal nem férias. Nem seria obrigatório.
Haveria uma emissão de dívida pública interna - assegurada por garantias do Estado, sem possibilidade de alterações contratuais - a dois anos e remunerada a taxa inferir à praticada na dívida externa para o mesmo prazo.
Os bancos certamente não gostaria. Mas com o desgosto dos nancos podemos nós bem...
Só subscreveria quem quizesse. E seria reembolsável na sua matuiridade. Tenho a certeza que muita gente aderiria. Porque a taxa seria superior à de um depósito a prazo e inferior à que estamos a pagar aos bancos estrangeiros.
Sarkozy fê-lo e ganhou. E já antes a França o fizera com bom resultado!
Caros comentadores, desculpem os erros de português do post anterior. Escrevi à pressa. Aliás penso mais rápido do que escrevo...
ResponderEliminarLi, de novo o que comentaram. Tenho receio de me não ter feito entender. Estou a falar de um "empréstimo excepcional à nação", com garantias do Estado Português e de entidades idóneas supra nacionais, com condições inalteráveis até ao vencimento do empréstimo, a uma taxa que fosse a média entre a de um deposito a prazo e a de um empréstimo exterior com a mesma duração, transmissível sem penalização aos herdeiros em caso de morte e com pagamento de juros semestrais. Poupar-se-ia a dois níveis: estimulando a poupança e evitando a saída de dinheiro.
Claro que concordo com o aumento de impostos para os senhores que ganham mais, mas estes, quando apertados fogem para o estrangeiro e levam consigo saber e dinheiro. Deslocalizam-se, como fazem as empresas...
E, já agora, esclareço que faço parte de um grupo de cerca de 90 empregados do Banco de Portugal que, por não terem sido "reclassificados" à saída, viram a sua pensão de reforma reduzida drasticamente. Ou seja, o que recebo hoje é cerca de metade do que receberia se tivesse havido essa reclassificação e mais baixo do que a pensão equivalente na função pública. Mas como somos poucos, ninguém dá por isso.
E, ao contrário, como não ando a queixar-me, julgam que eu tenho uma choruda reforma. Quem ma dera. Faria dela bom uso, garanto-lhe P. Rufino
Estimada Helena e Causa Vossa,
ResponderEliminar1. Dada a explicação de HSC, então estaria disponível a aderir;
2. Quanto ao que Causa Vossa diz, subscrevo Inteiramente! (Vamos nisso?)
P.Rufino
Não sei, sei que somos um país de medos, de "cobardices" miudinhas, de gente que se encosta. Nos meus trintas anos de vida, e desde que aqui cheguei a este país, que sempre e só tenho conhecido a bem gasta cantiga do déficit, da crise, do aperta o cinto, do país cronicamente doente financeiramente que tem uma agricultura de rastos, uma indústria definhante, e índices de corrupção inata e congénita que de tão escandalosos passaram a naturais. De todo, não sei do que estamos à espera.
ResponderEliminarJulgo que não é preciso inventar nada bastando que o Estado volte a remunerar os certificados de aforro com metade da taxa que vai pagar ao exterior.
ResponderEliminarJá se perguntaram por que razão apareceu uma luminária que estoirou com os CA como instrumento de poupança? Já foram ver onde anda o iluminado que proporcionou o maior benefício que a banca teve no último meio século com os milhões (repito milhões) que estupidamente se foram entregar aos bancos para receberem mais umas migalhas?
Mal por mal mantenho e continuo a comprar CA ajudando o Estado a apoiar quem nada ou muito pouco tem. Os bancos actuais são anti-sociais. Esgotam o rendimento nacional em benefício de muito poucos (accionista e novos negreiros).
O Estado deve aumentar a taxa de juro dos CA e assim fazer regressar milhões de poupança que por aí andam a proporcionar lucros obscenos à banca. Assim, esta aprenderá de repente a ter boas maneiras e a ser séria e digna de confiança o que a todos beneficiará e permitirá respirar melhor a gente de bem que ainda é maioritária apesar dos exemplos degradantes que temos às mãos cheias.
João Mendes