Fui educada, a par de tantas mulheres da minha geração, a esconder a dor, como se esta fosse um labéu que se não mostra a ninguém. Já adulta, compreendi que a dor tem de ser chorada e, sempre que possível, partilhada. Mas levei muito tempo a ter a simplicidade de falar dela sem vergonhas. Felizmente essa fase está ultrapassada e eu não tenho que ser a mulher forte que todos esperam que eu seja. A minha única obrigação é a de ser eu própria. Forte ou fraca, dependendo das circunstancias e das minhas capacidades. Nada mais.
Tive, ao longo da vida, algumas grandes dores. Daquelas em que as lágrimas só começam a cair quando as julgamos curadas. Ultrapassei-as. Mas sei, agora, que a dor que mais mói não é a física. É a da alma. Aquela perante a qual nos sentimos impotentes. Aquela que nem sempre o tempo cura. Aquela que o tempo apenas transforma.
HSC
...não que me conforte a conclusão, apenas me apraz a sintonia.
ResponderEliminarTantas vezes esgrimiu as armas límpidas e solares contra os esvoaçantes mantos soturnos que tendo a apontar, e tantas outras cedi a essa razão positivista.
Mas sabíamos (ambas, a par do mundo sensível) que o abismo lateja calado. A tal mágoa tantas vezes indizível.
Se for apenas espinho temporário, se for prova, desafio, jogo cósmico, felizes seremos.
Felizes somos, em capítulos iridescentes.
O tempo...; não se diz que é relativo?
Como tudo, afinal?
Provando-me a sibila que não sou, sinto antecipadamente que a próxima é 'prova superada'.
Ergo taças, acendo círios, entoo cânticos para evocar as forças sorridentes.
As que importam.
Abreijos, também.
Não sou poeta, mas A Dor inspira-nos, inspira, tantas vezes a vida, ninguém passa por ela incólume, pena que a alguns de nós ela, transforme para pior, não é suposto, a dor deve, se este verbo fizer sentido, quando se fala de dor, ter um efeito "estrume" que prepara a nossa vida para florir. Sempre achei, nos grandes momentos de dor, que se os ultrapassasse, ficaria uma pessoa melhor, maior. Assalta-me às vezes a duvida, se esta nossa mania de pensar que a dor é necessária, de que é melhor o que é mais sofrido, não será fruto da nossa religião cristã...depois, concluo que somos humanos mais completos, a dor humaniza-nos porque sentimos como e quanto precisamos dos outros. A dor se for como o estrume, não passa transforma-se, se tivermos sorte em campos floridos...
ResponderEliminarTenho aprendido como é dificil superar a dor da alma.Luto com esta dor todos os dias.Parecem infindavél,dói, corrói e as vezes ...E as vezes....è melhor tentar esquecê-la.Se faz bem? não sei.Também apesar de nova, aprendi a sufocar meus sentimentos,minha dor...Um erro, que sofro por tê-lo entranhado em mim.Que me leva a mais baixo dos abismos.Infelicitude da vida,ja até pensei.Ou medo de ser feliz.Demonstrar o que sinto, o que vivo.Se demonstrase acho que serei como aqueles banhos num calor insuportavel.Alivio , refligerio para a alma.Novo fôlego de vida.Ainda não me disseste , como posso ser feliz...CRIS
ResponderEliminarA dor maior nunca é a nossa. É a que temos pelo sofrimento dos nossos, aos quais não podemos substituir-nos.
ResponderEliminarSempre que sofri dores grandes, foi pelas dores dos outros. Em particular pela minha saudosa mãe.
As outras dores, as nossas, as pessoais, essas são mais ou menos controláveis. Sobretudo, no meu caso, que sou pragmática e me debruço pouco no que já passou.
Mas ser impotente face à dor dos outros, daqueles que amamos, isso sim, chega a paralizar-me. E aí vou buscar forças não sei onde. Mas vou!
Mas esqueci o essencial. É que o amor vence sempre qualquer dor.
ResponderEliminarNão me falte esse e eu enfrento a outra. Felizmente para mim é com ele que conto!
Como eu entendo bem essa sua mensagem e veio numa época da minha vida bem conveniente.Eu sou a Carla Xavier Ferreira, sobrinha do Dr. Joaquim Xavier Ferreira seu colega de faculdade. Na semana passada perdemos alguem que amamos muito. A minha tia Lourdes, irmã de meu tio, que me criou junto com minha mãe e tia Teresa. Tal como meu tio é tamb+em meu padrinho minha tia Lourdes era alem de uma segunda mãe minha madrinha.
ResponderEliminarSobre o que escreveu da dor de tentarmos ser fortes, fui educada nesses preâmbulos também, Contudo aprendi o mesmo que aprendeu.. nao termos vergonha de demonstrar as nossas fraquezas, por isso faço o por norma por escrita.
Revi tudo que escreveu como se tivesse saido de minha lama sua mensagem. Verifico que há quem entenda a dor que passo actualmente. Mas aqui em casa continuo a tentar fazer me de forte porque não quero que minha tia Teresa sucumba a dor e tristeza, tem já uma idade muito avançada e era muito unha com carne da Tia lula e perde-la por desgosto eu não iria conseguir suportar outra perda tão prontamente visto não estar a conseguir suportar esta tão recente...uma dor aliada e que aumentou a que já sentia da perda de minha mãe, também irma de meu tio que está aí em Lisboa.
Bem haja haverem pessoas como a Helena Sacadura Cabral neste país.. a minha fé que neste momento está um pouco abalada devido aos últimos acontecimentos vai se mantendo devido a existência de pessoas como a Senhora. e sobre impotência.. como conheço tão bem essa horrível sensação :(
abraço fraterno
Carla Xavier Ferreira
"[...]Daquelas em que as lágrimas só começam a cair quando as julgamos curadas."
ResponderEliminarChère Helena,
Comentar depois de Maggie e de Carolina é exercicio dificil! não sou poeta nem sei escrever... Mas sinto-me irmã quando fala de amor, da dor, da vida.
Temos percursos paralelos e uma multitude de afinidades. Gosto muito de a ler.
Bien à vous Madame!
Penalizo-me sempre quando não passo por aqui...
ResponderEliminarmas o relativismo do meu tempo ás vezes só me permite encetar pelo duas ou três coisas, criativemo-nos e confesso a Senhora exige mais de mim, não me pergunte o quê...
Como na inexplicabilidade inerente à força da existência da dor ...
"Puede ser que la respuesta
Sea no preguntarse porque"
(Fito y los Fitipaldi)
"É na Dor que sentimos a verdadeira consciência de Nós em pedido Mudo ao Outro anuindo o Seu Verdadeiro Valor O existir Connosco"...
Mas adorei os três poemas em estilo literário de formato na mancha gráfica de prosa... para mim Poesia pura ... Que lindo
Minhas Senhoras permitam-me que lhes tire o Chapéu
Prémios poesia despretensiosa 1º de Maio...
Doutoramento honoris causa
1º Doutora Helena(Mote fio de prumo)
2º Doutora Margarida(Criativemo-nos,no Fio de Prumo)
3º Doutora Carolina(Revelação no fio de prumo)
Não se inibam sei que deveriam ser atribuidos por alguém com curriculum importante, mas é o que se pode arranjar...
Olhem pelo menos adorei sinceramente,simplesmente sensibilizaram-me e seduziram-me...
Viva o 1º de Maio
A Mulheres trabalhadoras, Homens também...
Isabel Seixas
"Guernica" para ilustrar a dor. Perfeito!
ResponderEliminarA dor permite-nos saber apreciar melhor os momentos de alegria e serenidade.
L.B
Olá cara Helena,
ResponderEliminarFico deliciado com as suas palavras. Aliás o amor, a compaixão, a dor e o sofrimento são cúmplices para muitos de nós, pelo menos para os que sentem como eu e provavelmente como a senhora.
Escrevo poesia e prosa poética e entendo perfeitamente o que a Helena escreve...mais que entender sinto-o e por vezes de forma arrebatadora!! É com amor que escrevo e é esse sentimento, que dificilmente o conseguirei alguma vez definir, que me faz viver e alimenta a minha alma!
Um grande bem haja para a senhora!
José Guerra
A dor é difícil de explicar porque é um sentimento. Tive várias, daquelas que se atenuam com o Tempo, mas que nunca passam; se não me revisitam na vigília, fazem-no pelo sonho durante o sono. Realmente, tal como a Helenas diz, é aquela dor "que o Tempo apenas transforma". Mas, mesmo com Ela, agradeço o facto de estar vivo!
ResponderEliminarRaúl.
Cara Helena,
ResponderEliminarComo eu a entendo a um mês de ter perdido a minha querida mãe.
As dores curam-se com o tempo, mas a saudade fica abraçada à eternidade.
Um grande beijinho para si e como já é Dia da Mãe, desejo-lhe um Feliz Dia com todo o amor que merece.
"Mas eu sei, que eles sabem" dar-lho.
Um grande beijinho.
há um dia em que a alma nos rebenta na mão... com dor e risos...
ResponderEliminarbom dia da mãe e avó. gostei muito da entrevista na tVI24 mto diplomatica:)
Sinto dor quando vejo alguém próximo em sofrimento e não me dão possibilidade de ajudar. Dor na impotência. Como muito bem diz, com a nossa podemos nós bem; com a dos nossos, agonizamos, estremecemos, circulamos em aspiral em profundo desespero. E em silêncio sonoro, dói muito mais.
ResponderEliminarBeijinhos,
paulo
peço desculpa por erros cometidos aquando do meu comentário acima e corrijo sobretudo:
ResponderEliminar"Revi tudo que escreveu como se tivesse saido de minha lama "... queira dizer ALMA e não o que ficou escrito
Porque na dor também se "mergulha" :
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=eKVCov-XFXw
Estou de acordo com HSC. Não nos devemos envergonhar de manifestar dor. Eu próprio, aqui neste Blogue, em tempos, ao recordar-me do falecimento de um amigo meu, após um combate inglório contra uma “doença invencível”, não tive pruridos em revelar a mágoa que então senti. Ainda hoje me recordo quando um dia, ainda adolescente, vi meu pai de costas, a olhar pela janela, na sala de estar, de pé, em silêncio e quando lhe perguntei o que ali fazia assim há tanto tempo, se ter voltado para mim, com lágrimas no rosto e dizer mansinho: “choro a morte de teu avô e meu saudoso Pai! Sinto neste momento uma enorme saudade dele, por isso aqui estou assim, a chorar de tristeza. Vem cá”. E ali estive encostado a ele, durante algum tempo, a tentar perceber o que acabara de ouvir e a fazer-lhe companhia. A consola-lo.
ResponderEliminarP.Rufino
Sinto-o como se tivesse sido eu a escreve-lo...
ResponderEliminarBjinho
"Sua palavra é Boa Nova - Aleluia.
ResponderEliminarSua palavra é Notícia - Aleluia"